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Com mais que o triplo de casos de dengue no primeiro semestre deste ano em relação ao mesmo período de 2020, a Prefeitura de Piracicaba (SP) adiou a retomada do projeto do “Aedes do Bem”, que no passado gerou resultados positivos na cidade. O motivo, segundo a administração municipal, é o custo da iniciativa.
Em fevereiro, a Secretaria Municipal de Saúde já tinha revelado a intenção de reativação da iniciativa. Em abril, apontou a possibilidade de retomada em maio.
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Na última quinta-feira (14), no entanto, via Lei de Acesso à Informação a pasta comunicou que não houve a retomada e que “o principal motivo foi o alto custo”.
A secretaria não informou o valor proposta pela empresa detentora da tecnologia ou se há previsão de nova data para realizar esse tipo de combate ao transmissor da dengue na cidade.
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Em abril, a administração informou que era favorável ao retorno do projeto, tendo em vista que nos quatro anos de sua experiência na cidade mostrou ser uma ferramenta eficiente no controle do mosquito da dengue.
Também em abril, a Oxitec, empresa responsável pela tecnologia, informou que aguardava retorno em relação a uma proposta encaminhada à administração em março e sugeria reinício dos trabalhos a partir de outubro, dada a proximidade com o verão e a incidência de chuvas e altas temperaturas, que favorecem a proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença .
Como funciona o projeto
O “Aedes do Bem” de primeira geração, recebido na cidade em 2015, foi um projeto de mosquitos Aedes aegypti geneticamente modificados que cruzam com as fêmeas selvagens e as larvas geradas por elas não chegam à fase adulta, diminuindo a população do mosquito na região, e consequentemente, de casos de dengue.
Na segunda geração, que seria utilizada na retomada em Piracicaba, as descendentes fêmeas morrem e os novos machos herdam os genes do mosquito modificado e, após cada cruzamento, seguem as mortes somente das fêmeas, diminuindo a população.
Projeto anterior
Em 2015 o projeto foi implantado em Piracicaba, a primeira cidade do estado a recebê-lo. O bairro Cecap, alvo dessa primeira experimentação, mostrou resultados positivos com o projeto.
Em outubro de 2016, uma fábrica capaz de produzir 60 milhões de mosquitos geneticamente modificados por semana para combate ao Aedes aegypti.
Contudo, menos de dois anos depois, a fábrica foi fechada. Segundo a empresa, a nova geração do “Aedes do Bem” teria uma tecnologia que não requer uma instalação como a de Piracicaba e permitiria que a Oxitec Brasil implemente suas ofertas usando configurações de produção “flexíveis”.
O projeto continuou, mas em maio de 2019 houve a última soltura de mosquitos da primeira geração na cidade. Na época, a Oxitec informou que pretendia aplicar a tecnologia da segunda geração, mas a prefeitura buscava verbas com o estado e a união para dar continuidade. O contrato com a empresa terminou em 2020.
Casos em alta
De acordo com dados da Vigilância Epidemiológica, o município teve 4.904 casos confirmados da doença de janeiro a 8 de julho deste ano, enquanto neste período de 2020 foram 1.386 pessoas diagnosticadas com a doença, o que representa um aumento de 253,8%. Em 2019, foram 3.942 notificações positivas.
A quantidade de casos descartados foi mais que o dobro do ano passado, com 6.962 negativados, enquanto em 2020 foram notificados 3.199 e em 2019, 6.941. As últimas duas mortes pela dengue em Piracicaba ocorreram em 2019.
Também conforme as estatísticas da Vigilância Epidemiológica Municipal, as regiões que concentram mais pessoas diagnosticadas com a doença são o Centro, a Norte e a Leste:
- Norte: 1.102
- Sul: 747
- Leste: 793
- Oeste: 520
- Centro: 1.530
- Rural: 210
- Região não informada: 2
O órgão também informou que a cidade não teve casos confirmados de chikungunya ou zika vírus, que também são transmitidas pelo Aesde aegypti, entre 2019 e 2021.
Fonte: G1 – Foto: Laís Fernandes/RIC/PMI