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Milhares de malgaxes pobres de todo o país se reuniram neste domingo (8), em Antananarivo, para assistir à grande missa do papa Francisco, que, em sua homilia, atacou “a cultura do privilégio e da exclusão”.
Apesar do cansaço da espera e vestidos com chapéus amarelos e brancos, eles cumprimentaram Francisco alegremente. O sumo pontífice chegou a bordo de um papa-móvel fabricado na ilha de Madagascar.
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Na primeira fila, de frente para a arquibancada, estavam as personalidades bem vestidas, sentadas em cadeiras confortáveis sob toldos brancos. A homilia pareceu se dirigir a eles: os ricos de um país de 25 milhões de habitantes, onde nove em cada dez sobrevivem com menos de US$ 2 por dia.
Não devemos “manipular o Evangelho”, mas “construir a história em fraternidade e solidariedade, no respeito gratuito da terra e de seus donos sobre qualquer forma de exploração”, afirmou o pontífice.
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“Privilégio e exclusão”
Francisco criticou “certas práticas que levam à cultura de privilégios e exclusão”.
Diante da multidão, para quem o consumo é um sonho inacessível, o papa enfatizou que a riqueza não nos permite necessariamente nos aproximarmos de Deus e denunciou a “corrida pela acumulação” que se torna “agoniante e avassaladora”, exacerbando “o egoísmo e uso de meios imorais”.
Da igreja de Andravoahangy, cerca de cinco mil peregrinos percorreram a estrada a pé, por duas horas e no frio.
“Não se separem no caminho! A estrada é perigosa. É a hora que os bandidos saem para roubar”, advertiu o presidente da comissão pastoral da igreja, Jean-Yves Ravoajanahary, falando aos fiéis.
No caminho, Rado Nianina, de 29 anos, não escondia sua “pressa de ver o papa” e disse esperar “uma forte mensagem para os líderes políticos na luta contra a corrupção e o nepotismo”.
“Precariedade desumana”
No sábado (7), durante um encontro com as autoridades políticas e civis do país, o papa convocou “o combate à corrupção e à especulação, que aumentam a desigualdade social”, evocando “a grande precariedade” às vezes “desumana”, na qual a população da ilha vive.
Em Madagascar, a quinta maior ilha do mundo, com 587 mil km² e 25 milhões de habitantes, muitas pessoas quase não comem e não vão à escola. Neste território, as instituições religiosas acabam desempenhando um papel importante na educação e na saúde.
Ainda neste domingo, o papa planeja visitar uma localidade de 25 mil habitantes, Akamasoa (“bons amigos”, em malgaxe). Ela foi criada em um antigo depósito de lixo do padre argentino Pedro, de 71 anos, que tirou milhares de pessoas da miséria e é uma figura central do catolicismo em Madagascar.
Fonte: Yahoo!