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Durante quase duas décadas, a Scotland Yard — como é conhecida a polícia de Londres — empregou um dos piores predatores sexuais da história do Reino Unido. David Carrick foi condenado nesta terça-feira (7) à prisão perpétua por dezenas de estupros pelos quais deverá cumprir mais de 30 anos de detenção.
“Você se aproveitou de forma monstruosa de mulheres”, declarou a juíza Bobbie Cheema-Grubb antes de anunciar a pena. “Você se comportou como se fosse intocável”, reiterou a magistrada, lembrando que Carrick, de 48 anos, entrou para a polícia londrina em 2001, o que lhe deu “uma posição única com poderes excepcionais de coerção e controle”.
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Considerado como um dos piores predatores sexuais da história do Reino Unido, Carrick manteve a cabeça baixa durante a leitura da sentença. Ele admitiu 24 acusações de estupro contra 12 mulheres entre 2003 e 2020, além de acusações de agressões e detenções ilegais.
Carrick não poderá solicitar liberdade condicional antes de cumprir 30 anos e 239 dias de reclusão. Para a juíza, esse foi “um declínio imenso para um homem responsável por defender a lei”. O ex-policial também chegou a fazer parte de uma unidade de elite da Scotland Yard, encarregada da proteção do Parlamento britânico e de representações diplomáticas.
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A polícia teve nove oportunidades de prender o estuprador que agiu durante 17 anos. Ele finalmente foi detido em outubro de 2021 por uma primeira acusação. Nos meses seguintes, várias outras vítimas se manifestaram.
Agressões sistemáticas
Durante as audiências, a promotoria fez um discurso aterrador sobre as agressões “sistemáticas” protagonizadas pelo ex-policial, a partir dos relatos de mulheres que “não confiam mais na polícia”. Carrick usava sua posição para ganhar confiança das vítimas, algumas delas estupradas durante meses ou anos.
Uma das mulheres contou que conheceu Carrick em um bar em 2003, que garantiu que, por ser policial, ela estaria segura com ele. Ela foi estuprada repetidamente, com uma arma apontada para a cabeça.
Outra vítima, que o ex-policial conheceu em um site de namoro, o descreveu como um “monstro” quando estava bêbado, que a obrigava a fazer tarefas domésticas nua. Uma terceira relatou que ele a agredia com um chicote, assobiava para ela como um cachorro e a tratava como um objeto que “pertencia a ele e devia obedecê-lo”.
Ele chamava suas vítimas de “escravas”, controlava a vida financeira delas e as isolava das pessoas próximas. Algumas delas eram trancadas em um armário embaixo da escada da casa de Carrick durante horas.
“Ele gostava de humilhá-las e usava sua posição profissional para deixar claro para elas que era inútil procurar ajuda porque ninguém acreditaria nelas”, afirmou o inspetor-chefe da polícia, Iain Moor.
Onda de choque
A revelação dos crimes cometidos por Carrick suscitou uma onda de choque no Reino Unido, dois anos após o assassinato da executiva londrina Sarah Everard, de 33 anos, também por um policial que foi condenado à prisão perpétua. O caso abalou seriamente a confiança na polícia britânica.
A Scotland Yard pediu desculpas públicas. “Ele nunca deveria ter sido policial”, afirmou Barbara Gray, uma das chefes da polícia londrina. Segundo ela, as autoridades irão banir da instituição “aqueles que corrompem a nossa integridade”. A ministra britânica do Interior, Suella Braverman, também fez um apelo para que as forças de ordem demitam os “policiais corrompidos”.
Depois que o caso de Carrick veio à tona, a polícia de Londres indicou que 1.633 supostos casos de agressões sexuais ou de violência doméstica envolvendo mais de mil membros das forças de segurança britânicas na última década serão analisados novamente. O objetivo é garantir que as decisões apropriadas tenham sido tomadas.
Fonte: Yahoo!