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Há diversos aplicativos que ajudam mulheres que não querem usar contraceptivos hormonais a entenderem seus corpos e identificar os dias férteis.
Um deles é o Natural Cycles, primeira tecnologia do gênero a ser certificada como um dispositivo médico voltado para a contracepção. A determinação foi feita pela Tüv Süd, organização europeia de inspeção e certificação, e por enquanto, vale somente para a Europa.
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Disponível também para brasileiras, ele não faz apenas a contagem de um provável dia fértil, mas a compara com a temperatura corporal, que muda conforme o ciclo.
Aplicativo estima dia fértil: como?
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O aplicativo foi criado pela física Elina Berglund, que fez parte da equipe que descobriu a partícula subatômica Bóson de Higgs, e seu marido, o pós-doutor Raoul Scherwitzl.
O algoritmo do Natural Cycles calcula o período fértil pela interpretação da temperatura, o que o torna útil tanto para quem quer evitar filhos, quanto para aumentar as chances de engravidar.
O calor corporal sofre alterações durante o ciclo menstrual. Por exemplo, a ovulação faz com que a temperatura se eleve devido à ação da progesterona. Assim, medi-la é uma forma de dizer se alguém está mais ou menos propenso à gravidez.
A ideia é semelhante ao método sintotermal para contracepção, que analisa, além da temperatura, a altura do colo do útero e o aspecto do muco cervical.
Quem pode usar?
O uso é recomendado para mulheres entre 20 e 40 anos que mantenham relacionamentos estáveis nos quais se sintam seguras a ponto de ter relações sexuais sem preservativo nos dias não férteis, já que a tecnologia não previne a transmissão de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs).
Mesmo assim, vale lembrar que nenhum relacionamento estável é prova de ausência de DSTs e só a camisinha fornece essa garantia.
Contraindicação
Uso de outros contraceptivos
É contraindicado para pessoas que usam métodos contraceptivos hormonais (como DIU de mirena, implanon e pílula), pois eles interferem na temperatura basal.
Ciclos irregulares
O site do Natural Cycle afirma que o algorítimo pode lidar com usuárias que têm ciclos irregulares, mas a informação não será tão exata e, deste modo, o método se torna pouco interessante.
Pesquisas comprovam eficácia
A organização realizou pesquisas científicas com especialistas do campo de fertilidade e contracepção, já que alega que os trabalhos sobre métodos de percepção da fertilidade ainda são escassos.
O primeiro estudo mostrou que o algoritmo do app é tão eficaz para identificar o período fértil quanto os métodos clínicos, como ultrassom. Já o segundo estudoconstatou que apenas cinco em cada 1000 mulheres engravidaram após usar o programa corretamente.
Autoconhecimento
“É muito útil para que a mulher conheça o próprio ciclo, que é uma sabedoria que tem sido perdida”, afirma a ginecologista Bárbara Murayama, do Hospital 9 de Julho.
Esse benefício permite a conexão com si próprio, além de autonomia sob o próprio corpo.
Bom para planejar gravidez
Quem deseja engravidar pode usar o aplicativo para saber os dias em que está mais fértil e aumentar as chances de concepção, mas é preciso controlar as expectativas.
“A medição diária pode criar ansiedade, que é ruim pois prejudica a ovulação e fertilização. É um método eficaz, mas tem de usar com responsabilidade”, ressalta a ginecologista.
Funciona para contracepção, mas pode ser difícil de seguir
O app atingiu índices satisfatórios de contracepção, apesar de não serem tão bons quanto os dos métodos convencionais. “É uma opção que não é pior ou melhor que outras, mas deve ser pensada com cautela e preferencialmente junto ao médico, pois exige disciplina”, explica a ginecologista Bárbara Murayama.
Entre as regras, está não exagerar na bebida, dormir bem e outros requisitos que, se não cumpridos, dão diferença de temperatura. Ainda por cima, tem de lembrar de usar camisinha nos dias férteis.
Fonte: Vix