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Camponeses ‘cocaleros’ libertaram nesta quinta-feira (28) 180 soldados do Exército colombiano que tinham retido na terça-feira quando realizavam operações antinarcóticos em um povoado fronteiriço com a Venezuela, informou a Defensoria do Povo.
À tarde houve “uma manifestação unilateral por parte das comunidades de se retirar do local e não impedir o trabalho da força pública”, assegurou em um comunicado a Defensoria do Povo, que zela pelos direitos humanos.
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Segundo o exército, camponeses armados com paus e facões cercaram as tropas que estavam destruindo cultivos de coca em Tibú, município do departamento de Norte de Santander, que concentra os maiores cultivos no mundo de coca, planta da qual se produz a cocaína.
Mais cedo, o presidente Iván Duque acusou os ‘cocaleros’ de “sequestro” e os advertiu que as autoridades agiriam no local se não houvesse a “libertação rápida” dos militares.
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Uma equipe da AFP viu quando os camponeses se retiraram da escola onde os militares estavam retidos. “O exército não foi vítima de nenhum tipo de violência, sequestro”, diz um comunicado divulgado pelos ‘cocaleros’.
“O cerco humanitário foi realizado com a finalidade de evitar possíveis violações aos direitos humanos (…) pelos antecedentes ocorridos no ano de 2020 em trabalhos de erradicação nos municípios de Cúcuta e Sardinata”, onde dois camponeses morreram, acrescenta o texto.
Os ‘cocaleros’ enfrentam com frequência os militares que arrancam os cultivos.
Os ‘cocaleros’ “sequestraram seis pelotões do Exército nacional”, disse mais cedo o general Ómar Sepúlveda. O oficial relatou que as tropas foram cercadas por camponeses armados com paus e facões, enquanto executavam “tarefas de luta contra toda a cadeia do narcotráfico”.
“Estão bem, estão com seu armamento. Eles não quiseram entrar em confronto e valorizo isso pelo profissionalismo (…), mas certamente estas práticas não podem continuar no país”, protestou o presidente Duque em declaração à imprensa.
“O que há ali é um sequestro e se isto não resultar em uma libertação rápida, será tratado como um sequestro por todas as autoridades”, alertou o presidente conservador.
O porta-voz de uma associação camponesa, que se identificou como “Junior”, disse à W Radio que a comunidade tem “a melhor disposição de diálogo” para permitir a saída dos militares.
Ele acrescentou que os soldados foram retidos em protesto porque – afirmam – o governo descumpriu seus compromissos no programa de substituição de plantios de coca por cultivos lícitos.
Em um vídeo compartilhado mais cedo pelo Exército com a AFP era possível ver um grupo de soldados com trajes camuflados e armados com fuzis no que parecia ser um pequeno casario. Civis os vigiavam de perto.
Mediação
A Defensoria do Povo, entidade que zela pelos direitos humanos, informou pelo Twitter que se dirigiria a Tibú para realizar a mediação e conseguir a libertação dos soldados.
Tibú, no departamento do Norte Santander, faz parte da chamada região do Catatumbo, território com mais narcocultivos no mundo.
Na área há cerca de 40.084 hectares cultivados com folhas de coca, segundo o último relatório da ONU, de 2020.
Rebeldes da guerrilha do ELN e dissidentes da ex-guerrilha das Farc que não aderiram ao acordo de paz de 2016 operam na região, lucrando com a receita do narcotráfico.
O defensor do povo Jaime Marthey disse à W Radio que os camponeses reivindicam há tempos que a erradicação seja um processo concertado.
Duque intensificou a perseguição a este negócio ilegal, mediante a erradicação forçada dos cultivos, tarefa que os soldados realizam manualmente.
Apesar da perseguição, milhares continuam plantando coca, especialmente com mão-de-obra de colonos e migrantes venezuelanos que fogem da crise social e econômica em seu país.https://tpc.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html
Com uma cifra recorde de produção de 1.010 toneladas em 2020, a Colômbia se manter como o maior exportador mundial de cocaína e os Estados Unidos como os principais consumidores da droga.
Fonte: Yahoo!