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A Marinha chinesa inaugurou em Xangai, nesta sexta-feira, o porta-aviões Fujian, o terceiro de sua frota e o segundo a ser construído em território chinês. Em fabricação desde 2018, ele é o maior e mais avançado da Armada chinesa e representa um grande marco no progresso militar do gigante asiático. O governo chinês planeja ter seis porta-aviões até 2035, como parte dos esforços para o fortalecimento da Marinha do país.
Segundo a Janes, agência de referência para informações militares, os Estados Unidos são o líder mundial na frota de porta-aviões, com 11, à frente da China e do Reino Unido, este com dois totalmente operacionais. A China tem também um porta-helicópteros, enquanto os EUA têm nove. Rússia, França, Itália, Índia e Tailândia têm um porta-aviões cada.
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A inauguração do porta-aviões, em uma cerimônia transmitida pela televisão chinesa com a presença de um regimento de marinheiros vestidos de branco, coincide com um aumento de tensões geopolíticas entre China e Estados Unidos na região da Ásia-Pacífico, na qual Washington tem bases em países aliados e mantém a supremacia militar desde a Segunda Guerra Mundial. Além disso, Pequim trava disputas territoriais com países vizinhos no Mar do Sul da China.
O ministro da Defesa chinês, Wei Fenghe, alertou os Estados Unidos na semana passada que seu país lutará “a qualquer custo e até o fim” para impedir que Taiwan declare independência. A ilha de 24 milhões de habitantes, para onde fugiram os nacionalistas chineses ao serem derrotados pelos comunistas na guerra civil, em 1949, é governada de forma autônoma, mas Pequim a considera parte de seu território.
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O Fujian, nomeado assim em homenagem à província continental mais próxima a Taiwan, apresenta importantes melhorias tecnológicas em relação aos seus antecessores.
Ele é o primeiro da frota chinesa a usar um sistema de “catapulta eletromagnética” para lançar aviões de seu deque. A tecnologia, mais econômica e eficiente e já usada em embarcações americanas, permite que aviões decolem no espaço reduzido da pista de um porta-aviões.
Já o sistema de propulsão eletromagnética permite que os aviões sejam carregados com mais reservas de combustível e armas. Segundo a televisão estatal CCTV, ele é “o primeiro porta-aviões de catapulta completamente projetado e construído pela China”.
— Esse é um passo bastante significativo. Eles realmente se comprometeram a construir um programa de porta-aviões e continuam a ampliar os limites do que são capazes de fazer — disse Matthew Funaiole, do Centro Para Estudos Estratégicos e Internacionais, ao canal de televisão CNN.
O Fujian deve ainda passar por vários testes em seus sistemas de navegação no mar. A China não especificou quando entrará em serviço, mas o processo pode demorar estimados cinco anos.
Veja abaixo um vídeo da cerimônia de inauguração do navio:
Power of Peace Strengthened. Another video of the launch of the 3rd Chinese aircraft carrier "Fujian" in Shanghai. pic.twitter.com/Ep9HHnktic
— XIE Yongjun 解勇军 (@XIEYongjun_CHN) June 17, 2022
Ponto de inflexão
Collin Koh, pesquisador da Universidade Tecnológica Nanyang de Singapura, disse que o navio pode marcar um “ponto de inflexão” para a Marinha chinesa.
— A Marinha chinesa provavelmente usará seus porta-aviões para dissuasão em tempos de paz e para missões de alta intensidade em tempos de guerra — comentou o especialista à AFP, acrescentando que, na política interna, “um porta-aviões também simboliza a força de um país e alimenta o discurso do Partido Comunista Chinês (PCC)”.
Os porta-aviões chineses são batizados com nomes de províncias costeiras do país. A primeira embarcação desse tipo, o porta-aviões Liaoning, entrou em serviço em 2012 e serviu principalmente como plataforma de treinamento.
O conhecimento acumulado foi posteriormente utilizado para o Shandong, o primeiro a ser construído inteiramente pela China. Ao contrário dos porta-aviões movidos a energia nuclear dos EUA, os navios chineses usam tecnologia convencional.
— Há poucas informações em relação ao Fujian e ao programa de porta-aviões como um todo. As capacidades exatas e seu desempenho são envoltos em muito sigilo — disse Collin Koh, especialista nas Forças Armadas chinesas da Escola de Relações Internacionais S. Rajaratnam, em Cingapura, ao Washington Post.
Fonte: G1