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Mais conhecido pela atuação na presidência da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e demais entidades vinculadas à indústria paulista, Paulo Skaf, aos 62 anos, se apresenta como pré-candidato a governador paulista pela terceira vez. Dessa vez filiado ao MDB (Movimento Democrático Brasileiro), antigo PMDB, confia na consolidação de seu nome na preferência do eleitor para levar o pleito ao segundo turno.
Para o ex-presidente da Fiesp e pré-candidato ao governo paulista, o atual sistema administrativo estadual está “inchado” e ineficaz. Salientou como principais metas, a redução no número de secretarias existentes (sem dar um número exato), além de dinamizar os contratos de concessão a serem firmados pelos próximos anos com empresas privadas.
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A pré-candidatura de Skaf, no entanto, tem sido alvo de especulações. Reunião recente do presidente da República, Michel Temer (MDB), com a alta cúpula do PSDB paulista, pode apresentar novo cenário na disputa estadual. Isso porque o empresário está tecnicamente empatado nas intenções de votos com o ex-prefeito de São Paulo e pré-candidato tucano, João Doria Júnior, conforme pesquisa divulgada em junho pela Rede Bandeirantes. Ambos aparecem com 24% e 19%, respectivamente, com leve liderança do peessedebista.
Sobre possível desistência, o industrial é categórico em afirmar que não existe tal hipótese. Descarta, ainda, coligações a partir de rateio e indicação de cargos em um potencial governo do emedebista. “Se tiver que ceder, negociar ou fazer alguma troca, encaro a campanha sozinho”, ressalta Skaf.
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Licenciado do “Sistema S” no Estado, que engloba Senai, Sesi e Sebrae-SP, além do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), o pré-candidato ressaltou a agenda de investimentos das entidades representativas da indústria em Botucatu. Em maio, esteve na inauguração da ampliação da “Escola Luiz Massa”, do Senai, estimados em R$ 31,4 milhões.
Skaf esteve em Botucatu na última semana, onde recebeu o título de Cidadão Botucatuense. O ato, realizado na Câmara Municipal, reuniu empresários e políticos da região.
No local, atendeu aos poucos veículos de imprensa presentes na coletiva concedida antes de uma reunião fechada com correligionários do MDB.
Confira os principais trechos da entrevista coletiva:
Leia Notícias – Você entra nesta pré-campanha em um momento conturbado pelo qual o país atravessa, tanto nas esferas econômica, quanto política e social. São inúmeras incertezas nos cenários apresentados e que também chegam a São Paulo. De que forma esse quadro afeta a pré-campanha ao governo estadual?
Paulo Skaf – Na economia, verdadeiramente, passamos por anos difíceis, com crescimentos negativos entre 2015 e 2016, com retração estimada em 3%, mais de 14 milhões de desempregados. No ano passado houve pequena melhora, com crescimento de 1,1%. Se esperava que pudéssemos crescer 3% em 2018 e, aí entram as incertezas, principalmente as políticas e quanto às eleições presidenciais. Outro fator foi a greve dos caminhoneiros, que deu uma freada neste ritmo em um país que retomaria o crescimento. Isso significa demorar mais para a recuperação do emprego e geração de riqueza. A notícia é boa em tudo isso, pois as eleições renovam as esperanças e sinto-me feliz em participar desse momento que considero histórico para o país. Depois de tantas dificuldades que o Brasil passou na economia, na política, com todas essas crises, chega um ano de eleição e podemos mudar muito.
LN – Nesta pré-candidatura ao governo paulista, quais os partidos que o acompanham ou “peita” a disputa com chapa única?
PS – Se tiver que ceder, negociar ou fazer alguma troca, encaro a campanha sozinho. Em todas as reuniões disse que não há “troca troca” comigo. Não cedo secretarias ou cargos. Quero escrever uma nova História na administração paulista. O objetivo é fazer um trabalho de resultados para o Estado, com melhorias na escola pública, que lamentavelmente não é boa; uma nova postura para a Segurança Pública, além de pontos cruciais como a Saúde e a própria Infraestrutura. Gostaria muito de poder terminar meu compromisso hoje aqui (o recebimento do título de cidadão botucatuense) e voltar de trem para São Paulo. Mas, cadê o trem? Não temos uma ligação ferroviária eficaz entre esta região com Sorocaba, Campinas, Vale do Paraíba, Santos, São José dos Campos. Há muito a ser feito em São Paulo e, para isso, precisa ter equipe boa, séria e competente.
