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Os Estados Unidos autorizaram nesta quinta-feira (30) a utilização de terapia genética para o tratamento de câncer pela primeira vez. A técnica, chamada de CAR T-cell, tem resultados promissores, mas ainda não chegou ao Brasil.
A liberação para o uso da terapia foi dada pela FDA, órgão regulador dos EUA similar à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Em 12 de julho deste ano, um painel recomendou a aprovação do tratamento.
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O órgão norte-americano tratou a decisão como “ação histórica” e diz que “inaugura uma nova abordagem para o tratamento de câncer e outras doenças graves que ameaçam a vida”.
“Estamos entrando em uma nova fronteira para a inovação médica com capacidade de reprogramar as células do próprio paciente para atacar um câncer mortal”, disse Scott Gottlied, integrante da FDA.
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A Novartis, empresa que possui a patente da terapia nos Estados Unidos, publicou em seu site a decisão do órgão regulador. O tratamento, por enquanto, poderá ser feito em crianças e adultos com leucemia linfoide aguda (LLA) — a taxa de remissão nestes casos é, em média, de 83%.
Pesquisas
A técnica existe porque é uma parceria entre a Novartis e a Universidade da Pensilvânia. De acordo como jornal “The New York Times”, os médicos Steven A. Rosenberg, Carl H. June e Michel Sadelain estão há décadas na vanguarda das pesquisas sobre o tratamento.
Como ele é feito? As células T do paciente, uma espécie de “soldados” do sistema imunológico, são extraídas do sangue. São modificadas geneticamente para reconhecer o câncer e, depois, destruí-lo. Elas são redesenhadas e modificadas em laboratório e depois devolvidas à corrente sanguínea. Em resumo: as próprias células do paciente são “treinadas” para combater o câncer.
A terapia celular por CAR T-cell é um tratamento personalizado: precisa ser pensada e estudada de forma especial para cada paciente. Nos Estados Unidos, país onde está mais avançada, foi testada em centenas de pessoas, de acordo com o “The New York Times”.
Durante o processo, os médicos precisam “derrubar” o sistema imunológico do paciente com câncer. Por isso, ainda se deve percorrer um longo caminho até entender e combater todos os efeitos colaterais que podem ser potencialmene letais.
No Brasil
A médica Yana Novis, coordenadora de onco-hematologia do Centro de Oncologia do Hospital Sírio- Libanês, disse que no Brasil há outros empecilhos para a aplicação da terapia.
“As barreiras são financeiras e tecnológicas, nós não temos as duas coisas. E para adquirir tudo isso existe um custo muito alto”, explicou.
“O interesse de toda a comunidade científica é grande porque os resultados são promissores, mas não conheço nenhum lugar no mundo em que é feito em uma escala mais ampla”, completou.
Fonte: G1