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Desde outubro de 2021, a cepa H5N1 da gripe aviária causou a morte de pelo menos 280 milhões de pássaros, com base em dados do Sistema Mundial de Informação de Saúde Animal. A doença altamente infecciosa é considerada responsável pela maior queda repentina da população mundial de pássaros selvagens – incluindo espécies ameaçadas e endêmicas – em décadas. Milhares de mamíferos também morreram.
Novas informações coletadas pela Agência de Saúde Animal e Vegetal (APHA, na sigla em inglês), do Reino Unido, e outras instituições, e publicados na Nature Communications, documentam a disseminação da patologia para o extremo sul do planeta – a região da Antártida –, onde causou mortes significativas de elefantes-marinhos, focas e pinguins.
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Surtos, conforme relata o The Guardian, já afetaram todos os continentes, exceto a Oceania, e ainda assim houve pouca cobertura do impacto na biodiversidade global e nos sistemas agrícolas e, também, dos riscos potenciais para a saúde humana.
“Não tenho certeza se o público está ciente da importância da gripe aviária”, disse o autor principal do trabalho, Ashley Banyard, virologista do laboratório da APHA. “Não foi notícia de primeira página.”
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Ele acrescentou que a história da variante H5N1 começou bem antes das mortes em massa de aves selvagens. O primeiro relato se deu na China, em 1996, em uma fazenda de ganso, mas, a partir de 2021, ela se tornou o vírus dominante da doença globalmente, que, agora, é altamente patogênica e contagiosa.
O grande surto inicial naquele ano foi entre os gansos-cracas de Svalbard, na Noruega – pelo menos 13 mil morreram, um terço da população global da espécie. Em março de 2022, foi a vez dos pelicanos dálmatas da Grécia. Mais de 2,2 mil pereceram (ou 40% da população do sudeste europeu).
Outros dados mostram que, em toda a Europa, mais de 20 mil andorinhas-do-mar-sanduíche morreram durante a temporada de reprodução de 2022 – ou 17% da população no noroeste da Europa.
No total, a H5N1 causou a morte de pássaros de 320 espécies. A reportagem explica que um pássaro pode infectar até outros 100, através do contato com fezes, muco, sangue e saliva.
Quase todos os continentes foram afetados
Além da Europa, surtos deste vírus da gripe aviária já foram registrados na América do Norte, na América do Sul e na Antártida. Há casos também na África e na Ásia, contudo, Connor Bamford, professor assistente em virologia da Queen’s University Belfast, disse que nestas localidades o patógeno não foi “bem rastreado”.
Atualmente, apenas Austrália e Nova Zelândia ainda estão livres de surtos entre aves selvagens.
“Prever o futuro do vírus da gripe aviária altamente patogênico é um dos maiores desafios que o campo enfrenta”, enfatizou Bamford. “É possível que esta temporada seja menos afetada devido ao aumento da imunidade em aves selvagens que foram infectadas e sobreviveram nas temporadas anteriores. No entanto, continuamos a detectar o vírus em aves europeias esporadicamente, então devemos esperar ver mais surtos.”
Fonte: Um Só Planeta