LN – Paulo, você vem de sucessivas campanhas. Em 2010, ainda pelo PSB, obteve um milhão de votos e, quatro anos depois, subiu para cinco milhões. Desponta como um dos principais pré-candidatos ao governo. Agora, chega como um dos principais players deste cenário, podendo levar a eleição ao Palácio dos Bandeirantes ao segundo turno. Isso muda o patamar de falar com o eleitor em um campanha que será mais curta?
PS – Tudo em nossa vida é uma construção. Iniciei minha carreira política em 2010 e nunca tive padrinhos políticos. Quando comecei tinha quarenta segundos de televisão e iniciei a jornada. Não sou um aventureiro, quero ajudar São Paulo a promover grandes mudanças, com a experiência da Fiesp e Ciesp na economia, do Sesi na Educação, do empreendedorismo para a geração de empregos. Por exemplo, temos grandes gargalos na Segurança Pública, com a Polícia Civil defasada e mal estruturada, com delegacias em situação de vergonha.
As polícias têm que ser integradas e bem preparadas. Na Saúde tem que se pegar todos os agentes envolvidos na gestão e fazer isso funcionar de maneira eficaz para que atenda bem a população. Vejo que o eleitor tem amadurecido a visão de querer uma nova História para o Estado.
LN – Um dos grandes gargalos, no Brasil, é quanto à infraestrutura viária e de logística. Em São Paulo, com a maior malha viária do país, a situação não é diferente, tendo a gestão e manutenção sendo entregues à iniciativa privada. Foi citada, anteriormente, a questão da greve dos caminhoneiros e a própria venda da rede ferroviária e a falta de investimentos. Uma das grandes reclamações é quanto ao número de pedágios existentes no Estado, o que encarece frete ou mesmo viagens. Sendo pré-candidato a governador, como avalia este sistema e pensa em mudanças neste aspecto?
PS – Primeiro, concessão a meu ver, e será assim se for eleito, é aquela que oferece o menor preço de tarifa. Nunca uma concessão onerosa, onde o que der o maior valor ao governo vence o processo licitatório e depois o usuário “paga o pato”. Foi assim que funcionou nos governos do PSDB quanto às rodovias estaduais e por isso que os pedágios são verdadeira fortuna. Na outra modalidade, se cria as mesmas condições de investimentos e manutenção, mas quem vence é a empresa ou consórcio que apresentar a menor tarifa de pedágio. É assim que enxergo ser o método mais justo ao contribuinte. Não romperei contrato algum e eles serão mantidos até o final. O que não farei são novas concessões ou renovação, sem ter a modalidade de menor preço. Muitas vezes ouço que o governo quer fazer uma obra a mais e prorrogar o contrato de concessão. Isso é um erro, pois esses acordos são ruins para a população paulista. É bom apenas para as empresas concessionárias, que têm em seus resultados lucros altíssimos devido a essas tarifas
cobradas dos motoristas. Estima-se que, se um dos contratos fosse encerrado neste momento e aplicado a modalidade de menor preço, as tarifas seriam até menores das aplicadas atualmente.
LN – O orçamento paulista, até como reflexo da crise, decresceu em 2015 e 2016, tendo apenas um superávit no ano passado, quando a Assembleia Legislativa aprovou o montante de R$ 206,02 bilhões. Diante deste aspecto, como tornar o Estado mais viável e “enxuto”?
PS – Não se precisa de 25 secretarias para se administrar São Paulo. Tem como racionalizar os recursos para se obter mais eficiência. Certamente há muito desperdício com as verbas estatais. Quero aumentar a arrecadação, sem aumentar impostos. Veja bem, em momento algum cogita-se o aumento de impostos. E, claro, investir no desenvolvimento do Estado em diversas áreas, como: habitação, infraestrutura, etc. A cada ponto percentual que São Paulo cresce, a arrecadação aumenta em 1,5%. E toda essa riqueza é redistribuída para as áreas prioritárias. Tirando a amortização de juros da dívida paulista, se consegue mais de R$ 10 bilhões em investimentos. É pouco para o Estado fazer tudo, mas há outros mecanismos de investimentos, como as Parcerias Público-Privadas (PPPs).
LN – Qual o número ideal de secretarias?
PS – Se falar o número ideal, as perguntas seguintes certamente seriam para quais pastas que correm o risco de extinção. Isso começaria grande conflito de interesses antes mesmo da hora. Mas algo que certamente é fato: vinte e cinco secretarias é um número exagerado. Tendo esta racionalização, a eficiência pode chegar a ser maior que a própria economia gerada. Imagine ser governador e ter vinte e cinco secretários. Isso cria uma agenda complexa e propícia a “negociatas” das coligações. É necessário ter no governo gente séria e qualificada.
Fonte: Jornal Leia Notícias por Flávio Fogueral