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Feita exclusivamente de garrafas plásticas usadas, uma imagem de Nossa Senhora Aparecida impressiona os moradores de Barretos (SP) não só pela imponência dos mais de sete metros de altura, mas pelo significado que o monumento carrega: uma homenagem à cura de uma paciente com Covid-19.
Ao todo, foram quatro meses de trabalho coletivo para que a estrutura ficasse de pé. As 10 mil garrafas que compõem a imagem chegaram até o idealizador, Carlos Antônio Ferreira, por meio de doações de amigos e vizinhos.
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A imagem foi construída em um gesto de gratidão de Carlos à santa de devoção depois que a mulher dele, Cleia Regina dos Santos, recebeu alta do hospital. Em janeiro, ela foi diagnosticada com Covid-19.
“Eu tinha coriza no nariz, dor de cabeça e um pouquinho de tosse. Aí veio o cansaço e você já não conseguia nem levantar da cama direito. Tomar banho sozinha, nem pensar. E o cansaço cada vez aumentando mais”, diz Cleia.
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Drama em família
Com a piora do quadro, a aposentada precisou ser internada e passou 21 dias intubada na UTI, com necessidade de traqueostomia.
“Eu acompanhei ela da UPA até a porta do Nossa Senhora [hospital] e o hospital me chamou para entregar a aliança dela. Foi a única coisa que eles me deram.”
Enquanto a mulher estava intubada, Carlos chegou a pensar que a família não conseguiria superar a situação.
“Foi um terror, porque eu tive que parar minha vida todinha e eu ficava o dia inteiro olhando para o celular esperando notícias dos médicos. Eu pensava que a gente não ia conseguir”, diz.
Na porta do hospital que leva o nome da santa, Carlos passava horas em oração, pedindo pela recuperação da mulher. A reviravolta tão esperada começou a dar sinais quando Cleia foi finalmente tirada da sedação.
“Eu cheguei lá e a enfermeira falou que eu podia chamar ela porque já tinha abaixado a medicação. Eu falei que a família estava esperando ela, o filho, os amigos”, diz Carlos. “Eu acordei com meu marido me chamando, ele falava que era para eu responder porque tinha muita gente orando por mim. Eu só mexi o olho. Foi um milagre”, afirma Cleia.
O milagre da cura, como diz Cleia, inspirou o marido a construir a imagem em uma praça de Barretos. O monumento ao mesmo tempo simples e grandioso tem quatro metros de largura e sete metros e meio de altura. As dez mil garrafas foram recolhidas e doadas por moradores da comunidade.
A estrutura de ferro foi um presente especial de um amigo, o soldador Michel Radamano. Em julho, Michel contraiu Covid e não resistiu às complicações da doença. A mãe de Cleia também ficou doente, e morreu no mesmo mês.
O casal acredita que a imagem da santa é plural: nasceu inspirada por uma história, mas abraçou diferentes pessoas que enfrentam a mesma dificuldade.
“A gente fez a imagem não no pensamento de vir a nós, mas a todos. Todos aqueles que têm fé e acreditam. A imagem é justamente para isso, a santa, com certeza, olha por todos”, afirma Carlos.
Fonte: G1 – Foto: Reprodução/EPTV