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Acostumado a fazer resgate de animais silvestres, o ambientalista e voluntário, Samuel Maria, de Monte Alto (SP), recebeu um chamado para capturar dois filhotes de coruja. O que ele não imaginava é que ali começava uma amizade diferente. Uma das corujas não quis mais ir embora da casa dele.
O resgate foi feito em março deste ano. As corujas, da espécie Siundara, tem como característica o desenho de um coração na face. Elas estavam em um terreno na cidade e como o ambientalista não encontrou o ninho delas, começou a cuidar.
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“Eu fiquei com as duas e alimentava elas com ratos até crescerem e conseguirem voltar para a natureza. Com o passar do tempo uma delas resolveu partir, mas esta volta todos os dias”, conta Samuel.
Por ter hábitos noturnos, a coruja, chamada carinhosamente de Guardiã, sai toda noite para procurar alimento e só volta no início da manhã para descansar quase sempre no mesmo lugar, um jardim na casa de Samuel.
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“Na verdade eu não deixo ela interagir muito comigo especialmente porque eu quero que ela volte para a natureza e não tenha tanto contato com ser humano. Então eu não tento pegar ela na mão ou tentar deixar ela comigo por causa disso. Eu quero que ela desenvolva o instinto selvagem dela”, comenta.
Samuel orienta ainda que é proibido perturbar ou criar animais silvestres em casa e que o trabalho de resgate deve ser feito apenas por pessoas capacitadas.
“Se a pessoa não souber manusear o animal ela pode se machucar e também ferir o animal. Além disso, ela pode estar praticando um crime ambiental”, declara.
Outras amizades
O ambientalista iniciou o trabalho de resgate de animais em 2012 e desde então, já foram mais de dois mil salvamentos.
“Faço esse trabalho por amor e porque não tem ninguém que faça isso nem em Monte Alto e nem na região. São os animais que o pessoal tem mais medo como cobra, aranha e pra mim eles merecem o mesmo respeito que cachorro e gato”, explica.
E foi esse amor que fez com ele conquistasse outras amizades ‘animais’ ao longo da vida. Já cuidou até de tamaduá-bandeira, mas foi em 2021 que ele resgatou um filhote de urubu e um de arara-canindé. Os dois cresceram juntos e livres no sítio da família.
“São amizades que meu filho Arthur, principalmente, gosta muito. Ele me acompanha nessas aventuras. Minha mãe que fica muito brava e com medo quando eu resgato alguma cobra”, brinca.
Mas para Samuel, a amizade com Guardiã não deve durar muito tempo. Ele conta que ela também é conhecida como ‘coruja da igreja’ por gostar de fazer os ninhos nas torres dessas construções e também nos forros das casas.
“Eu acho que ela vai acabar indo embora porque ela vai crescendo, aí ela vai precisando comer e vai indo para o meio do mato. Então, ela vai acabar procurando outros lugares”, comenta.
Apesar da despedida ser inevitável, ele registra os momentos em fotos, vídeos e nas memórias afetivas que cria com esses animais. Para ele, pequenos ‘gestos de gratidão’ da coruja já são uma grande vitória.
Ela fica com aquele olhar de coruja, virando a cabeça de um lado pro outro e isso eu acho fantástico! Ela voltar pra minha casa todos os dias e isso quer dizer que ela tem respeito por mim e confiança e isso já é demais, já é pra mim uma vitória”, comemora.
Fonte: G1