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Dois ex-altos funcionários da Organização das Nações Unidas (ONU) alertaram que as empresas de combustíveis fósseis estão forçando os governos a compensá-los pela perda de lucros na transição para uma economia global de baixo carbono e, com isso, dificultando o progresso climático.
Segundo Mary Robinson, ex-presidente da Irlanda que foi duas vezes enviada da ONU para o clima, companhias do setor têm feito os países assinarem tratados de investimento que lhe rendem bilhões quando reduzem a dependência de petróleo, gás e carvão.
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“Vale a pena olhar para estes tratados de investimento, existem muitos deles – dois mil de vários tipos”, disse ela ao The Guardian. “Se os países fizerem a coisa certa em relação ao clima, terão de compensar as empresas de combustíveis fósseis. E compensam cerca de US$ 62 bilhões ao longo de cinco anos. É mais um desses subsídios ocultos. Fiquei indignada.”
Robinson, que atualmente preside o The Elders – Os Anciãos, grupo que atua em direitos humanos, justiça, paz e clima, salientou que os lobistas dos combustíveis fósseis conseguiram enfraquecer o aguardado tratado sobre os resíduos plásticos que está sendo discutido pela ONU para combater a poluição plástica.
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Ela apontou que, nas últimas negociações, realizadas em Ottawa, no Canadá, no mês passado, o acordo foi “diluído”, a exemplo do que aconteceu com a resolução global para eliminar gradualmente os combustíveis fósseis na COP28, que aconteceu no final do ano passado em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
“Parece ser uma realidade que temos de defender [o combate à crise climática] no contexto de um forte lobby de grupos de interesse contra o progresso de que necessitamos”, observou.
Ban Ki-moon, que liderou a ONU de 2007 a 2016 e é agora vice-presidente do The Elders, apelou aos líderes políticos de todo o mundo para que redobrem seus esforços e disponham pelo menos 1,2 trilhões de libras (aproximadamente R$ 7,7 trilhões) de investimento para ajudar os países em desenvolvimento a fazerem a transição para uma economia de baixo carbono.
“As mudanças climáticas estão aproximando-se muito, muito mais rapidamente do que poderíamos imaginar. Não há tempo a perder. Como ex-secretário-geral, penso que se houver uma vontade política firme poderemos mobilizar todo este dinheiro”, afirmou.
Ki-moon acrescentou que está particularmente preocupado com os Estados Unidos e a China, em relação às eleições que irão ocorrer no primeiro – e, dependendo de quem ganhar, poderá haver um retrocesso na questão climática – e os atritos crescentes entre as duas nações, que, inclusive, estão afetando o meio ambiente.
Fonte: Um Só Planeta – Foto: Um Só Planeta