22 de dezembro, 2024

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De peixe com ‘cabeça de bolha’ a rato anfíbio: cientistas descobrem 27 novas espécies durante expedição no Peru

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Pesquisadores da Conservation International descobriram 27 novas espécies para a ciência, incluindo quatro de mamíferos, oito de peixes, três de anfíbios, dez de borboletas e duas de besouros, durante uma expedição de 38 dias realizada na Paisagem de Alto Mayo, no noroeste do Peru. Além disso, encontraram outras 48 que são potencialmente novas, mas que exigem mais análises para confirmação.

A região analisada, que abrange dos Andes até a Amazônia e inclui a Floresta Protegida de Alto Mayo, é um mosaico complexo de ecossistemas e comunidades, contendo territórios indígenas, vilas e cidades.

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Uma nova espécie de peixe com “cabeça de bolha”. A função da sua estrutura incomum permanece um mistério — Foto: Robinson Olivera
Uma nova espécie de peixe com “cabeça de bolha”. A função da sua estrutura incomum permanece um mistério (Foto: Robinson Olivera)

“Descobrir quatro novos mamíferos em qualquer expedição é surpreendente – encontrá-los em uma região com populações humanas significativas é extraordinário”, disse Trond Larsen, que lidera o Programa de Avaliação Rápida da Conservation International no Moore Center for Science.

Os novos mamíferos são um morcego, um esquilo, um camundongo espinhoso e um camundongo anfíbio extremamente raro. Sobre este último, Larsen, em entrevista para o The Guardian, apontou que foi um achado “chocante e emocionante”.

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“Ele pertence a um grupo de roedores carnívoros semiaquáticos, para os quais a maioria das espécies são extremamente raras e difíceis de coletar, dando a eles um status quase mítico entre os especialistas em mamíferos. Nós só encontramos esse camundongo anfíbio em um pedaço único de floresta pantanosa que está ameaçado pela agricultura invasora, e ele pode não viver em nenhum outro lugar”, relatou.

Pesquisadores descobriram uma nova espécie de rato anfíbio, que pertence a um grupo de roedores semiaquáticos considerados um dos mais raros do mundo.
Pesquisadores descobriram uma nova espécie de rato anfíbio, que pertence a um grupo de roedores semiaquáticos considerados um dos mais raros do mundo. (Foto: Ronald Diaz)

Entre as oito novas espécies de peixes, quatro são do grupo Characiformes (Creagrutus sp1, Knodus sp2, Characidium sp e Apareiodon sp), três do grupo Siluriformes (Ancistrus sp, Chaetostoma sp1 e Chaetostoma aff. microps) e um do grupo Synbranchiformes (Synbranchus sp).

Os anfíbios são uma rã-da-chuva, uma rã-de-boca-estreita e uma salamandra trepadeira. Os dois besouros são da classe Scybalocanthon.

Além dos animais recém-descobertos, a expedição observou 49 espécies consideradas ameaçadas pela Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês), incluindo dois primatas criticamente ameaçados (macaco-barrigudo-de-cauda-amarela-peruano e macaco-titi-de-San-Martin), duas aves ameaçadas (pica-pau-anão-de-peito-pintado e coruja-pequena-de-bigodes-longos) e um sapo-arlequim ameaçado (sapo-de-pé-curto-da-Amazônia-superior).

Membros da equipe de insetos examinam uma floresta pantanosa usando redes e vários tipos de armadilhas — (Foto: Trond Larsen)

Planos de conservação

No total, os pesquisadores registraram 2.046 espécies, sendo que pelo menos 34 delas parecem viver apenas na paisagem de Alto Mayo ou na região de San Martin. Para documentar tantas criaturas, eles complementaram métodos tradicionais de pesquisa com tecnologias como armadilhas fotográficas, sensores bioacústicos e DNA ambiental (eDNA) coletado da água.

E em todo o processo foram acompanhados cientistas peruanos da Global Earth e por especialistas locais Federação Regional Indígena das Comunidades Awajun do Alto Mayo (FERIAAM) com amplo conhecimento tradicional.

“Descobrimos que áreas mais próximas de cidades e vilas ainda sustentam uma biodiversidade incrivelmente alta, incluindo espécies que não são encontradas em nenhum outro lugar”, salientou Larsen. “Essas descobertas ressaltam que, mesmo em áreas fortemente influenciadas por pessoas, a biodiversidade pode persistir, mas apenas se os ecossistemas forem gerenciados de forma sustentável.”

Os dados da expedição orientarão os planos para conectar a Floresta Protegida de Alto Mayo com a Área de Conservação Regional de Cordillera Escalera, formando um corredor ecológico essencial para a persistência das espécies.

Além disso, apoiarão um plano de gerenciamento espacial para a Paisagem de Alto Mayo, projetado para conservar a biodiversidade, aumentar a sustentabilidade agrícola e garantir serviços ecossistêmicos essenciais dos quais as comunidades locais dependem.

“Essa compreensão mais abrangente de onde as espécies vivem nos ajuda a identificar áreas com maior potencial para conservar ou restaurar a biodiversidade, bem como aquelas mais adequadas para atividades sustentáveis como ecoturismo, extração seletiva de madeira, agricultura e coleta de recursos”, completou Larsen.

Fonte: Um Só Planeta

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