07 de setembro, 2024

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De Pereira a Tubinho – o Rei do Riso

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Em menos de 26 minutos, tempo que durou esta entrevista, Pereira França Neto transforma-se em Tubinho. Na aparência, dois homens bem diferentes um do outro. Pereira, empresário do ramo de entretenimento, 37 anos, casado com Angelita Vaz, pai da Maria Eduarda, do Victor, do Alexandre e da Lívia. Tubinho, palhaço, um adolescente prestes a fazer 16 anos que faz rir com um simples “Ói, que tonto…”. O que eles têm em comum? A paixão pela comédia. Aliás, paixão que está no sangue. Pereira Neto é de família circense. Com Tubinho, homenageia o tio-avô Juvenor Vilaça Garcia, o tio Juve, que adotou esse nome em 1959. Sabe por quê? Porque, na época, o básico de toda mulher era ter um tubinho escondido no armário. Pelo menos era o que dizia o anúncio de lançamento do vestido.

Você nasceu Pereira França Neto. Virou Tubinho em que momento?

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Pereira Franca Neto, o Tubinho – Em junho de 2001. Meu tio-avô Juvenor Vilaça Garcia, o tio Juve, em 1959, com a saída do palhaço do circo da família, o Circo Irmãos Garcia, precisou virar palhaço. E ele precisava de um nome. Na época, segundo minha família conta, estava sendo lançado o vestido tubinho. E a propaganda desse vestido era que o básico de toda mulher era ter um tubinho escondido no armário. Então, ele fez um trocadilho.

O Tubinho é de uma família tradicional de circo, então.

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Tubinho – Tudo começou com a minha bisavó Dolores Vilaça Garcia, a vó Lola, que veio da Espanha e trabalhou em vários circos. Ela teve o circo dela um pouco antes de 1959, mas, em 59, ele virou circo-teatro. Antigamente, os espetáculos eram grandes eventos. Duravam 3, 4 horas. Mas os mais antigos da minha família faziam todos os números tradicionais de circo.

Você nasceu no circo?

Tubinho – Não. Eles rodaram até 1978. Eu nasci em 1980. E quando a família se reunia, o assunto era sempre o circo. E eu era o bobão que não tinha vivido isso. Com 14 anos, um primo meu montou um pavilhão em Itapoá (SC). É quase igual ao circo, os espetáculos são os mesmos, mas é fechado com chapa de alumínio. Eu fui trabalhar com ele, me apaixonei de vez. Fiquei um tempo e acabei montando minha lona em 2001, no Paraná, em Arapoti. Logo na primeira temporada foi um grande sucesso.

Os circos despertam encantamento nas crianças e saudosismo nos adultos. Especialmente neste momento, você acha que as pessoas têm necessidade de rir mais?

Tubinho – O palhaço Arrelia dizia que a única gargalhada de verdade você dá no circo. Isso tem muito sentido. Eu faço as minhas comédias também no teatro. As mesmas comédias. E não é a mesma coisa. O publico ri, mas, no teatro, as pessoas têm outro comportamento. O circo libera. No teatro, você vê o cara sentado corretamente vendo o espetáculo. No circo, não. O cara fica largado na cadeira, comendo pipoca, tomando refrigerante, completamente livre para rir. Se ele quiser bater na barriga de tanto rir, ele bate. No teatro, não. Mantém a pose.

Você mescla apresentações no circo e teatro. Fez trabalhos com o Dedé Santana…

Tubinho – Fiz e faço. A peça fez se manteve no repertório do meu circo. Ele (Dedé) deve vir a Bauru em algum momento dessa temporada. O Dedé é um irmão. Tenho feito programa do Ratinho de vez em quando e ele liga. Às vezes dando puxão de orelha, às vezes elogiando. É o Dedé Santana! E de humor, ele sabe tudo: o tempo da piada, o jeito da piada. Ele  fez uma comédia comigo uma vez e eu fiquei impressionado. Ele chegou e a gente estava ensaiando. E falou: “Nossa, eu fiz essa comédia há uns 30 anos, no circo do meu pai. Posso fazer?”. Daí eu disse: “Vamos ensaiar”. Ele não quis. Chegou na hora do espetáculo, fez como se tivesse feito ontem. Sem ensaio. Essa amizade com o Dedé é um dos troféus da minha carreira.

Você tem espetáculos para todas as idades. Como adapta?

