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O ex-militar britânico que teve a entrada barrada no aeroporto de Cabul quando tentava retirar os animais de sua ONG de acolhimento conseguiu chegar a Londres no domingo, acompanhado de quase 170 cães e gatos. A equipe do abrigo, porém, não conseguiu embarcar e continua na capital afegã. O Reino Unido encerrou suas operações no Afeganistão no sábado e nesta terça-feira se encerra o prazo final para retirada das forças estrangeiras no país.
Paul “Pen” Farthing, fundador da Nowzad, chegou ao Aeroporto de Heathrow em um voo fretado com recursos privados por volta das 7h30 de domingo, segundo informações da agência de notícias Sky News.
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No Twitter, Farthing comemorou o “sucesso parcial” da Operação Arca, como foi apelidado o processo de retirada dos animais da Nowzad de solo afegão.
“Cheguei a Heathrow com sucesso parcial da #OpArca. Emoções mistas e profundo sentimento de tristeza pelos afegãos hoje”, escreveu Farthing. “Testemunhei em primeira mão a compaixão que Heathrow está demonstrando aos refugiados afegãos.”
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Apesar de ter conseguido retirar quase todos os 170 animais, os 24 voluntários da ONG e seus familiares foram impedidos de entrar no aeroporto de Cabul e continuam no Afeganistão.
De acordo com Dominic Dyer, um ativista do bem-estar animal e apoiador de Farthing, a entrada da equipe no Aeroporto Internacional Hamid Karzai foi rejeitada na quinta-feira, com o Talibã alegando que eles não tinham a papelada certa.
— Trágico e não o final que queríamos, mas fomos vítimas do caos e das dificuldades de passar por esses portões — disse em um vídeo publicado no Twitter.
Ainda segundo Dyer, os voluntários do abrigo “ainda estão em suas casas” e que esforços serão feitos para tentar tirá-los do Afeganistão. O Reino Unido, porém, encerrou suas operações de remoção no Afeganistão na manhã de sábado, a três dias do encerramento do prazo final de saída das forças estrangeiras, negociado entre o Talibã e os EUA.
Apesar de a grande maioria dos quase 100 cães e 70 gatos que embarcaram estarem saudáveis, cinco gatos morreram durante a viagem. Segundo Farthing, as mortes seriam efeito do trauma do ataque executado pelo braço afegão do Estado Islâmico no aeroporto de Cabul e do subsequente lançamento de gás lacrimogêneo das forças talibãs.
O ex-combatente da Real Marinha Britânica, sua equipe e os animais foram surpreendidos, na quinta-feira, pelo atentado terrorista do Isis-K nos arredores do aeroporto.
Dyer disse que um apelo foi feito ao governo do Reino Unido “para ver se poderíamos preencher assentos com refugiados que estivessem dentro do aeroporto”, mas a resposta foi que “não havia ninguém que eles pudessem encontrar”.
O retorno de Farthing ao Reino Unido ocorreu após o vazamento de uma mensagem carregada de palavrões que ele teria enviado em gravação de áudio para Peter Quentin, que trabalha como conselheiro especial do Secretário de Defesa Ben Wallace.
A gravação, obtida pelo britânico Times, revela Farthing repreendendo Quentin e acusando Wallace de “bloquear” os esforços para organizar o voo de remoção.
A campanha de Farthing para retirar os funcionários e animais da ONG do Afeganistão causou polêmica nos últimos dias, depois de receber um grande apoio popular.
O major James Bolter, reservista do Corpo Logístico Real, questionou ao Daily Mail por que o Reino Unido colocou “mais esforço” em resgatar “animais abandonados” do que aqueles que ficaram para trás, acrescentando que ele estava “dividido” entre a “raiva e o desespero”.
Um importante ex-paraquedista britânico também disse ao tabloide que era “insano” que a entrada de cães fosse “facilitada” no aeroporto enquanto cidadãos britânicos e aliados afegãos permaneciam fora dele.
O próprio ministro da Defesa britânico afirmou, no início da semana passada, que “facilitaria todas as etapas” para a Nowzad, mas que “a prioridade eram as pessoas, não os animais de estimação”.
Farthing montou o abrigo de animais Nowzad em Cabul depois de servir no Afeganistão em meados dos anos 2000.