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Candidato ao governo do Estado pelo PSDB, o ex-prefeito de São Paulo, João Dória, fez uma rápida visita a Botucatu na sexta-feira (31), onde promoveu atividades de campanha junto a correligionários. Recepcionado pelo prefeito Mário Pardini, o tucano percorreu alguns pontos de investimento no Município, como o local que receberá a futura represa do Rio Pardo, no complexo do Véu da Noiva.
Em coletiva à imprensa, na sede do PSDB botucatuense, o tucano ressaltou alguns pontos de seu programa de governo, o qual priorizará parcerias com a iniciativa privada e a eficácia das ações dos serviços públicos. Também reforçou a necessidade de aprimorar a instalação de parques tecnológicos, priorizando as características logísticas e econômicas das regiões que pleiteiam tal equipamento de fomento econômico.
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Os temas que permearam a conversa rápida (menos de vinte minutos) com os jornalistas centraram a segurança pública, onde Doria reafirmou a necessidade de integração entre as polícias e as guardas civis municipais, além da reposição de policiais e armamentos.
Crise Hídrica e abertura de capital da Sabesp
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Os paulistas vivenciaram, entre 2014 e 2016, o prenúncio de uma crise de abastecimento, a qual ficou conhecida como “Crise Hídrica”. O fato gerou apreensão e críticas ao governo estadual pelas medidas nada eficazes em garantir o abastecimento, tanto na Grande São Paulo, quanto no interior. Influenciada pela estiagem, a situação se agravaria pela
captação de água na chamada “reserva técnica”, nível abaixo do recomendado pelo consumo. A própria Organização das Nações Unidas (ONU) criticou o governo paulista pela falta de investimento na infraestrutura de abastecimento.
A visita de Doria a Botucatu, curiosamente, iniciou-se com uma rápida passagem no local onde será construída a barragem do Rio Pardo, maior projeto do governo Pardini, cujos investimentos deverão chegar a R$ 50 milhões e que ainda dependem de captação em diversas instâncias governamentais e de fomento.
O candidato ressaltou que o auxílio à futura represa se torna “compromisso de governo”. “Não se pode ter uma cidade com mais de 150 mil habitantes sob risco constante de desabastecimento de água. O projeto da barragem é viável e propomos também articular conversas com o governo federal para viabilizar”, ressaltou Doria.
Questionado sobre o plano de governo e a temática de abastecimento na capital e interior, o candidato afirmou que o tema foi desenvolvido na gestão de Geraldo Alckmin (candidato à Presidência da República também pelo PSDB), e que os projetos de interligação entre as bacias hidrográficas paulistas terão continuidade.
Outro ponto frisado foi quanto ao papel da Sabesp nos investimentos de saneamento. Em entrevistas anteriores, o candidato ressaltou que não privatizaria a companhia estatal de economia mista (que possui ações em bolsa e investimentos privados). No entanto, salientou a necessidade de fazer captação de receita junto à iniciativa privada. “A Sabesp precisa ter um padrão de eficiência cada vez mais eleva. É uma empresa orgulho do Estado de São Paulo, está capitalizada, e em minha gestão será cada vez mais atrativa a investimentos. Ela pode receber um volume maior de investimentos privados com captação em Bolsas internacionais, assim como ocorreu recentemente”, frisou Doria.
Financiamento das universidades estaduais e parques tecnológicos
Responsável pela manutenção de três das principais universidades públicas do país – Universidade de São Paulo (USP), Universidade Estadual Paulista (Unesp) e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) -, o governo paulista destina desde 1995 o repasse de 9,57% da quota parte do ICMS (Imposto Sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços) às instituições. Com a crise econômica, a queda na arrecadação se tornou evidente com as instituições tendo dificuldade de financiamento. O orçamento de USP, Unesp e Unicamp foi de R$ 2,1 bilhões em 2017.
Doria diz que, em seu plano de governo, o sistema de destinação das verbas ao ensino superior será mantido nos moldes atuais, por atender a legislação. “É uma regra constitucional. Certamente iremos dialogar com os reitores das universidades para que possam melhorar a qualidade da gestão. O que não faz sentido é colocar mais recursos do que aqueles permitidos constitucionalmente. As universidades também têm que buscar eficiência de gestão, redução de custos e adotar o sistema equivalente usado nos Estados Unidos, onde ex-alunos que conquistaram posições de destaques possam colaborar destinando recursos. Também é importante o investimento de empresas nas pesquisas. Acredito que as universidades paulistas estejam bem equipadas na produção de conhecimento, podendo se capitalizar com investimentos privados”, salientou o tucano.
