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Apesar de prometer um tom otimista, ameaças de um EUA sombrio, dominado pelo “radicalismo socialista” no caso de uma vitória de Joe Biden e do Partido Democrata, deram a tônica da maioria das falas da primeira noite da Convenção Nacional do Partido Republicano, nesta segunda-feira (24)
Donald Trump Jr. (foto), filho mais velho do presidente, foi o primeiro membro da família Trump a falar a favor da reeleição de seu pai, destacando resultados econômicos positivos de sua primeira gestão e atacando seu oponente, o democrata Joe Biden.
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“Então, se você está procurando esperança, olhe para o homem que fez o que a administração fracassada de Obama-Biden nunca conseguiu fazer e construiu a maior economia que nosso país já viu – e o presidente Trump fará isso de novo”, afirmou.
A namorada de Trump Jr., Kimberly Guilfoyle, que organiza eventos de arrecadação de fundos para a campanha, foi responsável por um dos discursos mais empolgados, no qual chegou a levantar o tom de voz para dizer que Joe Biden “e seus camaradas socialistas” arruinariam o país.
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“Se você quiser ver o futuro socialista de Biden/Harris em nosso país, basta dar uma olhada na Califórnia”, disse . “Os democratas a transformaram em uma terra de agulhas de heroína descartadas nos parques, tumultos nas ruas e apagões nas casas”.
Prosseguindo em seu ataque, ela disse ainda que “eles querem destruir este país e tudo pelo que temos lutado e amamos. Eles querem roubar sua liberdade. Eles querem controlar o que você vê e pensa e acredita, para que possam controlar como você vive”.
A convenção republicana, na verdade, teve seu início oficial horas antes, ainda de manhã, quando os delegados confirmaram seus votos e nomearam oficialmente Donald Trump e Mike Pence como os candidatos a presidente e vice do partido.
Embora seu discurso oficial de aceitação esteja programado apenas para o encerramento, na quinta-feira, Trump e também Pence – que fala na quarta – apareceram de surpresa e falaram pessoalmente em Charlotte, na Carolina do Norte, onde acontece a maior parte do evento.
Espera-se que Trump faça uma aparição de alguma forma em cada uma das quatro noites.
Covid-19
À noite, Trump apareceu duas vezes: conversando com reféns libertados em outros países e também ao lado de médicos, enfermeiros, motoristas, funcionários de limpeza e outros envolvidos no atendimento a vítimas de Covid-19, pedindo que cada um contasse suas histórias.
“Estas são ótimas pessoas. Médicos, enfermeiras, bombeiros, um policial. Queremos agradecer a vocês, todos vocês têm sido incríveis e queremos agradecer a vocês e a todos os milhões de pessoas que vocês representam”, disse Trump.
Criticado por sua resposta à pandemia, o republicano dedicou um bloco da primeira noite da convenção ao assunto, com uma propaganda que o apontou como um líder exemplar, que agiu rapidamente e de forma melhor do que a OMS e presidentes de outros países. O vídeo incluiu cenas de governadores democratas elogiando a colaboração do governo federal no combate ao coronavírus – que Trump insiste em chamar de “China virus”.
Além disso, Amy Johnson Ford, uma enfermeira de West Virginia, deu um depoimento no qual agradeceu ao presidente por sua ação no combate ao coronavírus. “Como profissional de saúde, posso dizer sem hesitação, a rápida ação e liderança de Donald Trump salvou milhares de vidas durante a Covid-19. E os benefícios dessa resposta vão muito além do coronavírus”, disse.
Logo na abertura, Charlie Kirk, fundador e presidente da organização conservadora de jovens ativistas Turning Point USA, fez um discurso emotivo, no qual disse que “Trump é o guarda-costas da civilização ocidental”, e que “foi eleito para proteger nossas famílias da turba vingativa que busca destruir nosso modo de vida, nossos bairros, escolas, igrejas e valores. O presidente Trump foi eleito para defender o modo de vida americano”, dando o tom dramático adotado por outros convidados da noite – “turbas”, “destruição”, “zona de guerra”, “radicalismo” e “socialismo” foram palavras usadas repetidamente ao atribuir ameaças ao país aos democratas e a Joe Biden.
Entre outros a falar na primeira noite da convenção, estiveram também políticos leais a Trump, como Nikki Haley, ex-governadora da Carolina do Sul que foi nomeada embaixadora dos EUA na ONU pelo presidente, mas permaneceu apenas um ano no cargo, o senador Tim Scott, também da Carolina do Sul, e os deputados Matt Gaetz (Flórida) e Jim Jordan (Ohio).
‘Radicais marxistas’
Já entre os não políticos, se destacaram o casal de advogados Mark e Patricia McCloskey, que ficaram conhecidos após apontarem armas para manifestantes pacíficos do movimento Black Lives Matter quando estes passaram em frente a casa deles, em St. Louis, em 28 de junho.
“O que vocês viram acontecer conosco pode acontecer com qualquer um de vocês”, disse Patricia McCloskey, que se referiu aos manifestantes que desfilaram em frente à sua casa como “radicais marxistas”.
Os dois foram formalmente acusados de uso ilegal de armas, mas foram defendidos por Trump. Em um vídeo pré-gravado, Mark afirmou ainda que “apenas temos o direito dado por Deus de nos defender, e o direito de legítima defesa é um dos direitos civis mais básicos, um dos direitos humanos mais básicos”.
Outro convidado foi Andrew Pollack, pai de Meadow Pollack, uma jovem que foi morta durante o tiroteio na escola Marjory Stoneman Douglas, em Parkland, na Flórida, em 2018. Ele acusou democratas por leis que, afirmou, facilitam os tiroteios em escolas.
Fonte: G1