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Um único enterro tradicional emite, em média, 833 kg de CO₂ na atmosfera, enquanto uma cremação libera cerca de 400 kg. Só nos Estados Unidos, mais de 1,6 milhão de toneladas de concreto e 14 mil toneladas de aço são usados anualmente na construção de túmulos.. Para enfrentar esse impacto, a startup britânica Resting Reef propõe uma alternativa ecológica: transformar cinzas humanas em recifes artificiais ancorados no fundo do mar.
A ideia surgiu das fundadoras Aura Pérez e Louise Skajem, que se conheceram durante seus mestrados no Royal College of Art e no Imperial College London. “Cemitérios devem ser lugares que nos reconectem com a natureza e nos lembrem de que somos parte de um ecossistema maior”, explica Pérez. Com essa filosofia, a empresa oferece um novo tipo de memorial: cinzas misturadas a conchas de ostras moídas e concreto, moldadas em estruturas de recifes que favorecem a vida marinha.
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A tecnologia usada no processo é a aquamação, uma alternativa à cremação tradicional e que utiliza soluções alcalinas. O material resultante é impresso em 3D em formatos diversos, com texturas e túneis que oferecem abrigo para várias espécies marinhas. Quando prontos, os recifes são instalados a cerca de 10 metros de profundidade, onde ajudam a regenerar a biodiversidade, filtrar a água e prevenir a erosão costeira. Cada estrutura pode capturar até 2,2 milhões de quilos de CO₂ em três anos.
A empresa começou suas atividades em 2024, em Bali, Indonésia, usando cinzas de animais de estimação para criar os primeiros recifes memoriais. A resposta foi tão positiva que a startup agora está expandindo a oferta para cinzas humanas. Atualmente, trabalha para obter licenças que permitam instalar recifes artificiais no Plymouth Breakwater, no sul da Inglaterra.
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“O setor funerário precisa mudar. Queremos transformar a indústria da morte em uma que promova a vida e o crescimento”, afirma Pérez. A iniciativa já recebeu reconhecimento internacional: venceu o Terra Carta Design Lab, competição criada pelo rei Carlos III e o designer Jony Ive, além de ter sido contemplada com uma bolsa da Innovate UK. As fundadoras também foram incluídas na lista da Forbes 30 Under 30 na categoria de impacto social.
Durante o projeto-piloto em Bali, a equipe colaborou com comunidades locais e instalou 24 recifes em memória de animais como gatos, cachorros, lagartos, peixes e aves exóticas. Os resultados surpreenderam: a diversidade de peixes nos recifes foi 12 vezes maior do que em áreas degradadas próximas, atraindo 59 espécies diferentes.
Com base no sucesso do projeto, a Resting Reef espera oferecer às famílias uma despedida simbólica que não apenas honre os entes queridos, mas também contribua para o futuro do planeta. “Trata-se de deixar um legado que literalmente dá vida nova aos oceanos”, resume Pérez.
Fonte: Um Só Planeta