Anúncios
O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) concedeu uma liminar nesta quarta-feira (3) que permite a retomada dos saltos de paraquedas na área urbana de Boituva (SP). Com isso, o Centro Nacional de Paraquedismo (CNP) anunciou que vai retomar as atividades nesta quinta-feira (4).
As atividades no CNP estavam suspensas desde a noite do último dia 22, quando uma decisão judicial determinou a imediata proibição de lançamentos sobre as áreas urbanas da cidade.
Anúncios
Apesar da proibição judicial ser somente sobre saltos no trecho urbano no município, o CNP informou que suspendeu todas as atividades, “tendo em vista a necessidade de complexa readequação da operação de paraquedismo com as aeronaves, pilotos, escolas, RTAs e instrutores”.
A suspensão ocorreu três dias após a morte de Andrius Jamaico Pantaleão, um aluno de paraquedismo que caiu sobre o telhado de uma casa em Boituva no dia 19 de julho.
Anúncios
Um morador do imóvel atingido pelo paraquedista reclamou das rotas utilizadas pelos atletas para a prática do esporte e classificou o episódio como “tragédia anunciada”.
Desde então, as causas do acidente estão sendo investigadas pela Polícia Civil, que fez a representação judicial pedindo a proibição de lançamentos e voos nos centros urbanos. Segundo o delegado Emerson Jesus Martins, a medida é imprescindível para evitar novas mortes na cidade.
No entanto, após recurso das empresas de paraquedismo, a Justiça entendeu que o lançamento de paraquedistas na área urbana de Boituva não oferece riscos à continuidade da investigação policial. Além disso, de acordo com o TJ, os funcionários do CNP não têm relação direta com o acidente.
Importância do CNP
O Centro Nacional de Paraquedismo (CNP) é um espaço com 99 mil metros quadrados que fica a cerca de 120 quilômetros da capital paulista e tem cerca de 20 escolas em funcionamento.
De acordo com a Prefeitura de Boituva, o CNP é o local onde mais se salta de paraquedas no mundo, entre saltos turísticos e profissionais, promovendo aproximadamente 30 mil lançamentos por mês.
Até a suspensão, o CNP era o local dos principais recordes, eventos e campeonatos de paraquedismo do país.
Acidentes
Somente em 2022, ocorreu a morte de quatro paraquedistas em Boituva. Em maio, dois atletas morreram após o pouso forçado de uma aeronave que saiu do CNP. Outras dez pessoas também ficaram feridas.
De acordo com um paraquedista que estava no avião no momento do acidente, a aeronave apresentou problemas a cerca de 900 pés (aproximadamente 275 metros) de altitude e tocou três vezes no solo antes de tombar e ficar com as rodas para cima.
Menos de um mês antes, um outro acidente fatal foi registrado no CNP. A paraquedista Bruna Ploner, sargento do Exército Brasileiro, morreu no dia 24 de abril após saltar com um paraquedas de alta performance.
As causas desse acidente também estão sendo investigadas pela Polícia Civil, que chegou a pedir à Justiça a suspensão de todas as atividades de salto no CNP até que fosse providenciada uma UTI móvel no local. Apesar disso, na época, o pedido foi negado pela Justiça.
Agora, o caso mais recente noticiado foi o do aluno de paraquedismo Andrius Jamaico, que morreu ao cair sobre o telhado de uma casa no dia 19 de julho. Segundo a Polícia Civil, as equipes constataram no local da queda que não houve a abertura total do equipamento da vítima.
Para o presidente da Associação de Paraquedistas, o acidente aconteceu porque o aluno não utilizou a “regra dos cinco segundos”, que diz que o atleta deve abrir o paraquedas imediatamente se não ficar estável no ar dentro do período estipulado.
“A gente acredita que o aluno perdeu a estabilidade em queda livre e, em vez de acionar o paraquedas, ele ficou brigando para tentar recobrar a estabilidade. O dispositivo de acionamento automático funcionou, liberou o paraquedas reserva, porém, no processo de abertura, pelo paraquedista estar girando, ele acabou enroscando no corpo dele e interrompendo o processo de abertura”, explica Marcello Costa.
Andrius foi enterrado no dia 20 de julho em Diadema (SP), onde morava. Nesta terça-feira (2), a mãe dele falou sobre o filho. Ele era empresário, tinha uma filha de 6 anos e havia começado a fazer aulas de paraquedismo recentemente, como um hobby.
Segundo a associação, Andrius estava com a documentação em dia para praticar o esporte e saltou acompanhado de um instrutor devidamente habilitado.
Fonte: G1 – Foto: skyradical.com.br/Reprodução