Quanto à criação de estruturas de fomentos à pesquisa e startups, os chamados Parques Tecnológicos, Doria ressaltou que a iniciativa é mensurar as regiões com maior necessidade deste equipamento e instalar conforme as características da economia regional. “Sou a favor dos parques, mas temos que ter cuidado para não haver exagero na criação dos mesmos, para que não se sobreponham. Por isso a Secretaria de Desenvolvimento é imprescindível para esse “desenho” das áreas de fomento. Há regiões que são vocacionadas para abrigar tais iniciativas e são definidas por suas características de logística, ambientais, entre outras. Um parque tecnológico não precisa necessariamente ser gigante, mas sim eficiente”, opinou.
Segurança Pública e integração das polícias
“É preciso lembrar que possuímos os melhores índices de segurança pública do país. São 7,4 homicídios por 100 mil habitantes, o que é uma realidade diferente no país. O Rio de Janeiro, nosso Estado vizinho, tem 35 homicídios por 100 mil habitantes. É preciso lembrar desses números, não justificar”, respondeu Doria aos questionamentos dos jornalistas quanto ao plano de Segurança Pública.
Mesmo com estatística defendida pelo candidato, a Segurança Pública paulista vive sob o déficit de policiais, sejam civis ou militares. Sindicatos vinculados à Polícia Civil apontam que hoje a corporação necessita de 13.900 agentes. Mesmo a Polícia Militar enfrenta redução de contingente. Em 2013 eram 89.400 PMs, número que não passava dos 77 mil no ano passado. Há, ainda, a questão do combate ao crime organizado e a articulação do Primeiro Comando da Capital (PCC), que atua dentro dos presídios paulista. “Mais do que ter índices, o cidadão precisa da sensação de segurança. Para isso temos que melhorar as condições das polícias, melhorando alguns pontos: gradualmente a questão salarial sem romper a política fiscal adotada pelo ex-governador Alckmin. Além disso, o Estado precisará investir no aumento do contingente, investir nos concursos e preparação desses profissionais”, explanou Doria.
Segundo ele, uma alternativa estudada é a integração entre as Guardas Civis Municipais, para o suporte nas ações de segurança pública. “Na maioria das cidades que possuem as guardas no interior, o efetivo delas é maior do que da própria Polícia Militar. Não faz sentido a inexistência dessa integração das polícias com as guardas. É necessária essa atuação conjunta para estratégia, planejamento e comunicação”, salientou o tucano.
Outro ponto abordado foi quanto a conservação de delegacias e equipamentos fornecidos às polícias. O candidato diz que há a necessidade de equiparar o armamento com os utilizados por outras corporações de segurança no exterior. Outra ideia seria a expansão dos Batalhões de Ações Especiais da Polícia Militar, dos atuais cinco postos, para vinte e duas unidades em quatro anos, cada um abrigando 300 policiais. “A polícia é que estará em condições de vantagem”, finalizou o tucano.
Pesquisas
As últimas pesquisas eleitorais apontam leve vantagem de Doria frente ao seu principal adversário, Paulo Skaf, do MDB.
O último levantamento do Datafolha, divulgado em 22 de agosto, mostra Doria com 25% das intenções de votos contra 20% de Skaf. O atual governador, Márcio França (PSB), e Luiz Marinho (PT), aparecem empatados com 4% cada. Indecisos somam 11%, sendo que 26% dos eleitores pesquisados cogitam votar em branco ou nulo. “Na capital não se tem mais empate técnico. Distanciamos um pouco mais também nas últimas sondagens. O fato é que estamos há cinco meses com campanha, essa é a décima pesquisa e é a décima pesquisa onde lidero. Tem que se levar em consideração que a campanha eleitoral começou oficialmente no dia 31 de agosto, com a propaganda em rádio e TV. Quase metade da população brasileira não estava ligada quanto à eleição e uma parte considerável ainda não tinha uma posição quanto ao seu voto. Com a campanha haverá uma rápida definição quanto aos nomes ao longo desses dias por esta parcela da população”, ressaltou o tucano.
Jornal Leia Notícias por Flávio Fogueral