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A emergência climática promete ampliar um risco já conhecido por milhões de pessoas na Índia: picadas de cobras venenosas. Um estudo publicado na revista PLOS Neglected Tropical Diseases alerta que o aumento das temperaturas e as alterações no regime de chuvas podem empurrar espécies perigosas para novas áreas, expondo comunidades que pouco conviviam com esse tipo de ameaça.
Na Índia, as picadas de cobras já matam entre 46 mil e 60 mil pessoas por ano, mais do que em qualquer outro país. A maioria das vítimas vive em áreas rurais, distante de hospitais, e trabalha no campo, o que torna o socorro lento e, muitas vezes, ineficaz.
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O avanço de 4 espécies perigosas: as ‘Big Four
Quatro espécies concentram a maior parte dos casos graves: a naja-indiana, a krait-comum, a víbora-de-Russell e a víbora-escamada. Conhecidas como as “Big Four”, elas prosperam em vilarejos, lavouras e até áreas florestais, aumentando a chance de contato com humanos, relata o site Earth.org.
Para chegar a esses achados, os pesquisadores modelaram como o clima pode alterar a distribuição das espécies e cruzaram os resultados com dados sociais, como índices de pobreza e acesso a hospitais. O resultado foi um mapa de risco que mostra quais distritos podem enfrentar maiores perigos nas próximas décadas.
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O estudo aponta Bihar, Jharkhand, Assam e Uttar Pradesh como regiões críticas, pois combinam vulnerabilidade social, sistemas de saúde frágeis e alta densidade populacional. Mesmo áreas do centro e do sul do país, onde o risco tende a diminuir, ainda enfrentarão problemas pela dificuldade de acesso a hospitais e pela falta de antídotos.
“As mudanças climáticas estão alterando os territórios das espécies de cobras, o que pode aumentar as interações com humanos em áreas rurais e urbanas. Isso traz novos desafios para a saúde pública e para o manejo médico”, afirmam os autores.

Uma crise de saúde pública negligenciada
A Organização Mundial da Saúde já classifica as picadas de cobra como uma doença tropical negligenciada. Para os cientistas, o novo cenário climático agrava a situação. “Isso mostra que as mudanças climáticas não são apenas uma crise ambiental, mas também uma crise de saúde pública em formação”, destaca a pesquisa.
Entre as medidas urgentes para mitigar os risco estão ampliar a produção e a distribuição de soro antiofídico, fortalecer o atendimento médico em áreas rurais e promover campanhas de conscientização em escolas e comunidades agrícolas. Sem essas ações, um problema já grave pode se agravar ainda mais, alertam os especialistas.
Fonte: Um Só Planeta