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O sistema de defesa de Israel é um dos mais sofisticados do planeta. Do outro lado desse conflito, o Irã desenvolveu armas com o apoio da Rússia e da Coreia do Norte.
Desde os primeiros alertas de que o Irã iria atacar Israel, a tensão tomou conta do mundo. Foram horas de apreensão, até que drones e mísseis começaram a ser interceptados em explosões brilhantes no céu.
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Mas é nos detalhes que se entende melhor esse conflito de contornos inéditos. Os iranianos jamais haviam atacado diretamente os israelenses. O Irã lançou mais de 300 drones e mísseis contra Israel. As forças de defesa de Israel afirmam que conseguiram interceptar 99% deles.
Foram cerca de 170 drones kamikaze não tripulados, como um em formato de asa delta, 30 mísseis de cruzeiro, que navegam sozinhos e podem voar a poucos metros da superfície, e mais 120 mísseis balísticos, que fazem trajetórias em arco usando a força da gravidade – esses teriam sido os poucos que conseguiram atingir de fato Israel.
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“A variação desse uso é bastante curiosa, não é usual esse tipo de variação. Mas a gente pode analisar para entender que esse processo provavelmente foi como um elemento de demonstração de força. Então, o objetivo central do ataque iraniano a Israel não era necessariamente gerar grandes danos ao território israelense, até porque o número de ogivas, o número de incursões aéreas, foi até pequena se comparado ao arsenal iraniano”, avalia Rodrigo Amaral, professor de Relações Internacionais da PUC-SP.
A distância mais curta entre Irã e Israel é de cerca de mil km. Ataques partiram também de grupos armados, apoiados pelo Irã, em outros países vizinhos: Iraque, Síria, Iêmen, Líbano.
Para um ataque inédito, uma grande operação de defesa com apoio de aliados. Estados Unidos, Reino Unido e a França compartilharam com Israel informações precisas de inteligência. Houve, também, participação direta. Só os Estados Unidos derrubaram, pelo menos, 70 drones e seis mísseis.
A Jordânia, um país árabe que tem um tratado de paz com Israel, também atuou para derrubar mísseis iranianos. Informou que fez isso em defesa própria para evitar que os artefatos caíssem em seu território.
“A Jordânia foi muito crítica em relação a Israel e sua atuação militar em Gaza. Então, isso também mostrou que vários países árabes que criticaram Israel devido a sua guerra contra o Hamas, não necessariamente vão criticar Israel no seu conflito com o Irã, que para vários países do Oriente Médio também é uma ameaça. O Irã tem uma relação muito ambígua, em vários sentidos, muito tensa com o mundo árabe. O Irã tem ambições de liderança regional. A Arábia Saudita também, o Egito também. Então, de certa forma, para a Arábia Saudita, o Irã é um rival. Então, quando o Irã acompanha esse risco de um conflito direto entre Israel e o Irã, a Arábia Saudita não estará do lado iraniano, apesar de também ter uma relação tensa com Israel. Vários desses países árabes são aliados dos Estados Unidos. Então, me parece que não há nenhum interesse por parte do mundo árabe em ver o Irã atacando Israel”, diz Oliver Stuenkel, professor de Relações Internacionais da FGV.
Quando um inimigo ameaça a segurança de Israel, as forças de defesa decidem como reagir e a qual ou quais os sistemas devem usar. O mais conhecido deles é o “Domo de Ferro”. É usado para abater foguetes de curto alcance, como os lançados pelo grupo terrorista Hamas, da Faixa de Gaza, e pelos extremistas do Hezbollah, no sul do Líbano. Quando um ataque é identificado, o sistema estima um ponto de impacto e lança um míssil interceptador para explodir o artefato inimigo ainda no ar.
Já o sistema chamado “Estilingue de David” é mais poderoso. Foi desenvolvido por americanos e israelenses para interceptar aviões inimigos. Drones e mísseis e curto e médio alcance. São mísseis que voam em uma altura de até 15 km e percorrem uma distância máxima de 300 km. Podem ser instalados em qualquer lugar do país.
Para derrubar os mísseis balísticos mais sofisticados e utilizados pelo Irã nos últimos anos, Israel desenvolveu o sistema chamado seta ou flecha. Ele é capaz de interceptar um míssil no espaço, do tipo que voa em altitudes de até 100 km, e percorrem quase 2,5 mil km de distância.
A maioria dos mísseis de última geração iraniana é desenvolvida a partir de modelos da Rússia e da Coreia do Norte. O Irã também exporta armas de guerra: a Rússia usa os drones iranianos para atacar a Ucrânia.
No domingo (14), um dia depois dos ataques, um outro sistema entrou em ação para interceptar um drone que teria sido lançado do Iêmen neste domingo. O “Domo C” fica instalado em um navio de guerra e funciona de maneira parecida com o “Domo de Ferro”.
Israel também mobiliza a Força Aérea, que tem jatos F-15 e F-16 fabricados nos Estados Unidos e caças capazes de abater drones ou mísseis.
Um dos poucos locais atingidos foi a base aérea de Nevatim. As autoridades israelenses afirmam que esse era o principal alvo do Irã, mas não houve grandes prejuízos.
“Acabou sendo um ataque grande em termos quantitativos, mas o Irã também parece ter desenhado o ataque de uma forma para que Israel tivesse tempo de abater boa parte dos mísseis. O alvo principal parece ter sido bases militares. O que também sinaliza que o Irã não buscou atingir a população civil israelense”, explica Oliver Stuenkel.
Fonte: G1