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O empreendedorismo feminino tem registrado um crescimento expressivo no Brasil, com aproximadamente 10,4 milhões de mulheres à frente de negócios em 2024, representando 34,1% do total de donos de negócios no país, de acordo com levantamentos do Sebrae.
Para muitas, essa jornada é motivada pela busca por autonomia financeira e realização pessoal, mas também, em uma parcela significativa, pela necessidade socioeconômica diante de um mercado de trabalho formal ainda desigual. Nesse contexto, a revenda de produtos com potencial de baixo investimento inicial, como bijuterias e acessórios de moda, surge como uma alternativa atrativa, porém repleta de nuances e desafios que merecem análise.
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A possibilidade de iniciar um negócio sem grandes aportes financeiros ou estruturas físicas complexas é um dos principais atrativos para mulheres que desejam empreender. O mercado de acessórios, incluindo bijuterias e anéis folheados para vender, pode apresentar oportunidades devido à variedade de produtos e ao apelo a diferentes públicos. No entanto, é um setor caracterizado por intensa concorrência e a necessidade de uma gestão estratégica para se destacar.
A ideia de “baixo custo” é relativa: enquanto kits iniciais para revenda de semijoias podem variar entre R$500 e R$3.000, a montagem de uma loja física de bijuterias pode demandar um investimento inicial consideravelmente maior, em torno de R$20.000, segundo estimativas do Sebrae.
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Do sonho à realidade: habilidades, produtos e mercado
A atividade de revenda de acessórios pode, de fato, fomentar o desenvolvimento de habilidades cruciais, com a necessidade de se destacar em um mercado competitivo impulsiona o aprendizado em marketing pessoal e digital.
A interação com fornecedores aprimora a capacidade de negociação, enquanto o contato direto com o público fortalece as competências em atendimento ao cliente. Essas habilidades são valiosas para a consolidação e eventual expansão do negócio.
Dentro da vasta gama de acessórios, anéis com banho ou folheação de metais nobres são uma opção popular. Sua durabilidade e valor percebido, no entanto, estão diretamente ligados à espessura e à qualidade da camada de metal nobre aplicada — um folheado de qualidade pode ter de 20 a 50 micrômetros de metal nobre, enquanto um banho mais simples pode ter de 0,5 a 2,5 micrômetros.
Essa diferença impacta diretamente a resistência ao desgaste e o preço, tornando crucial a transparência na descrição do produto. A seleção de fornecedores idôneos, que ofereçam produtos de qualidade consistente e informações claras sobre os materiais e processos de fabricação, representa um dos maiores desafios e um fator crítico de sucesso para a revendedora.
Potencial de crescimento e a realidade do mercado de acessórios
O segmento de acessórios de moda é dinâmico, impulsionado por tendências e pela busca constante por novidades. O mercado brasileiro de joias e bijuterias, em sentido amplo, tem projeções de crescimento, mas este não é automático e está atrelado à capacidade de navegar por tendências muitas vezes efêmeras e por um comportamento de consumo cada vez mais consciente, que valoriza a sustentabilidade e a durabilidade. A natureza “perecível” do modismo exige agilidade na gestão de estoque e inovação constante.
Nesse cenário, a presença digital é indispensável. Para a revenda de bijuterias e acessórios, produtos eminentemente visuais, as redes sociais como o Instagram funcionam como vitrines digitais cruciais para divulgação, engajamento com clientes e construção de marca. Estratégias de marketing digital bem executadas, incluindo fotos de alta qualidade, conteúdo de valor e interação constante, são fundamentais, mas o sucesso também depende de uma gestão comercial sólida e atendimento de qualidade.
Desafios e perspectivas do empreendedorismo feminino
É crucial abordar o empreendedorismo feminino com uma perspectiva realista. Apesar do crescimento no número de empreendedoras, persiste uma disparidade de renda: em 2024, o rendimento médio real dessas mulheres foi 24,4% menor que o dos homens empreendedores.
Além disso, uma parcela expressiva do empreendedorismo feminino, especialmente entre mulheres negras (50%), é impulsionada pela necessidade, devido à baixa oferta de empregos formais ou como forma de complementar a renda familiar.
Desafios como o acesso a financiamento, a concorrência intensa, a informalidade, as baixas margens de lucro unitário em bijuterias de menor valor agregado e a dificuldade em conciliar as múltiplas jornadas (negócio, casa, família) são realidades enfrentadas por muitas.
Direitos do consumidor
Para quem revende e para quem compra, é importante conhecer os direitos do consumidor. O Código de Defesa do Consumidor (CDC) estabelece garantias para produtos, mesmo os de menor valor, cobrindo defeitos de fabricação e vícios ocultos dentro da vida útil esperada da peça.
A transparência sobre a composição e os cuidados com os acessórios é fundamental para gerenciar expectativas e construir uma relação de confiança.
No fim das contas, a revenda de produtos acessíveis, como bijuterias e folheados, pode se apresentar como uma via para o empreendedorismo feminino e a busca por autonomia. Contudo, é um caminho que, embora possa oferecer flexibilidade, exige um entendimento claro das realidades do mercado.
O investimento inicial pode variar, e a lucratividade está condicionada à superação de desafios significativos. Dedicação, planejamento estratégico, conhecimento do produto, seleção criteriosa de fornecedores e uma avaliação realista das oportunidades e obstáculos são fundamentais para quem considera esta atividade como fonte de renda e realização.
Referências:
SEBRAE. Mesmo com mais escolaridade, mulheres têm renda 24% menor que os homens à frente de um negócio. Agência Sebrae de Notícias, Brasília, DF, 7 mar. 2025. Atualização em 11 mar. 2025. Disponível em: https://agenciasebrae.com.br/economia-e-politica/mesmo-com-mais-escolaridade-mulheres-tem-renda-24-menor-que-os-homens-a-frente-de-um-negocio/