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O presidente do Equador, Lenín Moreno, mudou temporariamente o governo da capital Quito para a cidade costeira de Guayaquil, no mais recente capítulo da maior crise política do país nos últimos anos.
O Equador enfrenta há seis dias protestos que têm levado milhares de pessoas às ruas, em resposta ao anúncio de Moreno de eliminar os subsídios a combustíveis para conter o déficit fiscal equatoriano.
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Mais de 500 pessoas foram detidas em meio às manifestações e conflitos com forças de segurança, e 50 policiais chegaram a ser feitos reféns em diferentes locais.
Os protestos foram originalmente liderados por sindicatos ligados ao setor de transporte, afirmando que o fim dos subsídios a combustíveis está levando a um aumento no preço de itens básicos de consumo.
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O governo, por sua vez, mandou prender 20 comerciantes acusados de aumentar o preço de produtos como milho, cebola, cenoura e batata, cujos valores são controlados.
“Não há justificativa para elevar os preços”, afirmou a ministra do Interior, Maria Romo.
O Ministério de Energia também anunciou na segunda-feira (7) que as atividades em três campos de produção de petróleo na região amazônica foram suspensas “em razão da tomada das instalações por grupos de pessoas de fora da operação”, segundo a agência France Presse.
O governo afirmou que isso afetará 12% da produção de petróleo do país, mas não afirmou quais grupos são responsáveis pela ação.
Bloqueios de estradas também afetaram a distribuição de combustível, levando a escassez em algumas partes do país.
Moreno, enquanto isso, afirmou que não vai voltar atrás quanto ao fim dos subsídios e declarou dois meses de estado de exceção.
Uma greve nacional está prevista para quarta-feira, informa a agência Reuters.
Jaime Vargas, líder indígena, disse que “mais de 20 mil indígenas vão chegar a Quito” para o protesto. Outro líder, Luis Iguamba, afirmou que será mantida a pressão sobre o governo.
A pressão é significativa do ponto de vista histórico, uma vez que protestos liderados por indígenas já foram parte importante, por exemplo, do processo de derrubada do presidente Jamil Mahuad, em 2000, durante outro período de crise.
Disputa de poder
Moreno também acusou seu antecessor, Rafael Correa (hoje em autoexílio na Bélgica), de orquestrar um “golpe”.
Em discurso na noite de segunda-feira, Moreno afirmou que os protestos não são “uma manifestação de descontentamento social em decorrência de uma decisão do governo”.
“Os saques, vandalismo e violência que vimos mostram que há uma motivação política organizada para desestabilizar o governo, romper a ordem constitucional e democrática”, afirmou, agregando que Correa (seu antecessor e mentor político, antes de virar rival) e o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, estão por trás desses “plano de desestabilização”.
Em Bruxelas, Correa afirmou se tratar de uma “mentira”. “(É absurdo) dizer que sou tão poderoso que com um iPhone em Bruxelas eu poderia liderar os protestos”, declarou à Reuters. “A realidade é que as pessoas não aguentavam mais”, em referência às medidas de austeridade implementadas por Moreno com apoio do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Correa também afirmou que “se necessário, voltarei (ao Equador). Eu teria de ser candidato a algo, por exemplo, a vice-presidente”.
Nesta terça-feira, o governo equatoriano afirmou estar aberto à mediação internacional, pela ONU ou pela Igreja Católica, para pacificar o país.
Por que Moreno eliminou os subídios?
Na semana passada, Moreno afirmou que o subsídio a combustíveis, que custa anualmente US$ 1,3 bilhão, não é mais viável economicamente.
A eliminação desses subsídios, inicialmente introduzidos nos anos 1970, é parte de um plano que, segundo Moreno, vai fortalecer a cambaleante economia equatoriana e aliviar seu déficit.
Como parte de um acordo de empréstimo de US$ 4,2 bilhões do FMI, o governo concordou em reduzir os gastos públicos.
Segundo a France Presse, o fim dos subsídios, a partir de 3 de outubro, levou a um aumento de 120% no preço dos combustíveis.
Fonte: BBC