30 de outubro, 2025

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Calor extremo já mata uma pessoa por minuto no mundo, alerta relatório; mortes no Brasil chegam a 3.600 por ano

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O calor extremo provocado pela crise climática já mata uma pessoa por minuto em todo o planeta, segundo o Lancet Countdown on Health and Climate Change 2025, o maior levantamento já feito sobre os impactos da crise climática na saúde humana. O estudo, conduzido pela University College London (UCL) em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e 128 especialistas de mais de 70 instituições, revela que milhões de mortes anuais estão ligadas à inação diante do aquecimento global.

A análise aponta que as mortes relacionadas ao calor aumentaram 23% desde a década de 1990, chegando a uma média de 546 mil por ano entre 2012 e 2021. “Isso equivale a aproximadamente uma morte relacionada ao calor a cada minuto ao longo do ano. É um número realmente alarmante, e está crescendo”, afirmou ao jornal britânico The Guardian o professor Ollie Jay, da Universidade de Sydney, que participou do estudo.

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De 2012 a 2021, o Brasil registrou uma média estimada de 3.600 mortes relacionadas ao calor por ano — 4,4 vezes mais do que entre 1990 e 1999. Em média, cada pessoa no Brasil passou por 15,6 dias de calor extremo (ondas de calor) durante o ano de 2024, sendo que 94% deles só aconteceram por causa das mudanças climáticas causadas pelo ser humano. Ou seja, sem o aquecimento global, intensificado pela queima massiva de combustíveis fósseis, praticamente todas essas ondas de calor não teriam ocorrido.

Segundo o estudo, em 2024, a exposição ao calor resultou em uma perda média de 6,8 bilhões de horas de trabalho em 2024 , 51% a mais do que entre 1990 e 1999. O setor agrícola respondeu por 36% dessas perdas, e o setor da construção civil por 34%. O total associado de perda potencial de renda foi de US$ 17,7 bilhões, o equivalente a quase 1% do PIB.

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Os cientistas destacam que a dependência global dos combustíveis fósseis continua a agravar a situação. Em 2023, governos em todo o mundo concederam US$ 956 bilhões em subsídios diretos a empresas do setor de energia fóssil, enquanto as perdas econômicas causadas pelo calor – que impede, por exemplo, o trabalho em campos agrícolas e na indústria de construção civil – foram praticamente equivalentes.

“Esta pesquisa revela um quadro sombrio e inegável dos danos devastadores à saúde que atingem todas as partes do mundo. A destruição de vidas e meios de subsistência continuará a crescer até encerrarmos nosso vício em combustíveis fósseis”, alertou a doutora Marina Romanello, da UCL, líder do relatório.

Por outro lado, o relatório estima que a redução da queima de carvão salvou cerca de 400 vidas por dia na última década, enquanto a produção de energia renovável cresce rapidamente. Ainda assim, os autores afirmam que “um futuro saudável é impossível se os combustíveis fósseis continuarem a ser financiados nos níveis atuais”.

Além do calor extremo, a poluição do ar, os incêndios florestais e a disseminação de doenças como a dengue também estão ligados à dependência energética de petróleo, gás e carvão. Somente em 2024, incêndios intensificados pelo calor e pela seca causaram 154 mil mortes, o maior número já registrado. A insegurança alimentar também se agravou, com 123 milhões de pessoas adicionais enfrentando falta de comida em 2023 em comparação com a média entre 1981 e 2010.

“Estamos vivendo na era das consequências climáticas. Ondas de calor, enchentes, secas e doenças já não são alertas distantes, estão acontecendo agora”, disse Laura Clarke, diretora-executiva da organização jurídica ambiental ClientEarth. Os cientistas destacam que o engajamento público e político é essencial para a resposta global às mudanças climáticas, já que a redução das emissões na velocidade exigida pelo Acordo de Paris depende da participação de todos os setores da sociedade.

Fonte: Um Só Planeta

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