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Apesar de o governo ter anunciado o fim da paralisação dos caminhoneiros, os líderes da categoria que assinaram o acordo não asseguraram, ao fim do longo e tenso dia de reuniões no Planalto que seus filiados voltarão ao trabalho nesta sexta-feira.
“Assumimos o compromisso e vamos repassar (o acordo) ainda hoje (quinta-feira), na íntegra, para todos. Mas é a categoria que vai analisar e é o entendimento deles que vai dizer se isso foi suficiente ou não. O que estou dizendo para eles é que chegamos aqui com duas reivindicações e saímos com 14, e houve uma sensibilidade do governo no atendimento às reivindicações”, declarou o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores Autônomos (CNTA), Dilmar Bueno. Em nenhum momento da entrevista coletiva o representante dos caminhoneiros assegurou que a categoria voltaria ao trabalho nesta sexta.
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Já os presidentes das Federações de Transportadores Autônomos de São Paulo e de Minas Gerais, Norival de Almeida e Silva e Gilmar Carvalho, respectivamente, demonstraram pessimismo. “Saio preocupado. Acho que podem não aceitar”, disse Carvalho. Segundo ele, é “a categoria quem decide”. O representante se comprometeu a mostrar os avanços obtidos na negociação, mas sem dar garantias do fim do movimento. “O valor viável do combustível não existe (no acordo)”, afirmou.
Almeida e Silva, que também é vice-presidente da CNTA, disse temer pela continuidade dos protestos. “Acho que eles (os caminhoneiros) vão continuar o movimento porque são muitas pessoas, com pensamentos muito diferentes. Mas isso (o acordo) é o que o governo disse que tem para oferecer.” Se o acordo for rejeitado, Almeida e Silva disse não “saber onde vai parar isso” “Todo movimento tem de começar e uma hora tem de negociar e terminar, porque protesto não é negócio de resultado financeiro, é reivindicação”, disse.
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Jaime Ferreira, presidente do Sindicato Nacional dos Cegonheiros, informou que vai relatar aos seus associados os termos do acordo e torcer para que eles concordem com as condições. “Ter uma previsibilidade de 30 dias, com a Cide zerada e promessa de redução do PIS/Cofins, dá um fôlego”, disse Ferreira, no entanto, afirmou não ter certeza se toda a categoria vai concordar com o acordo.
Pelo menos três das 11 entidades presentes à mesa de negociação com o governo não assinaram o acordo. São elas a Associação Brasileira de Caminhoneiros Autônomos (Abican), o Sindicato de Ijuí e a União Nacional dos Caminhoneiros (Unican).
José Araújo, da Unican, disse que não assinou o acordo porque “são só promessas e não temos nada de concreto”. Segundo ele, “se (o governo) cumprir está bom, mas precisamos ver tudo em vigor e não só promessas, pois de promessas estamos cheios”. E avisou: “só com promessas não vou pedir a ninguém para acabar com o movimento porque a greve não é mais nossa, mas da população”.
Depois do comunicado feito pelo governo, começaram a circular em redes sociais e aplicativos de mensagens em vídeo com caminhoneiros dizendo não terem sido representados no encontro em Brasília e que vão continuar a protestar nas estradas.
Liderança dos caminhoneiros no Estado de Mato Grosso, Gilson Baitaca divulgou uma mensagem de áudio também criticando a postura do governo. Disse que a categoria não deu trégua ao governo porque duas das principais reivindicações não foram atendidas. Entre elas, a isenção de PIS-Cofins sobre combustíveis.
“Não houve nenhum acordo. O governo pegou a assinatura de duas ou três entidades e soltou na imprensa que houve um acordo a fim de estabelecer uma trégua. E não houve acordo nenhum porque eu estava junto”, disse Baitaca, afirmando estar presente na reunião.
Em Santos (SP), onde a paralisação dos caminhoneiros autônomos ganhou o reforço de outras categorias, como estivadores e operadores de cais, o clima é de insatisfação com o acordo. É o que afirma Alexsandro Viviani, presidente do Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens da Baixada Santista e Vale do Ribeira (Sindicam Baixada Santista).
“Vamos para cima até resolver. O caminhoneiro da Baixada Santista não aceita. Faltou tudo. Não foi resolvido nada. Tudo o que a gente pediu não foi concretizado. Não sei porque assinaram um acordo desses. Não falaram com o caminhoneiro. Por isso a gente não aceitou”, diz ele.
O presidente da Abcam (Associação Brasileira dos Caminhoneiros), José da Fonseca Lopes, disse que a suspensão da greve dos caminhoneiros contra o preço do combustível será decidida entre os próprios manifestantes.
O posicionamento foi divulgado em um vídeo.
Fonte: O Dia