Anúncios
As concentrações de mercúrio no Ártico têm aumentado, atingindo níveis tóxicos e ameaçando a vida selvagem local. Segundo estudo publicado na revista Naturena quinta-feira (12), as correntes oceânicas podem estar por trás do transporte de grandes estoques desse elemento, devido à poluição histórica por mercúrio.
Desde a década de 1970, tem havido uma redução das emissões globais de mercúrio – mas isso não se reflete na concentração desse elemento no Ártico, pelo contrário. “O transporte de mercúrio de fontes importantes, como a China, para a Groenlândia através das correntes oceânicas pode levar até 150 anos”, afirma o professor Rune Dietz, da Universidade de Aarhus, na Dinamarca, em comunicado. “Isso ajuda a explicar a falta de declínio nos níveis de mercúrio no Ártico.”
Anúncios
Atividades industriais, como queima de carvão e refino do petróleo, e a mineração, com destaque para extração de ouro, são as principais responsáveis pela emissão de mercúrio. Uma vez liberado na atmosfera, esse elemento pode permanecer por cerca de um ano no ar. Ao adentrar o oceano, são 300 anos de permanência. Ou seja, as altas concentrações de mercúrio na região podem persistir por séculos.

Fauna em Risco
“O mercúrio afeta o sistema imunológico, a reprodução e, possivelmente, as funções sensoriais dos animais, o que pode impactar sua sobrevivência”, explica Christian Sonne, da Universidade de Aarhus.
Anúncios
No caso de ursos polares e baleias dentadas, predadores de topo de cadeia no Ártico, as concentrações de mercúrio são de 20 a 30 vezes maiores do que antes da industrialização. Além de representar um risco aos animais, esse elemento neurotóxico também afeta comunidades indígenas que se alimentam desses mamíferos.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_7d5b9b5029304d27b7ef8a7f28b4d70f/internal_photos/bs/2025/O/B/pvaCViQUGaShHRaOAGCA/low-res-skudt-isbjoern-rune-dietz.avif)
No estudo, pesquisadores das universidades Aarhus e de Copenhague, na Dinamarca, analisaram mais de 700 amostras coletadas nos últimos 40 anos na Groenlândia, como tecidos de ursos polares, focas, peixes e turfa (material vegetal). Eles examinaram a composição de seis isótopos de mercúrio, que são comparáveis a impressões digitais, pois revelam sua origem e as vias de transporte.
Foi observado que o centro-oeste da Groenlândia é afetado pela Corrente de Irminger, que flui do Atlântico. Já outras regiões do território são afetadas pelas correntes do Oceano Ártico. Ambos os trajetos oceânicos transportam e espalham o mercúrio.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_7d5b9b5029304d27b7ef8a7f28b4d70f/internal_photos/bs/2025/T/F/aRWsWzTVGPpoX1tLdiBA/low-res-jens-sondergaard-mercury-lab.avif)
Segundo os pesquisadores, o estudo tem implicações em relação à efetividade da Convenção de Minamata, da Organização das Nações Unidas (ONU), que visa reduzir a poluição global por esse metal e foi assinada por 128 países em 2013 (incluindo o Brasil), e está vigor desde 2017.
“A influência do transporte oceânico de mercúrio também deve ser investigada em outras regiões do mundo para ajudar a avaliar os efeitos das regulamentações de mercúrio sob a Convenção de Minamata e para cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU”, dizem os autores da pesquisa.
Fonte: Um Só Planeta