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O cantor e médico oftalmologista Alan Frank, ex-integrante do grupo Polegar, passou um grande susto ao retornar de uma viagem em família. Ele desembarcou em Guarulhos com a mulher, Fernanda Soglia, os filhos gêmeos Luigi e Luca, de seis anos, e Nathan, de 19 anos, no dia 2 de janeiro, quando um dos gêmeos ficou à beira da morte no aeroporto.
“Estávamos aguardando as bagagens e o Luigi pegou um copinho de água mineral da minha mochila e saiu correndo, pulando, brincando, e bebendo a água que pegou sem pedir. De repente, quando ele estava próximo à mãe, longe de mim, engasgou com a água, em seguida vomitou e provavelmente o pedaço de algum alimento obstruiu as vias aéreas de modo que ele começou a ficar roxo e perdeu completamente os sentidos. Teve uma parada respiratória”, conta ele.
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Alan correu até o filho para fazer os primeiros socorros. “Nesse momento o tumulto era imenso no aeroporto. Todos gritando muito, inclusive a Fernanda, todos querendo ajudar mas que acabavam atrapalhando. Um cara puxou meu filho dos meus braços dizendo que eu estaria fazendo de forma errada e passou a apertar e chacoalhar meu filhinho sem sucesso”, lembra.
“Eu tirei meu filho dos braços dele, gritei que era médico e sabia o que estava fazendo. Pedi que todos se afastassem e tentei a manobra por mais umas 3 ou 4 vezes, sem sucesso também”, continua.
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O menino já estava há dois minutos desacordado quando Alan tentou novos procedimentos para salvar o filho. “Eu o deitei no chão, retifiquei sua traqueia e tentei fazer respiração boca a boca, mas não tive êxito porque sua boquinha estava travada, dura e saindo sangue. Tampei sua boquinha com a mão e tentei iniciar a ventilação pelo nariz, mas o ar não passava como se tivesse algo bloqueando a passagem”, lembra. “Resolvi aspirar e em seguida soprar novamente. Daí então tive êxito, fiz a respiração boca-nariz mais algumas vezes e ele voltou a respirar. A corzinha dele voltou, mas ele estava em coma. Um pesadelo terrível”, desabafa.
Após alguns minutos a equipe médica do aeroporto chegou para prestar atendimento. Foi quando o menino recuperou os sentidos. “Pegaram o acesso venoso dele e quando furaram sua mãozinha ele gritou ‘ai’. Nesse momento sorri aliviado, pois ainda que permanecesse rebaixado e inconsciente, o fato de responder a estímulos dolorosos melhorava bastante seu prognóstico embora ainda permanecesse em estado grave”.
Luigi foi encaminhado a um hospital em Guarulhos, onde retomou seu estado de consciência. “Não imagina minha alegria nessa hora. Ele estava consciente e orientado, porém em estado de amnésia para eventos recentes. Não lembrava da viagem à Bahia, não lembrava do avião, nem de nada recente”, conta Alan.
O garoto foi transferido em uma ambulância UTI para um hospital em São Paulo, onde permaneceu em observação até o dia seguinte. “Ele nos disse que foi pro céu e o avô materno o mandou voltar. Que ele viu seu corpinho no chão e entrou”, emociona-se. “A maior dor da minha vida. Sentia como se a vida do meu filhinho estivesse escapando por entre meus dedos. Uma sensação terrível, a pior que já senti”, desabafa.
Campanha e alerta
Agora, Alan pensa em como retribuir o que ele considera um milagre. “Fiquei extremamente feliz por Deus ter devolvido meu filhinho, mas me perguntando por que permitiu que passasse por isso. Acho que queria me fazer enxergar algumas coisas ou chamar minha atenção para algo ou abrir meus olhos. Decidi que farei uma grande campanha para ajudar as crianças carentes que não tem acesso ao que nossos filhos podem ter”, diz ele.
Ele pretende oferecer atendimento oftalmológico a crianças de creches e orfanatos de São Paulo, além de fazer parcerias para o fornecimento de óculos para as que precisarem. “Levarei um dentista e pediatra, além de fazer uma campanha pra arrecadar e levar alimentos, roupas e brinquedos. Talvez tenha sido isso que Deus queria de mim. As crianças são anjos inocentes sem maldade, sem interesse. Podemos fazer a diferença na vida delas”, acredita.
Alan também explica como os pais podem ficar atentos para evitar as chances de engasgamento. “Sempre ficar alerta para casos de crianças que vomitam com frequência, que tenham refluxo, etc… Ensinar os filhos a cortar sempre os alimentos em pedaços pequenos e a os mastigarem muito bem”, diz. “Seria fundamental também a capacitação de professores e funcionários de colégios, escolas e creches quando a manobras de reanimação e primeiros socorros”, afirma.
“Espero alertar os pais afim de evitar que aconteça algo semelhante com outras crianças, bem como tocar o coração de muitos pais para nossa campanha assim que iniciar”.
Fonte: Marie Claire