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A boliviana Ximena Suarez, de 31 anos, uma das seis pessoas que sobreviveram à queda do avião da Chapecoense em 2016, se juntou aos manifestantes que protestam contra a eleição do quarto mandato de Evo Morales. O protesto que chegou ao 15º dia, ganha força por todo o país e nesta terça-feira (5), prédios púbicos foram cercados como uma forma de pressionar o governo.
Desde sexta-feira passada (1º), grupos de manifestantes na Bolívia estão se posicionando também contra o segundo colocado nas eleições presidenciais do país, Carlos Mesa. Esses manifestantes chegam a propor uma nova eleição em que seja proibida a participação dos dois candidatos mais votados. Os protestos por essa proposta se concentraram em La Paz e em Cochabamba.
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Houve, ainda, manifestantes da oposição que concordaram em não esperar a auditoria da Organização dos Estados Americanos (OEA) e apoiar uma nova eleição sem Evo, mas com Mesa. O presidente rechaçou a ideia. Evo Morales prometeu apoiar um segundo turno com Mesa caso se comprove a fraude denunciada por opositores.
“Vamos defender a democracia e os resultados”, afirmou Evo Morales em discurso em Cochabamba, segundo a agência France Presse. Morales disse que bolivianos devem esperar o relatório da auditoria da OEA, que deve ficar pronto em duas semanas, um sinal de que pensa que lhe será favorável para selar um novo mandato até 2025.
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A comissária de bordo que sobreviveu ao acidente com o voo da Chapecoense se manifesta totalmente contra a reeleição de Morales. Ela diz que as manifestações são uma forma do povo boliviano expressar seu descontentamento com o processo eleitoral e com a nova reeleição de Morales. “A vontade do povo, foi violada nas eleições realizadas em 20 de outubro”, argumenta.
“Queremos democracia! Estamos lutando por um país melhor e não queremos que a nossa Bolívia se torne uma Venezuela”, afirmou Ximena, fazendo referência a outra nação sul-americana que enfrenta grave crise política.
De acordo com a aeromoça, as manifestações são pacíficas e a cada dia cresce a participação popular.
Conforme Ximena, o presidente do Comitê Cívico em Santa Cruz de La Sierra, Luis Fernando Camacho, chegou a fazer uma carta de renúncia para o presidente Evo Morales assinar.
Ele viajou de Santa Cruz de La Sierra para La Paz, para tentar entregar o documento e convencer Morales a assiná-lo, mas foi impedido de desembarcar no aeroporto da capital boliviana e está retornando para sua cidade.
“Nós não reconhecemos e nem acreditamos no resultado final dessas eleições. Não vamos desistir até que ele [Evo Morales] renuncie. Isso é inconstitucional e queremos um futuro melhor para todos os bolivianos”, explicou.
A aeromoça ainda reforça os reflexos dos protestos na região. O setor do comércio funciona somente das 6h até o meio-dia. Depois tudo fecha. O transporte público para e os carros são impedidos de trafegar na rua. Para se locomover, as únicas alternativas que restam são andar a pé ou de bicicleta.
Ximena Soarez ficou mundialmente conhecida após ser uma das poucas sobreviventes da tragédia do dia 28 de novembro de 2016, quando o avião da empresa aérea LaMia que levava a delegação da Chapecoense para cidade de Medellín, na Colômbia, caiu com 77 pessoas à bordo, sendo que 71 delas morreram e apenas seis sobreviveram.
A mulher, que na época tinha 28 anos, era comissária de bordo do voo que levava o time catarinense para a disputa do primeiro jogo da final da Copa Sul-Americana de 2016, contra o Atlético Nacional. A partida seria realizada no dia 30 do mesmo mês, mas depois do acidente, o jogo foi cancelado e a Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) deu ao time brasileiro o título de campeão da competição.
Dos seis sobreviventes, três eram jogadores (Neto, Alan Ruschel e Jakson Follmamn), um era jornalista (Rafael Henzel, que morreu em março deste ano, de infarto) e outros dois eram membros da tripulação da aeronave (Ximena Suarez e Erwsin Tumiri), ambos de nacionalidade boliviana.
Fonte: G1