20 abril, 2024

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Ex-marido de Marília Pêra, Nelson Motta faz relato emocionante sobre a atriz

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Nelson Motta escreveu um relato emocionante sobre Marília Pêra, que morreu, neste sábado, aos 72 anos. Ele falou sobre o amor que ela tinha pelo teatro e ainda contou um pouco de sua rotina ao lado da artista — os dois foram casados e são pais de Esperança Motta e Nina Morena.

Ainda em seu relato, ele revelou a letra de uma música que compôs para o CD no qual Marília estava trabalhando.

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“O título original da versão instrumental de Lyrio era ‘A última valsa’, mas, sabendo que Marília estava doente, achei melhor trocar para ‘Sonho de valsa’ – e ela pensou que a música sempre se chamou assim e adorou. Pena que não teve tempo de gravar. Fica como um gesto de amor, respeito e admiração. E saudade”, afirmou ele, revelando, então a letra (veja abaixo).

Marília Pêra morreu depois de lutar dois anos contra um câncer. A atriz foi enterrada sob aplausos, neste sábado, no cemitério São João Batista, em Botafogo, na Zona Sul do Rio.

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O público ainda terá a chance de ver Marília na TV em “Pé na cova”, já que a série já está toda gravada, até a quinta temporada. Na história, Darlene, sua personagem, era casada com Ruço, vivido por Miguel Falabella. Ele, aliás, era parceiro da amiga tanto na TV quanto nos palcos.

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Veja a mensagem completa de Nelson Motta sobre Marília Pêra:

Viva Marilia!

A primeira vez que vi Marilia, naturalmente, foi no teatro. Ela era loura, tinha 26 anos e interpretava uma vedete bagaceira e mulher de um gangster de araque numa paródia de teatro de revista hilariante chamada A Vida Escrachada de Joana Martini e Baby Stompanato, escrita por Bráulio Pedroso e com músicas de Roberto e Erasmo Carlos, que lotou o Teatro Ipanema durante meses e foi um dos maiores sucessos de 1970. Além de rir muito, fiquei encantado com aquela magrela que se fazia de gostosa, tão divertida e desbocada, que cantava, dançava e representava com tanta alegria e sex-appeal. A primeira vez com Marilia não se esquece.

Um ano e meio depois estávamos casados. Alternando temporadas no paraíso e no inferno durante oito anos movidos a fortes sentimentos, tivemos duas filhas e testemunhei a trajetória e o crescimento de uma das maiores atrizes da nossa história, que levou emoção, alegria e consolo a milhões de pessoas que choravam e gargalhavam com seus personagens, se comoviam com seus tipos sofridos, se aterrorizavam com as suas vilãs e malvadas. Marilia vai fazer muita falta porque era muitas, cada uma melhor que a outra. E convivi com várias delas. No teatro, seu território sagrado e seu campo de batalha, no cinema, na televisão e na vida real, que era o seu personagem mais complexo e imprevisível.

O papel de mãe também era muito difícil para a diva. Ela amava as meninas e se esforçava, entre seus muitos trabalhos, em preparar para a vida do jeito que podia e sabia. Disciplinada e disciplinadora, Marilia reclamava que eu era muito liberal e permissivo com elas e, de gozação, dizia em público que eu era uma verdadeira mãe para as meninas. E todos os Dia das Mães me ligava para desejar em tom de ironia “felicidades no seu dia” e soltar uma gargalhada.

Para mim, o seu melhor papel foi Maria Callas em “Master Class”, uma diva amadurecida e amargurada ensinando a alunos da Julliard School of Music sobre a vida, a arte e o amor, com tanta técnica e emoção que teria feito chorar a própria Maria Callas.

Entre as malvadas, amei – e tive muito medo – da megera Perpétua de “Tieta” e da maligna e medonha Juliana do “Primo Basilio”. Pensar que uma mulher daquelas dorme ao seu lado é de tirar o sono.

Marília gostava de cantar, de dançar, de marido, de filhos, de amigos, de sexo, de dinheiro, de luxo, de rir, de silêncio, mas amava mesmo, acima de todas as coisas, o teatro, que foi sempre a sua prioridade de vida. Talvez por isso foi tão alto e tão fundo e irá tão longe.

Com 39 anos, por sua arrebatadora interpretação de uma prostituta envolvida com menos de rua em “Pixote” recebeu o premio de “melhor atriz do ano” pela Associação Nacional de Criticos dos Estados Unidos em 1981, e tambem da associação de criticos de Nova York e de Los Angeles, que consagraram uma atriz sul americana desconhecida concorrendo com as grandes estrelas americanas e que nem sequer era bonita para os padrões locais. Puro talento.

Marilia era tão atrevida que representou Coco Chanel em português para franceses em Paris, com legendas, e fez várias apresentações lotadas com críticas que a consagravam como uma das grandes atrizes de nosso tempo.

Nos encontramos e desencontramos muito pela vida, nos últimos anos éramos muito amigos, vivemos juntos muitas alegrias e dores. Há dois meses, Marília me pediu uma música para o disco que estava gravando na Biscoito Fino. Me lembrei de uma linda valsa do maestro Lyrio Panicalli, dos anos 60, que Leila Pinheiro havia me mostrado há muito tempo. E fiz a letra.

O título original da versão instrumental de Lyrio era “A última valsa”, mas, sabendo que Marilia estava doente, achei melhor trocar para “Sonho de valsa” – e ela pensou que a música sempre se chamou assim e adorou. Pena que não teve tempo de gravar. Fica como um gesto de amor, respeito e admiração. E saudade.

“A última valsa”

Luz do amanhecer

nas sombras do jardim,

um cheiro de jasmim me faz viver

de novo um tempo tão feliz.

Tardes de verão

de tantas emoções,

um beijo, uma canção,

e um sonho de amor sem fim

O amor não trás a paz

o amor quer sempre mais

é a valsa que nos faz dançar,

bater mais forte os corações.

A lua encontra o mar,

a sombra esconde a luz,

teu corpo enfim encontra o meu

e dança ! dança mais !

Valsas tropicais

bailando na memória,

nos golden rooms do sonho,

nos salões, à luz da lua a beira mar.

Noites de verão

que nunca esquecerei,

que não vivi, sonhei,

como a valsa que não dancei,

que não vivi, sonhei,

como a valsa que não dancei.

Fonte: Extra

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