27 de novembro, 2024

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Cientistas descobrem duas novas espécies de sapinhos-da-montanha, os minúsculos anfíbios do sul do Brasil

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Eles são diferentes da maioria dos sapos. A começar pelo tamanho: medem de 10 a 12 milímetros, menos do que a cabeça de um lápis. Não nadam e, se caírem na água, podem até se afogar. Quase não pulam. Cantam (coaxam) de dia. E nunca passam pela fase de girino.

São os Brachycephalus, apelidados pelos cientistas de sapinhos-da-montanha, nativos da região montanhosa da Serra do Mar, no Paraná e em Santa Catarina, a cerca de 1.200 metros de altitude. Estão entre os menores anfíbios do mundo.

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Agora, duas novas espécies acabam de ser catalogadas por biólogos brasileiros: a Brachycephalus coloratus, de cor laranja, e a Brachycephalus curupira, que é marrom. Ambas vivem em áreas de Mata Atlântica na região metropolitana de Curitiba (PR). Diferem de outras espécies identificadas anteriormente pelas cores e formato do corpo. A descoberta foi publicada em julho no periódico científico PeerJ.

“Não está totalmente esclarecido por que os sapinhos-da-montanha são tão pequenos. Eles passaram por um fenômeno evolutivo chamado de miniaturização. Acredita-se que, ao se adaptarem ao ambiente montanhoso, tiveram que diminuir de tamanho, para evitar ressecar e morrer”, explica o pesquisador Luiz Fernando Ribeiro, integrante da equipe que fez a descoberta, da ONG Mater Natura Instituto de Estudos Ambientais. Apesar de serem úmidas, as áreas de montanhas onde os minissapos vivem não têm corpos de água, como rios, lagoas, poças.

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Cada espécie ocupa uma região pouco extensa, com poucos hectares – às vezes uma única montanha. O coloratus, por exemplo, foi localizado em uma floresta da cidade de Piraquara. Já o curupira, em São José dos Pinhais.

“São regiões muito próximas da cidade. Apesar disso, ainda se consegue encontrar espécies novas. Isso mostra que a Mata Atlântica, apesar de ter diminuído muito, ainda abriga uma diversidade muito grande, desconhecida”, diz Ribeiro.

Descoberta

Para descobrir as duas novas espécies de minianfíbios, os cientistas subiram montanhas da Serra do Mar paranaense e ficaram atentos aos sons. Os sapinhos-da-montanha coacham de dia, ao contrário da maioria dos sapos, que têm hábitos noturnos. Só os machos cantam, para marcar território.

A partir daí, é seguir o coachar. Mas, à medida que os pesquisadores se aproximam, os sapinhos-da-montanha se escondem entre as folhagens no chão e ficam em silêncio.

Floresta onde o sapinho-da-montanha ‘coloratus’ foi encontrado pelos pesquisadores brasileiros (Fotos: Divulgação)

“É trabalhoso localizá-los. Eles pulam pouco, mais caminham muito no meio da floresta, são andarilhos. Como são muito pequenos, é muito difícil vê-los. Para achar alguns, é na sorte mesmo”, conta Ribeiro.

Para facilitar as buscas, a equipe de cientistas usou gravador e microfone direcional para captar até os mínimos sons dos sapos. E depois, ficou tateando as folhagens.

As novas espécies são resistentes ao frio. Os pesquisadores chegaram a registrar 4º C negativos na montanha onde vive a Brachycephalus coloratus. É outra diferença em relação à maioria dos sapos, que gosta de ambientes quentes.

Muito pequenos, eles se alimentam de bichos menores ainda: invertebrados que vivem no chão, ácaros, formigas, aranhas.

O nome sapinhos-das-montanhas é uma alusão aos gorilas-das-montanhas africanos. Começaram a ser encontrados a partir do ano 2000. Desde então, o número de espécies conhecidas está aumentando. Só em 2015, foram catalogadas pelo menos 8 delas. E mais descobertas ainda podem ocorrer.

‘Brachycephalus curupira’, marrom, também foi descoberto nas montanhas da Serra do Mar do Paraná (Fotos: Divulgação)

“Acredito que há outros sapinhos-da-montanha para encontrar. A Mata Atlântica ainda abriga coisas que a gente desconhece”, revela o cientista. A pesquisa conta com apoio da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza.

“Ao preservar os sapinhos, a gente está preservando o habitat deles, regiões de manancial de água, de floresta, recursos naturais importantes para a sobrevivência do próprio homem”, diz Ribeiro, em nome da equipe de pesquisadores.

Fonte: Yahoo!

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