Tubinho São espetáculos bem diferentes. Para criança, por exemplo, eu não coloco o Tubinho em cena para que o pai entenda que, apesar de ser palhaço, o Tubinho é para o público adulto. Quando a peça é para maior de 16 anos, tem palavrão. São peças um pouco mais pesadas, mas também não tem o Tubinho, porque ele é malandrão, mas é inocente, bobão. Tubinho trabalha muito com duplo sentido, mas não com palavrão.

Há pessoas que dizem que seu espetáculo tem muito palavrão…

Tubinho – Com certeza, é alguém que foi a um espetáculo para maior. Esse tem palavrão mesmo, e a gente avisa. São as piadas mais pesadas. Lota muito, mas tem gente que não gosta.

Você herdou o nome do tio-avô. Há comparações?

Tubinho – Tive uma vantagem muito grande: não o vi trabalhar. Não faço imitação dele. A maquiagem é outra, o jeito é outro, a roupa é outra. Não há nada copiado. E isso me deu uma possibilidade de criar a personalidade desse personagem. Automaticamente, não tive cobrança, não há o “seu tio fazia assim, seu tio fazia assado”. Quis perpetuar o nome, mas é outra proposta.

Como cria os espetáculos?

Tubinho – A gente trabalha muito com improviso. Grande parte dos espetáculos não tem texto escrito. Meu bisavô ensinou meu avô, que ensinou meu pai, que ensinou meu tio…

Dá para dizer que esse é o segredo do sucesso?

Tubinho – O segredo do sucesso é que, primeiro, a gente ama o que faz. Por isso, quando as pessoas criticam sem saber o que é, eu não fico bravo, fico magoado. Quando a pessoa conhece o trabalho e critica, ela tem o direito de não gostar. Mas fico triste quando a pessoa diz que é porcaria, sem graça e ainda não foi ao espetáculo. Como julga sem ver?

Palhaço também chora?

Tubinho – Tem uma história que é clássica de todo palhaço, de falar que alguém perdeu um ente querido na hora de entrar em cena. Eu tenho essa vivência. No dia em que me ligaram falando do falecimento da minha mãe (Zilá Rosa Pereira), eu estava pintado de palhaço, com o teatro lotado. Faltavam cinco minutos para cortina abrir. O nome da peça era “Tubinho no Velório”. Começamos cinco minutos adiantados, não fizemos intervalo. Fizemos duas horas de espetáculo. Agradeci, a cortina fechou. A única coisa que eu não fiz naquele dia foi voltar para tirar fotos com o público. Não consegui.

Avaliando hoje, você faria diferente?

Tubinho – Teria feito a mesma coisa. Naquele momento, meu pai (José Amilton França Pereira, o Amilton Garcia), que hoje é falecido, e duas irmãs (Ana Dolores e Luciane Rosa) estavam comigo no elenco. Quando falei “eu vou”, eles falaram que iam junto.  Foi uma coisa da família. E ela ia ficar triste se não fosse assim. Para ela, eu era o Jerry Lewis, o melhor comediante da história do planeta. Ela não ia aceitar cancelar um espetáculo. Se tivesse acontecido à tarde, talvez tivesse cancelado.

Palhaço é gente como a gente, então?

Tubinho – É. Palhaço é o que a gente tenta esconder, mas é o que todo mundo é. Todo mundo acerta o mindinho na quina do sofá, derruba água e tenta esconder. E o palhaço não esconde, não. Ele é tonto mesmo e acabou.

Perfil

Pereira França Neto nasceu em 7 de fevereiro de 1980, em Curitiba (PR), mas Tubinho é de 25 de junho de 2001. Nasceu em Arapoti (PR). França Neto é casado com Angelita Vaz, tem quatro filhos, Maria Eduarda, Victor, Alexandre e Lívia. Seu hobby é fazer comédia. Aliás, não se vê fazendo outra coisa. “Um dia, posso parar de fazer o Tubinho por um motivo muito forte. Mas não me vejo não fazendo comédia.” Música? Gosta de tudo. “De Tom Jobim a Tchu, Tcha, Tchá.”  E torce pelo time que está ganhando. Dá nota 10 para a esposa, Angelita. “Ela está comigo direto, e não é nada fácil. Além de segurar o rojão, é uma grande atriz.” Mas não dá nota 0 para ninguém. “Ninguém merece uma nota 0. Eu posso não gostar do trabalho, mas outra pessoa gosta”.

O Circo de Teatro Tubinho está em Bauru, ao lado do Bauru Shopping!
Confira a programação completa desta semana e mais informações através do: www.tubinho.com.br

Fonte: JCNET

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