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Extensa e envolta em dúvidas e polêmicas. Assim tem se caracterizado os planos de acordo entre duas das principais fabricantes de aeronaves do mundo: a brasileira Embraer e a norte-americana Boeing. Agora, mais um detalhe é acrescentado na história, com a possível confirmação do negócio ocorrer no dia 5 de dezembro.
A informação foi veiculada no final de setembro pelo jornal O Estado de S.Paulo, tendo como base um memorando de entendimento entre as empresas e posteriormente apresentado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT). O documento encontrava-se sob sigilo e a intenção das empresas é aprovar o acordo nas próximas semanas, a fim de evitar resistência por parte do próximo governo.
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A reportagem explicita que até dezembro as empresas esperam concluir as observações e questionamentos em seus conselhos administrativos, além de aprovações em assembleias, caso ocorram. A intenção das duas fabricantes é determinar percentuais de ações, linhas de produção e detalhes operacionais.
Em comunicado público divulgado em julho, ambas as empresas reforçam que o acordo criará “uma joint venture que contempla os negócios e serviços de aviação comercial da Embraer, estrategicamente alinhada com as operações de desenvolvimento comercial, produção, marketing e serviços de suporte da Boeing. Nos termos do acordo, a Boeing deterá 80% da propriedade da joint venture e a Embraer, os 20% restantes”.
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Ainda no memorando, estão detalhes do valor de transação, cravado em 4,75 bilhões de dólares pela integralidade das operações e serviços de aviação comercial da Embraer por parte da Boeing.
Além disso, a norte-americana fará o pagamento de 3,8 bilhões de dólares pelos 80% da nova joint-venture.
Ao analisar o documento protocolado, o próprio MPT propôs na Justiça ação civil pública para que o governo federal – que detêm o chamado golden share, particularidade que dá à União o poder de veto na negociação mesmo a Embraer sendo uma empresa privatizada -, condicione a venda da fabricante brasileira com a garantia de que a fabricação de aeronaves e os empregos não sejam transferidos ao exterior.
No entanto, o memorando de ambas as empresas não cita tal particularidade. Conforme a matéria publicada pelo Estadão, em despacho publicado em 11 de setembro, o procurador Rafael de Araújo Gomes, que analisou o documento do acordo, salientou que a Embraer será “mera observadora” na nova empresa, “limitando-se a receber os dividendos que os 20% de participação no capital social lhe proporcionarão”.
Pelo acordo da joint venture, serão destinadas para a empresa a ser criada as unidades de Taubaté, São José dos Campos – divisão de equipamentos – (no Brasil), além de Évora (Portugal) e Nashville (Estados Unidos). Permanecerão sob gestão da Embraer as unidades de Botucatu, Gavião Peixoto, São José dos Campos, Alverca – OGMA (em Portugal) e Melbourne (Austrália).
A unidade de Botucatu da Embraer emprega mais de 1.800 funcionários e é responsável pela fabricação de peças e estruturas de todos os aviões, além da montagem de aeronaves da linha agrícola.
Cargueiro militar, com peças produzidas em Botucatu,montado nos Estados Unidos
Além da produção de aviação comercial, outro ponto de interesse é a aviação militar, onde a Embraer tem como destaque o cargueiro KC-90, usado para transporte de materiais e apoio logístico em grandes operações. O modelo recebeu autorização da ANAC para comercialização em território brasileiro. Cada unidade da aeronave é avaliada em U$ 85 milhões. As empresas irão criar outra joint venture para promoção e desenvolvimento de novos mercados e aplicações para produtos e serviços de defesa, em especial o avião multimissão KC-390, a partir de oportunidades identificadas em conjunto. Reportagem divulgada pelo jornal Valor Econômico salienta que a intenção das duas empresas é instalar uma linha adicional do modelo, em território norte-americano. Hoje, o modelo tem sua produção na unidade de Gavião Peixoto, com peças fabricadas em Botucatu.
Jornal Leia Notícias por Flávio Fogueral