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“Não resta a menor dúvida sobre a autoria do crime”. A afirmação foi feita pelo delegado Henrique Damasceno, titular da 16ª DP (Barra da Tijuca), em coletiva realizada nesta quinta-feira, sobre a morte do menino Henry Borel, de 4 anos, e as prisões da mãe dele, Monique Medeiros da Costa e Silva e o médico e vereador Jairo Souza Santos Júnior, o Dr. Jairinho (Solidariedade). Os dois são suspeitos de envolvimento na morte da criança e serão indiciados por tortura e homicídio qualificado.
Segundo o delegado Antenor Lopes Júnior, diretor do Departamento Geral de Polícia da Capital (DGPC) o caso “foi sensível e delicado”, já que o crime aconteceu em um apartamento onde não havia câmeras ou testemunhas. Ele afirmou também que “a população fluminense cobrava por uma resposta e um mês depois elas foram dadas”.
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— Essa investigação começou como um acidente doméstico. Mas a equipe do doutor Damasceno percebeu que algo estava errado. A perícia técnica acompanhou (a investigação), assim como o Ministério Público. Era um local onde não existiam câmeras ou testemunhas. Mas, hoje, o caso está praticamente encerrado — disse.
Segundo Henrique Damasceno,o caso chegou na distrital no dia 8 de março e que a suspeita sobre as circunstâncias da morte de Henry foi levantada após os investigadores receberem o laudo pericial do corpo da criança:
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— Tivemos dois depoimentos muito importantes, longos e necessários para entendermos a dinâmica. Algumas informações dadas foram importantes. Ali ficou claro que o Henry foi deixado pelo pai, chorou, a mãe levou ele para casa, deu banho e ele não apresentou nenhum desconforto. Uma foto dele antes de ir dormir demonstra que ele estava bem e em um curto intervalo ele chega morto no hospital. E quem estava com ele nesse momento era a mãe e o padrasto.
O delegado destacou ainda que foi descoberto outro caso de agressão do qual Jairinho é suspeito e é investigado pela Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima (DCAV). E que, nas conversas entre Monique e a babá de Henry ficou constatada que o menino vivia uma rotina de violência.
— Após isso, conseguimos a busca e apreensão e apreendemos os celulares. No telefone da mãe encontramos prints de conversas que foram relevantes. Essas conversas eram do dia 2 de fevereiro, entre a mãe e a babá, na qual ficou revelada uma rotina de violência que o Henry sofria. A babá diz que o Henry relatou a ela que o padrasto pegou pelo braço e deu uma banda e o chutou. Ficou claro que houve lesão, já que a babá fala que o Henry estava mancando e não deixou que ela lavasse sua cabeça, que estava machucada — revelou o policial.
Damasceno disse que a investigação revelou que a rotina aparentemente harmoniosa da família “era uma farsa”. E frisou que Monique mentiu para a polícia “para proteger o assassino do filho”:
— Com as múltiplas lesões no cadáver, e as conversas, notamos que era uma farsa aquela família harmoniosa. A mãe não comunicou à polícia, não afastou o agressor do convívio da criança. Além disso, quando verificamos o pior resultado possível de violência, que é a morte, ela esteve na delegacia e mentiu para proteger o assassino do filho. Ela se omitiu e concordou com esse resultado. Ela se manteve firme.
O delegado destacou que “essas pessoas (Jairinho e Monique) têm que ser responsabilizadas pela dinâmica do que aconteceu naquela madrugada”. Disse que a investigação seguirá para apurar se a mãe participou de alguma agressão contra o filho e afirmou que Monique poderia ter denunciado o namorado, mas não o fez. Damasceno descarta a possibilidade de a mãe de Henry ter sido coagida pelo atual companheiro.
— Ela, em inúmeros momentos, poderia falar conosco (durante o depoimento) sobre o que aconteceu. Ela estava muito à vontade no depoimento, inclusive. Se eu tivesse notado qualquer tipo de coação eu não teria pedido a prisão dela. Ela teve um comportamento frio após a morte do filho. Ela conseguiu prestar um depoimento de quatro horas para proteger o assassino do filho — disse.
Sobre uma possível fuga, o policial disse que houve uma vigilância do casal para que eles não escapassem.
Babá revelou ameaças
A babá que o Henry revelou que o menino era ameaçado pelo padrasto, que dizia que a criança estava prejudicando a vida da mãe.
— Fizemos três perícias no imóvel. Essa investigação segue. Mas já reunimos provas fortes e convincentes na participação de cada um — afirmou Damasceno.
Segundo o policial, por ter mentido em depoimento, a babá poderá ser indiciada por falso testemunho.
Presos em Bangu
Monique e Dr. Jairinho foram presos em Bangu, na Zona Oeste do Rio, por policiais da 16ª DP (Barra da Tijuca). De acordo com Ana Carolina Medeiros, delegada adjunta da 16ª DP, disse que “o casal foi localizado em um local diferente do que eles informaram em sede policial”.
— A mãe do Henry disse que estava na casa da mãe e o padrasto disse que estava também na casa dos pais. Em locais diferentes. No entanto, estavam na casa de uma tia da criança. No local, o casal tentou se desfazer dos celulares, os atirando pela janela. Eles tentaram sumir com os celulares. Eles dormiam na cama e não esboçaram reação.
Segundo o promotor Marcos Kac, após a investigação analisar o laudo, as versões contadas em depoimento por Jairinho e Monique foram descartadas:
— Aquela versão era fantasiosa e não iria prosperar. Constatamos que essa hipótese de acidente era completamente descartada. Passamos a investigar a agressão. Foi uma morte prematura.
O laudo de necropsia aponta que o menino teve hemorragia interna e laceração hepática, provocada por ação contundente, e que o corpo da criança apresentava equimoses, hematomas, edemas e contusões. Peritos ouvidos pelo EXTRA afirmam que os ferimentos não são compatíveis com um acidente doméstico. Um alto executivo da área de saúde afirmou ter sido contactado por Jairinho para agilizar a liberação do corpo sem o encaminhamento para o Instituto Médico Legal (IML), no Centro da cidade.
Fonte: Extra