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Fósseis de mamutes escavados durante as obras do Aeroporto Internacional Felipe Ángeles, no México, pertencem a uma linhagem genética diferente das já conhecidas na América do Norte, mostra um estudo publicado na revista científica Science e divulgada pelo portal Phys.org.
Desde 2019, quando começaram as escavações para a construção do aeroporto, ao menos 110 esqueletos de mamutes foram encontrados na região do antigo Lago Xaltocan, além de fósseis de outros animais pré-históricos. Até então, os paleontólogos acreditavam que esses mamutes seriam da espécie mamute-colombiano (Mammuthus columbi), típica da América do Norte e Central, possivelmente resultado de cruzamentos entre o mamute-lanoso (Mammuthus primigenius), vindo da Eurásia, e o mamute-da-estepe (Mammuthus trogontherii).
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O novo estudo, no entanto, analisou DNA mitocondrial extraído dos dentes dos fósseis — um método que permite acessar informações genéticas mesmo em climas tropicais, onde o DNA costuma se degradar mais rapidamente. O resultado surpreendeu ao revelar que os exemplares mexicanos apresentam uma linhagem própria, batizada de “Clado 1G”, distinta de outras já registradas no continente.
Segundo os pesquisadores, essa divergência genética é tão profunda quanto a observada entre outras grandes linhagens de mamutes norte-americanos. As análises de datação por radiocarbono indicam que esses grupos coexistiram no Pleistoceno Tardio, entre 40 mil e 12,7 mil anos atrás.
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Os cientistas sugerem duas hipóteses para explicar o achado: a existência de diversidade genética já no ancestral M. primigenius, antes do cruzamento com o M. trogontherii, ou múltiplos eventos de hibridização ocorridos em momentos diferentes. A equipe, porém, considera mais provável a primeira explicação.
Para os autores, o estudo demonstra a importância de recuperar dados genômicos de diferentes regiões geográficas para compreender melhor a evolução de espécies extintas. Além disso, reforça que é possível recuperar DNA viável mesmo de fósseis encontrados em latitudes tropicais — algo que até então era considerado raro.

Fonte: Um Só Planeta