26 de dezembro, 2024

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Canal do Panamá aposta em megaprojeto para enfrentar as mudanças climáticas

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Em um momento em que o Canal do Panamá enfrenta os efeitos das mudanças climáticas, como secas severas e a consequente redução de sua capacidade de tráfego, a Autoridade do local aposta em um projeto controverso: a construção de um enorme reservatório artificial que faria dezenas de cidades desaparecerem nos próximos seis anos.

A iniciativa, avaliada em US$ 1,6 bilhão (aproximadamente R$ 9,7 bilhões), visa garantir a viabilidade do canal e, ao mesmo tempo, atender à crescente demanda por água potável no país. No entanto, o plano tem dividido comunidades locais e promovido debates sobre seus impactos ambientais e sociais.

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“O projeto do reservatório do Rio Índio seria a solução mais completa (para secas mais frequentes) em um horizonte de 50 anos”, disse Ilya Espino de Marotta, administradora adjunto do canal, à Reuters em uma entrevista.

Para que seja aprovado, ainda precisará passar por um longo processo, incluindo uma consulta pública, discussão pelo gabinete e liberação final da Assembleia Nacional. O presidente do Panamá, José Mulino, disse que a discussão será concluída no ano que vem.

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Se tudo correr como o planejado, a Autoridade do Canal do Panamá pretende criar uma represa de 840 metros de comprimento e 80,5 metros de altura para garantir água doce para operar os três conjuntos de eclusas do local. Os 1,25 bilhões de metros cúbicos de água do reservatório, conforme relatado, permitiriam até 15 trânsitos adicionais de embarcações por dia durante a estação seca e ajudariam a fornecer água potável para a população panamenha. O plano é que a obra seja concluída até 2030 ou 2031.

Impacto ambiental

De acordo com um levantamento inicial do canal, o projeto exigiria a realocação de cerca de 2.260 pessoas e impactaria, pelo menos parcialmente, mais 2.000 na zona do reservatório. Marotta adiantou que um censo será concluído em janeiro para saber o número exato.

Os moradores, embora em pequeno número, têm o apoio de um grupo ativista chamado Countrymen Coordinator for Life. E muitos não estão satisfeitos com a proposta.

“Nós nascemos e crescemos aqui. Se formos embora, não será porque queremos, mas porque teremos que ir”, afirmou Paulino Alabarca, produtor de arroz nascido em Tres Hermanas, uma das cidades que pode desaparecer.

O professor LeRoy Poff, especialista em ecologia aquática da Universidade Estadual do Colorado, dos Estados Unidos, salientou à Reuters que, do ponto de vista dos danos ambientais, o projeto Rio Índio pode ter um grande impacto negativo e poucos benefícios.

“À medida que avançamos em meio às mudanças climáticas, é realmente importante manter os rios saudáveis, porque eles têm o maior potencial de responder às mudanças ambientais”, enfatizou.

Uma solução defendida por alguns é, ao invés de construir o novo reservatório, transferir água de um reservatório existente alimentado pelo rio Bayano. Isso poderia ser concluído mais cedo e não exigiria a realocação das famílias.

Porém, Marotta informou que a ideia foi analisada e descartada pela administração do canal anos atrás devido à localização e aos custos mais altos. Ela ainda explicou a Reuters que poderia trazer complicações diferentes, pois envolveria negociações com a fornecedora de energia AES Panama, uma empresa de propriedade conjunta do estado e da US AES Corp, que possui e opera a infraestrutura hidrelétrica de Bayano.

Jose Icaza, ministro de Assuntos do Canal, acrescentou que o governo entende a “ansiedade e as preocupações” dos moradores. “Nossa prioridade não é impactar as condições de vida e a paz dos moradores da bacia, e por esse motivo continuaremos a trabalhar diretamente com eles para atender às suas necessidades à medida que avançamos com o projeto de construção.”

O Canal do Panamá é responsável por 3,1% do produto interno bruto do país por 2,5% do comércio marítimo global. Atualmente, ele permite a travessia de até 14.000 navios por ano.

Segundo Icaza, o projeto do Rio Índio é fundamental para a sobrevivência do local e “a opção mais viável”. Por enquanto, em preparação para a próxima seca, foram promovidas mudanças no modelo de reserva, além da convocação dos transportadores para consolidar as cargas e a preparação de medidas de reciclagem de água.

Fonte: Um Só Planeta

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