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Se há um hábito que atravessa a história da humanidade, é o banho, item de higiene pessoal indispensável para a saúde. Em suas origens, o banho era realizado em ambientes públicos, caso da Antiguidade Greco-Romana, em que nobres e plebeus se reuniam de forma indistinta. Durante a Idade Média, contudo, esse saudável hábito se perdeu, só retornando a partir da década de 1930!
Corpo: âmbito profano
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As razões para o banho se tornar cada vez menos comum ao longo da história são simples. Com a ascensão do cristianismo, o corpo e a sua exibição pública passaram a ser fortemente condenados. O Papa Gregório I (pontificado de 590 a 604) qualificava o corpo como “abominável vestimenta da alma” e a orientação da igreja era de que lavar mãos e rosto bastava, com apenas um banho por ano em ambiente privado.
Esse tipo de restrição, associado a um período de baixíssimo nível de saneamento, levou ao rápido desenvolvimento de doenças e pestes que dizimaram a população europeia. A mais famosa delas, a peste bubônica, chegou a matar cerca de um terço da população, levando os europeus a reavaliarem seus conceitos de higiene e, por que não, de pecado.
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Ocidente X Oriente
Enquanto cristãos morriam aos montes, judeus com seus banhos semanais mostravam-se mais resistentes à praga. Inicialmente, foram acusados de bruxaria, mas o contato com outros povos, do Oriente Médio à América, trouxeram de volta o hábito do banho e seus benefícios.
Onde o catolicismo não conseguiu avançar, os banhos públicos ainda eram uma realidade, como entre os homens muçulmanos. Neles, turcos e árabes não só se lavavam, mas também realizavam sessões de depilação, massagem, hidratação, branqueamento dos dentes e maquiagem — um verdadeiro spa.
Expedições europeias
O avanço das Cruzadas colocou em contato os hábitos nada higiênicos dos europeus e uma sociedade que preservava o banho. Os soldados que voltavam de suas missões difundiam o hábito de se banhar.
E, anos mais tarde, por meio das Grandes Navegações os viajantes se depararam com povos indígenas das Américas e seus banhos quase que diários num contexto de clima tropical e altas temperaturas.
Desmentindo a fake news: Banho é bom
Mas não pense que o retorno do banho à lista de tarefas diárias dos europeus foi algo simples. Além da condenação religiosa da nudez pública, a perda desse hábito também esteve associado à difusão de doenças nos banheiros públicos, o que gerou uma percepção social de que o banho fazia mal. Como uma fake news, esse mito demorou para ser desmontado e, mesmo na década 1930, esses banhos eram semanais — tais como os dos judeus — e bem menos disseminados do que nos dias atuais.
Hoje, tomar banho é um hábito intuitivo e, espera-se, diário. A atividade ganhou inclusive alguns aspectos de luxo, como banheiras, sais de banho, essências e outros apetrechos que fazem desse momento de higiene também um momento de prazer. A disseminação de chuveiros aquecidos e banheiros domésticos — o que só foi ocorrer após a Segunda Guerra — a higiene pessoal tornou-se algo indispensável. Dessa vez para sempre, a gente espera.