07 de setembro, 2024

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Com fundo repleto de gases tóxicos, Lago Kivu, na África, corre o risco de explodir

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O Lago Kivu, localizado na África, na fronteira entre a República Democrática do Congo e Ruanda, se transformou em uma verdadeira bomba-relógio, prestes a – literalmente – explodir. A questão é que o local, que é considerado uma anomalia geológica, é repleto de fontes termais que alimentam as suas profundezas com dióxido de carbono e metano, e esses gases podem irromper acima da superfície a qualquer momento.

Outros dois lagos que têm as mesmas características, o Lago Nyos e o Lago Monoun, ambos no noroeste de Camarões, entraram em erupção nos últimos 50 anos, expelindo uma nuvem letal de gás que sufocou seres humanos e animais que estavam no seu caminho, conforme relatado pela National Geographic.

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Sergei Katsev, limnologista da Universidade de Minnesota Duluth, observou à publicação norte-americana que o Lago Kivu tem uma estrutura vertical complicada. Segundo ele, embora “a parte superior se misture regularmente”, o resto do lago permanece estratificado. Estão presos no fundo dele quase 300 quilômetros cúbicos de dióxido de carbono dissolvidos em 58 quilômetros cúbicos de metano e misturados com sulfeto de hidrogênio.

“Quando o lago atingir 100% de saturação – e atualmente está em algum lugar acima de 60% – ele entrará em erupção espontânea”, destacou Philip Morkel, engenheiro e fundador da Hydragas Energy, empresa que está buscando financiamento para extrair metano do lago para transformar em eletricidade.

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Mas o Kivu também poderá entrar em erupção se as suas camadas forem suficientemente perturbadas, por exemplo, por “um terramoto ou uma grande intrusão de lava”, disse Katsev. Um agravante nessa história é que, além da zona de fenda diretamente abaixo do lago, existem dois vulcões ativos em um raio de 24 quilômetros.

E qualquer explosão por lá seria catastrófica para o ser humano e o meio ambiente. “[O lago] libertaria o equivalente a entre 2 a 6 gigatoneladas de carbono na atmosfera em um dia”, informou Morkel. Para efeito de comparação, as atuais emissões globais de dióxido de carbono são de aproximadamente 38 gigatoneladas por ano, no total.

“Esse gás em erupção pairaria sobre o lago em uma nuvem nebulosa por dias ou semanas. Seria extremamente tóxico. Se alguém estivesse naquela nuvem, demoraria um minuto para matá-lo”, acrescentou o engenheiro.

Aldeia de Bushushu, às margens do Lago Kivu, no território de Kalehe, província de Kivu do Sul, leste da República Democrática do Congo (Foto: Divulgação)

Esforços de Ruanda

Na tentativa de neutralizar a ameaça no Kivu, o governo de Ruanda autorizou a empresa privada KivuWatt a extrair metano e utilizá-lo para alimentar a rede elétrica do país. Só que essa ação pode ter um efeito contrário, perturbando a estrutura do lago e desencadeando a erupção que pretende prevenir.

Neste processo, a água rica em gás é retirada de uma certa profundidade, abaixo da barreira de gradiente, e, depois, é separado dela o CO2 e o metano. Na etapa seguinte, a água desgaseificada é devolvida ao lago.

“É um compromisso entre segurança e exploração comercial a longo prazo”, observou Katsev. “Se você devolver a água nas profundezas do lago, você diluirá sua zona de recursos para os anos futuros. No entanto, se a despejarmos mais acima”, como KivuWatt está a fazer atualmente, “a água gera uma pluma à medida que afunda através da camada de densidade, fazendo com que a água se misture verticalmente. O risco de erupção límnica está ligado a este movimento vertical.”

Para Martin Schmid, pesquisador do Instituto Suíço de Pesquisa Hídrica e Ambiental, o método usado é seguro: “Sabemos que o processo de desgaseificação altera a estratificação do lago. Isto foi previsto. Não achamos que isso seja realmente um problema – mas as previsões nunca são completamente corretas”, afirmou à National Geographic.

Por enquanto, a KivuWatt adiciona 26 MW de energia proveniente do Kivu à rede de Ruanda. Mas há planos para que este volume aumente para 100 MW.

Morkel advertiu que isso também elevaria o risco de explosão: “O que estes projetos fazem nessa esta escala não é muito prejudicial, mas se fossem acrescentados mais… poderiam atingir o ponto de danos irreversíveis”.

Fonte: Um Só Planeta

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