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Um estudo da Unesp concluiu que as chuvas não estão sendo suficientes para repor o volume de água do Aquífero Guarani que tem sido consumido.
A seca histórica nos exibe seus efeitos todos os dias: queimadas, o fundo exposto dos rios, os reservatórios se esvaindo. Mas nem todo o drama da seca está visível na nossa frente. Nesse momento extremo, é preciso prestar atenção também no que a gente não vê: na origem da água que ainda está na superfície – dezenas, centenas de metros para baixo do leito dos rios. Mais precisamente, 1 milhão de m², que ficam embaixo de sete estados brasileiros e parte do Paraguai, Uruguai e Argentina: o Aquífero Guarani.
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Uma das maiores reservas de água doce do planeta está secando. Hoje, tem mais água saindo do Guarani do que entrando.
Em Barretos, desde a década de 1980, o aquífero baixou de 100 m a 120 m. Outro estudo, feito pela USP, mostra que na região de Ribeirão Preto a redução foi parecida: 120 m em 70 anos.
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O professor Didier Gastmans, da Unesp, usou técnicas avançadas, com isótopo de hidrogênio, para monitorar o Guarani por oito anos e provar algo que se pode explicar de forma simples.
“Nós não estamos recompondo porque não está chovendo nada, e o que acaba acontecendo é que você acaba usando a água para os mais diversos fins”, diz Didier Gastmans, pesquisador do Centro de Estudos Ambientais da Unesp Rio Claro.
Para o abastecimento de mais de 90 milhões de pessoas no Brasil . O segundo maior uso é para irrigação agrícola.
Os cenários para o futuro não são de abundância. O aumento da temperatura do planeta faz a água da pouca chuva evaporar mais rápido, muito antes de se aprofundar no solo. E a água que desce chega ao aquífero devagar, muito devagar.
“A movimentação é muito lenta. A água se movimenta a uma taxa de centímetros por ano. Essas águas têm mais de 100 mil anos. Ou seja, elas infiltraram-se há 100 mil anos atrás”, explica Didier Gastmans.
O futuro pode ser incerto, mas dá para arriscar dizer que a gente não pode esperar 100 mil anos para a “caixa d’água” encher. Então, é melhor não deixar que ela esvazie.
“Nós precisamos ter um sistema de monitoramento em tempo quase real que permita nos dizer o seguinte: ‘Olha, hoje a gente pode usar água superficial’, ‘Ah, não tenho mais água superficial ou está chegando no regime crítico’. Então, começo a entrar com o volume de água subterrânea que seja compatível com a capacidade de produção do aquífero, de reservação do aquífero, e que também atenda às demandas”, diz Didier Gastmans.
A Agência de Águas do Estado de São Paulo declarou que a maior parte da captação de água se concentra em fontes superficiais como rios e lagos, e que o uso de poços profundos depende de uma análise técnica criteriosa.
Fonte: G1