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Entre 700 e 900 pessoas fogem da Venezuela diariamente, apesar do fechamento das fronteiras do país devido à pandemia de covid-19, segundo dados publicados nesta quinta-feira (29) pela Organização dos Estados Americanos (OEA).
O êxodo venezuelano por rotas irregulares diminuiu com as restrições à mobilidade impostas para evitar o contágio, mas não foi interrompido, disse à AFP David Smolansky, que coordena o Grupo de Trabalho da OEA para a Crise de Migrantes e Refugiados Venezuelanos na Região.
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Antes do início da emergência sanitária, em março de 2002, cerca de 5 mil pessoas deixavam a Venezuela por dia, segundo Smolansky, opositor venezuelano à frente desse grupo criado em 2018 pelo secretário-geral da OEA, Luis Almagro, para lidar com a saída de pessoas do país sul-americano para o resto da região.
Agora calcula-se que, desde setembro do ano passado, cerca de 700 a 900 venezuelanos deixaram o país a cada dia por trilhas na fronteira, a maioria das quais se destinam à Colômbia e, em proporção bem menor, ao Brasil.
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“É a maior crise de exílio da história da região”, afirmou Smolansky.
Mais de 5,6 milhões de pessoas deixaram a Venezuela desde 2015, de acordo com o relatório, que inclui dados da Plataforma de Coordenação Interinstitucional para Refugiados e Migrantes da Venezuela (R4V), criada na ONU em 2018.
O relatório identificou cinco razões fundamentais para este êxodo em massa: uma “emergência humanitária complexa”, “violação sistemática dos direitos humanos”, “insegurança”, “colapso dos serviços básicos” e “alto custo de vida”.
Na Venezuela, “9,3 milhões de pessoas, um terço da população, sofrem de insegurança alimentar moderada ou grave e precisam de assistência”, destacou ele, citando dados do Programa Mundial de Alimentos da ONU.
Além disso, apontou mais de 18 mil execuções extrajudiciais realizadas por forças de segurança estatais ou grupos relacionados ao governo desde 2014, segundo investigações da OEA.
Caminhadas de até 4 mil km
Ele também disse que os venezuelanos enfrentam violência nas ruas, cortes diários nos serviços de água e eletricidade e hiperinflação de 6.500%, de acordo com o FMI.
A Venezuela, que já foi uma potência petrolífera, está mergulhada em um desastre econômico e social agravado desde a chegada ao poder em 2013 do presidente Nicolás Maduro, cuja legitimidade a OEA não reconhece por considerar corrompida sua reeleição em 2018.
A chegada de migrantes e refugiados venezuelanos, que segundo o relatório “podem caminhar até 4 mil km no continente para chegar a outro país e satisfazer suas necessidades básicas”, teve um forte impacto nos países vizinhos.
A maioria está na Colômbia, onde estima-se que haja 1.743.000 venezuelanos, seguida de Peru (1.050.000), Estados Unidos (465.000), Chile (457.000) e Equador (431.000). No Brasil, vivem 262.000 venezuelanos.
“Apenas a Síria, que sofre uma guerra há mais de 10 anos, supera a Venezuela no fluxo de migrantes e refugiados”, alertou o documento, que aponta que, por outro lado, as doações internacionais para enfrentar essa crise são dez vezes menores que as destinadas à crise síria: 480 dólares e 5 mil dólares por pessoa, respectivamente.
Fonte: Yahoo!