07 de dezembro, 2024

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Entenda como a FAB intercepta aviões suspeitos de tráfico de drogas; destruição é último recurso

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O Decreto 5.144, de 16 de julho de 2004, prevê a interceptação de aeronaves hostis ou suspeitas de tráfico de drogas no território nacional.

Os aviões sem plano de voo ou que omitem dos órgãos de controle de tráfego aéreo informações para identificação estão sujeitos a medidas de averiguação, intervenção e persuasão feitas por aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB).

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A medida de destruição, que é feita com disparo de tiros, é usada como último recurso. (entenda abaixo como são os procedimentos).

Na quarta-feira (26), um avião carregado com mais de 500 quilos de cocaína foi interceptado por caças, entre Matão e Dobrada (SP). Foi necessário dar um tiro de advertência para o piloto pousar. Ele fugiu e é procurado pela Polícia Federal.

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Aeronaves suspeitas

O decreto de 2004 foi assinado pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O texto afirma que é considerada suspeita a aeronave que adentrar território nacional sem plano de voo aprovado e que venha de regiões conhecidas como produtoras ou distribuidoras de drogas.

Também são consideradas suspeitas as aeronaves que “omitirem aos órgãos de controle de tráfego aéreo informações necessárias à sua identificação, ou não cumprirem determinações destes órgãos, se estiver cumprindo rota presumivelmente utilizada para distribuição de drogas ilícitas”.

Segundo a FAB, a vigilância do espaço aéreo brasileiro é feita 24 horas por dia por meio de uma rede de radares que cobre todo o território do país, além de partes do oceano atlântico. As aeronaves R-99 e E-99 também são utilizadas para monitorar o espaço aéreo brasileiro.

Procedimentos da FAB

Caça Super Tucano A-29 da Força Aérea Brasileira (FAB) (Foto: CB Silva Lopes/FAB)

Ainda de acordo com o decreto, a Aeronáutica tem de seguir procedimentos de averiguação, intervenção e persuasão para que o avião pouse, de forma progressiva e sempre que a medida anterior não tenha êxito.

São elas:

  • Averiguação: visam a determinar ou a confirmar a identidade de uma aeronave, ou, ainda, a vigiar o seu comportamento, consistindo na aproximação ostensiva da aeronave de interceptação à aeronave interceptada, com a finalidade de interrogá-la, por intermédio de comunicação via rádio ou sinais visuais, de acordo com as regras de tráfego aéreo, de conhecimento obrigatório dos aeronavegantes.
  • Intervenção: consiste na determinação à aeronave interceptada para que modifique sua rota com o objetivo de forçar o seu pouso em aeródromo que lhe for determinado, para ser submetida a medidas de controle no solo.
  • Persuasão: consiste no disparo de tiros de aviso, com munição traçante, pela aeronave interceptadora, de maneira que possam ser observados pela tripulação da aeronave interceptada, com o objetivo de persuadi-la a obedecer às ordens transmitidas.

Destruição é último recurso

Piloto da FAB durante trabalho de interceptação de aeronaves (Foto: CECOMSAER/Arquivo)

Caso a aeronave não atenda aos procedimentos coercitivos, ela será classificada como aeronave hostil e estará sujeita à medida de destruição, que consiste no disparo de tiros com a finalidade de provocar danos e impedir o prosseguimento do vôo.

Ela só “poderá ser utilizada como último recurso e após o cumprimento de todos os procedimentos que previnam a perda de vidas inocentes, no ar ou em terra”, diz o decreto.

A medida de destruição terá que obedecer às seguintes condições:

  1. emprego dos meios sob controle operacional do Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro – COMDABRA;
  2. emprego dos meios sob controle operacional do Comando de Operações Aeroespaciais do Comando da Aeronáutica;
  3. registro em gravação das comunicações ou imagens da aplicação dos procedimentos;
  4. execução por pilotos e controladores de Defesa Aérea qualificados, segundo os padrões estabelecidos pelo COMDABRA;
  5. execução por pilotos e controladores de defesa aérea qualificados segundo os padrões estabelecidos pelo Comando de Operações Aeroespaciais do Comando da Aeronáutica;
  6. execução sobre áreas não densamente povoadas e relacionadas com rotas presumivelmente utilizadas para o tráfico de substâncias entorpecentes e drogas afins;
  7. autorização do Presidente da República ou da autoridade por ele delegada. O decreto diz que fica delegada ao Comandante da Aeronáutica a competência para autorizar a aplicação da medida de destruição.

Em outubro 2015, um caça militar brasileiro atirou contra outro avião em defesa do espaço aéreo. Foi a única vez que isso aconteceu. O piloto desobedeceu todas as ordens para pousar.

No dia seguinte, no aerodromo de Paranavaí, perto da fronteira com o Paraguai, a polícia encontrou o monomotor, crivado de balas.

Interceptação de avião com cocaína

Avião interceptado por caças da FAB é periciado em área entre Matão e Dobrada (Foto: Cairo Oliveira/EPTV)

A aeronave interceptada nesta quarta decolou do Paraguai e tinha como destino a região de Araraquara (SP). Após a interceptação, o piloto da aeronave pousou em uma pista de terra, próximo à Rodovia Brigadeiro Faria Lima (SP-326) e fugiu pelo canavial.

A ação de interceptação foi desenvolvida pela Polícia Federal (PF), em conjunto com o Comando de Operações Aeroespaciais (Comae), o Comando de Aviação Militar da PM e o Grupo Especial de Fronteira (Gefron/MT).

De acordo com a PF, neste momento estão sendo realizadas diligências na região em busca do piloto e outros possíveis ocupantes do avião.

Avião carregado com droga é interceptado pela FAB entre Matão e Dobrada (Foto: Arquivo pessoal)

A ocorrência da apreensão da droga e do avião foi encaminhada e apresentada na delegacia da PF em Araraquara.

Aeronave

Segundo Fernando Catalano, professor do curso de engenharia aeronáutica da USP de São Carlos, a aeronave interceptada é um bimotor Beechcraft Baron 58. Ainda não há informações sobre a identidade do dono dela.

Ela tem capacidade para transportar um piloto e cinco passageiros em viagens intermunicipais e interestaduais (rotas domésticas).

Foi projetada, desenvolvida e produzida em larga escala nos Estados Unidos a partir da década de 1970 pela então Beech Aircraft, atualmente Beechcraft Corporation.

Avião carregado com droga é interceptado pela FAB entre Matão e Dobrada (Foto: Arquivo pessoal)

Fonte: G1

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