17 de novembro, 2024

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Estrutura de madeira mais antiga do mundo é encontrada por arqueólogos na Zâmbia e traz revelações sobre ancestrais humanos

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Antes mesmo dos primeiros registros da existência de nossa espécie, o Homo sapiens, nossos ancestrais já criavam estruturas a partir da madeira. Essa descoberta foi feita por arqueólogos da Universidade de Liverpool e da Universidade Aberystwyth, que encontraram o que acreditam ser a mais antiga dessas estruturas já descoberta – entendendo “estrutura” como mais de uma peça de madeira usada para um fim específico.

Estrutura de madeira mais antiga já encontrada é analisada por arqueólogos (Foto: Universidade de Liverpool)

A pesquisa, publicada na revista Nature, relata a escavação que encontrou madeira bem preservada no sítio arqueológico de Kalambo Falls, na Zâmbia, que remonta a pelo menos 476 mil anos. Acredita-se que o Homo sapiens tenha surgido entre 350 mil e 200 mil anos atrás, na África.

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Análises especializadas de marcas de cortes de ferramentas de pedra na madeira mostram que esses ancestrais humanos moldaram e uniram dois grandes troncos para formar uma estrutura, provavelmente a fundação de uma plataforma ou parte de uma habitação.Esta é a primeira evidência de qualquer lugar do mundo da elaboração deliberada de toras para se encaixarem. Até agora, as evidências do uso humano da madeira limitavam-se a fazer fogo, cavar e criar lanças.

Pesquisa, publicada na revista Nature, relata a escavação que encontrou madeira bem preservada no sítio arqueológico de Kalambo Falls, na Zâmbia (Foto: Divulgação)

A madeira raramente é encontrada em locais tão antigos, pois geralmente apodrece e desaparece. Mas, em Kalambo Falls, os níveis de água permanentemente elevados preservaram o material.

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A descoberta desafia a visão predominante de que os humanos da “Idade da Pedra” eram nômades, diz o estudo. Em Kalambo Falls, estes humanos não só tinham uma fonte perene de água, mas a floresta à sua volta fornecia alimento suficiente para lhes permitir estabelecer-se e construir estruturas.

“Essa descoberta mudou a forma como penso sobre nossos primeiros ancestrais. Esqueça o rótulo ‘Idade da Pedra’, veja o que essas pessoas estavam fazendo: eles fizeram algo novo e grande com madeira. Eles usaram sua inteligência, imaginação e habilidades para criar algo que nunca tinham visto antes, algo que nunca havia existido”, diz o professor Larry Barham, do Departamento de Arqueologia, Clássicos e Egiptologia da Universidade de Liverpool, que liderou o estudo.

Determinando a idade da madeira encontrada

A datação especializada das descobertas foi realizada por especialistas da Universidade de Aberystwyth, no País de Gales. Eles usaram novas técnicas de datação por luminescência, que revelam a última vez que os minerais na areia ao redor das descobertas foram expostos à luz solar, para determinar sua idade.

Estrutura de madeira com duas peças data de 476 mil anos atrás (Foto: Universidade de Liverpool)

“Em materiais tão antigos, colocar uma data nas descobertas é muito desafiador. Estes novos métodos de datação têm implicações de longo alcance – permitindo-nos datar muito mais atrás no tempo, para estudar locais que nos dão um vislumbre da evolução humana. O local em Kalambo Falls foi escavado na década de 1960, quando foram recuperadas peças de madeira semelhantes, mas não foi possível datá-las na época, e por isso o verdadeiro significado do local não era claro até agora”, explica o professor Geoff Duller, da Universidade de Aberystwyth.

Sítio ainda não está protegido definitivamente

As quedas de Kalambo, no Rio Kalambo, são uma cachoeira de 235 metros na fronteira da Zâmbia com a região de Rukwa, na Tanzânia, às margens do Lago Tanganica. A área está numa lista “provisória” da UNESCO para se tornar Patrimônio Mundial devido ao seu significado arqueológico.

Kalombo Falls, na Zâmbia — Foto: Universidade de Liverpool
Kalombo Falls, na Zâmbia (Foto: Universidade de Liverpool)

“A nossa investigação prova que este local é muito mais antigo do que se pensava, pelo que o seu significado arqueológico é agora ainda maior. Isso acrescenta mais peso ao argumento de que deveria ser um Patrimônio Mundial das Nações Unidas”, disse o professor Duller.

Já Larry Barham acrescentou que “Kalambo Falls é um local extraordinário e um importante património para a Zâmbia. Nossa equipe está ansiosa por descobertas mais emocionantes emergindo de suas areias alagadas.”

Fonte: Um Só Planeta

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