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O general Mark Milley, maior autoridade militar dos Estados Unidos, disse nesta quarta-feira (18) que nenhum estudo da inteligência americana indicava que forças armadas e o governo afegão entrariam em colapso em 11 dias.
“Não houve nada que eu ou qualquer outra pessoa tenha visto que indicasse o colapso deste exército e deste governo em 11 dias”, disse Milley, chefe do Estado Maior dos EUA
Ele também afirmou, em entrevista coletiva no Pentágono, que a inteligência “indicou claramente que vários cenários eram possíveis”. Entre eles, uma tomada do Talibã após um rápido colapso das forças de segurança afegãs e do governo, uma guerra civil ou até mesmo um acordo negociado.
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Cronologia da retomada do poder
- 06 de agosto – Zaranj, no sul do país, torna-se a primeira capital provincial a cair nas mãos do Talibã em anos. Muitos mais caem nos dias seguintes, incluindo Kunduz, ao norte.
- 13 de agosto – Mais quatro capitais de província caem em um dia, incluindo Kandahar, a segunda cidade do país e berço espiritual do Talibã. No Oeste, outra cidade importante, Herat, é invadida e o veterano comandante Mohammad Ismail Khan, um dos principais lutadores contra o Talibã, é capturado.
- 14 de agosto – O Talibã toma a maior cidade do Norte do país, Mazar-i-Sharif e, com pouca resistência, Pul-e-Alam, capital da província de Logar, apenas 70 km ao sul de Cabul. Os EUA enviam mais tropas para ajudar a retirada de seus civis de Cabul, já que o presidente afegão Ashraf Ghani diz que está consultando parceiros locais e internacionais sobre os próximos passos.
- 15 de agosto – O Talibã toma a cidade-chave de Jalalabad, no Leste, sem sequer lutar, concluindo o cerco de Cabul. Insurgentes entram na capital, também sem grande resistência. Americanos intensificam a retirada de seus civis, enquanto autoridades afegãs confirmam a fuga do presidente Ashraf Ghani do país.
Talibã volta ao poder
O grupo extremista Talibã tomou a capital do Afeganistão e voltou ao poder depois de 20 anos. O presidente fugiu de Cabul, e o palácio presidencial foi tomado no domingo (15).
O porta-voz do Talibã, Mohammad Naeem, afirmou à rede de televisão Al Jazeera que “alcançamos o que buscávamos, que é a liberdade do nosso país e a independência do nosso povo”.
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“Pedimos a todos os países e entidades que se reúnam conosco para resolver quaisquer questões”, disse Naeem. “Não achamos que as forças estrangeiras irão repetir sua experiência fracassada no Afeganistão mais uma vez.”
EUA invadiram Afeganistão em 2001
Os EUA atacaram o Afeganistão em 2001, em reação ao atentado do 11 de Setembro, e tirou o grupo extremista do poder. O Talibã foi acusado pelos americanos de esconder e financiar membros da Al-Qaeda, grupo terrorista comandado por Osama bin Laden e responsável pelo atentado.
Em fevereiro de 2020, o então presidente americano, Donald Trump, assinou acordo de paz com o Talibã que previa a retirada total das tropas do país até abril deste ano.
O atual presidente dos EUA, Joe Biden, manteve o acordo e adiou a saída completa para o fim deste mês.
A maior parte das forças lideradas pelos EUA deixaram o Afeganistão em julho, e o Talibã se aproveitou da retirada e avançou rapidamente pelo país, conquistando diversas capitais de províncias desde o início do mês.
A queda de Cabul ocorreu muito antes do previsto pelos EUA. Segundo a Reuters, a estimativa dos serviços de inteligência americanos era a de que o Talibã chegasse a Cabul em setembro, com uma possível tomada do poder em novembro.
Fonte: Yahoo!