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Já são nove meses sem aulas presenciais regulares em boa parte do Brasil, desde a interrupção como medida preventiva para conter o avanço do novo coronavírus. Quem tinha a estrutura mínima conseguiu seguir estudando, mas de casa, longe do ambiente escolar, dos professores e dos colegas de sala.
Com o ano letivo terminando, a grande dúvida é como ou mesmo se haverá a retomada das atividades no início do ano que vem – na cidade de São Paulo, há previsão para o início de fevereiro, segundo a Secretaria Municipal da Educação.
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O retorno é apoiado por um grupo de pediatras, que assina manifesto chamado “Lugar de Criança é na Escola”. O documento, que reúne mais de 10 mil assinaturas, defende que a falta do ensino presencial oferece riscos em curto, médio e longo prazo no desenvolvimento de crianças e adolescentes.
Entre as consequências do isolamento social prolongado, apontadas pelos médicos, estão transtornos de sono, ansiedade, obesidade e danos pela exposição excessiva a telas. O texto busca pressionar governos a agir para implementar protocolos de segurança e fiscalização rígidos, que permitam o retorno o mais rápido possível.
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“Países que seguem uma cultura de gestão por evidência científica foram atualizando suas condutas e tendendo a reabrir”, afirma o pediatra Daniel Becker, um dos que apoiam o manifesto. “As escolas são muito mais do que lugares de aprendizado, são essenciais para as crianças, é onde elas aprendem a socializar, a se colocarem, a serem ouvidas.”
Mãe de Fernanda, 5 anos, a técnica de enfermagem Viviane Melo, 41 anos, notou que, desde o início da pandemia, o comportamento de sua filha mudou. “Ela interagia mais. Agora vê algumas pessoas e não consegue mais ser a menina que era antes, ativa, que brincava, gostava de conversar”, conta.
Para Becker, esse recuo no desenvolvimento pode levar a problemas que vão além do indivíduo. “Mais um ano de perda escolar pode lesar a economia brasileira por muito tempo, pela perda de proficiência e de capacidade, que leva à perda de empregabilidade.”
No ano que vem, Viviane espera que Fernanda possa reencontrar os amigos e professores da Emei (Escola Municipal de Educação Infantil) Nenê do Amanhã, na Vila Beatriz, zona leste – mas com todos os cuidados. “A gente não consegue suprir a escola, as atividades, as brincadeiras. O ideal é voltar para a escola.”
‘A VIDA É MAIS IMPORTANTE’, DIZ SINDICATO
Presidente do Sinpeem (Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino Municipal-SP), Claudio Fonseca reconhece a necessidade da volta das aulas presenciais no ano que vem, mas alerta que isso só será possível com o cumprimento pleno das promessas de adaptações nas escolas.
“Não há prejuízo maior do que perder a vida. Não temos posicionamento de ‘só retorna quando houver vacina’. Nosso posicionamento é: retorna com segurança”, afirma. “Se de fato se revelar segura, os profissionais da educação são os maiores defensores da educação básica presencial.”
Jornal Metro