03 maio, 2024

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Com mudanças climáticas, camelos estão substituindo as vacas no Quênia

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Durante eras, a vaca foi o animal mais importante em grande parte de África, sendo a base das economias, das dietas e até das tradições. Porém, isso está mudando em razão do aquecimento global. Com as terras aproveitáveis diminuindo e a seca aumentando, o animal está desaparecendo na região.

Para se ter uma ideia, em algumas partes do Quênia, os pastores perderam 80% dos rebanhos. Em seu lugar, conforme relatado pelo jornal The Washington Post, outra espécie produtora de leite, só que mais resistente ao clima, está sendo utilizada: o camelo.

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Vários condados do país estão comprando os animais e distribuindo entre os moradores. Em Samburu, por exemplo, já foram quatro mil. Na última negociação, foram 77, adquiridos de comerciantes perto da fronteira com a Somália por US$ 600 (cerca de R$ 3,1 mil) cada.

Visão aérea de uma área de criação de camelos no Quênia (Foto: Um Só Planeta)

“Se não houvesse as mudanças climáticas, nem sequer nos daríamos ao trabalho de comprar estes camelos”, disse o governador local, Jonathan Lati Lelelit. “Temos tantas outras coisas para fazer com o pouco dinheiro que temos. Mas não temos opção.”

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Por lá, os animais só podem ser usados para retirar leite, e não para o consumo de carne, e têm sido ofertados aos mais necessitados – cada pessoa só pode receber um. Dentre os que já ganharam o seu está Dishon Leleina, de 42 anos. Antes da seca que assola a área, ele era considerado rico segundo a cultura local; tinha duas esposas, 10 filhos e 150 vacas. Ao longo dos anos, a escassez de água adoeceu e matou muitas delas. Outras foram roubadas. Quando as chuvas recomeçaram no ano passado, ele ainda tinha sete animais.

Animal resistente

Com suas pernas finas, barrigas onduladas e pescoços compridos, os camelos, entre os mamíferos, são os mais capazes de lidar com climas extremos. Esses animais podem passar duas semanas sem beber água – no caso das vacas, esse prazo é de apenas um ou dois dias; e perder 30% do peso corporal e sobreviver.

Sua temperatura corporal flutua em sincronia com os padrões climáticos diários. Quando fazem xixi, a urina escorre pelas pernas, mantendo-as frescas. Quando se deitam, seus joelhos duros dobram em pedestais que funcionam para sustentar grande parte de suas partes inferiores logo acima do solo, permitindo a passagem do ar frio.

E o camelo ainda produz leite, uma das maiores fontes nutricionais para a população de Samburu. No condado em questão, a aceitação foi gradual. Hoje, muitos pastores investem na espécie. “Estamos apenas seguindo as tendências da seca”, disse Lepason Lenanguram, morador da região. “As pessoas querem camelos agora. A cultura está mudando.”

Lelelit, o governador local, disse acreditar “totalmente” que mudar para o camelo é a atitude certa. Ele observou que o condado que administra, que tem grandes áreas distantes da rede elétrica e sem água corrente, contribuiu relativamente pouco para as emissões globais de gases de efeito estufa.

O Washington Post destaca que a maior fonte de emissões em áreas rurais como Samburu é o metano, um subproduto do complexo processo digestivo da vaca. Mas os camelos emitem muito menos.

E, no caso do condado, mesmo que os locais recebam apenas um animal do governo, isso pode “trazer paz de espírito”, afirmou o diretor do serviço de imprensa Jeff Lekupe. Isso porque, com ele, as chances de se obter leite aumentam. E ainda há o efeito cascata, ou seja, a fêmea pode cruzar com um macho, dar à luz e fazer a população crescer.

Fonte: Um Só Planeta

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