17 de novembro, 2024

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Caio deve comprar a Busscar por R$ 67,5 milhões

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O juiz da 5ª Vara Cível da Comarca de Joinville, Walter Santin Júnior, confirmou ao jornalista Claudio Loetz, do Diário Catarinense, que a Busscar pode ser comprada pela Caio Induscar, encarroçadora de ônibus de Botucatu.

Inicialmente a Caio tinha negado a informação, mas agora, segundo o juiz, a empresa do Grupo Ruas manifestou interesse oficial em comprar as instalações, equipamentos e tecnologia.

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A Caio é líder no segmento de ônibus urbanos, mas tem presença inexpressiva no mercado de rodoviários.

A encarroçadora paulista pediu informações sobre a tecnologia empregada no modelo rodoviário Double Decker (de dois andares) da Busscar, o Panorâmico DD.

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Se a Caio contatar a  viabilidade do processo industrial deve oficializar a compra. A empresa deve ter o pedido acatado desde que mantenha o sigilo industrial.

Advogado da Caio esteve ontem, quarta-feira, 8 de fevereiro 2017 , no Fórum de Joinville e confirmou o valor proposto de R$ 67,5 milhões.

A Caio está entre o grupo de investidores que apresentou esta proposta oficialmente, entretanto, o nome da compradora é mantido em sigilo.

A homologação da proposta da compra da Busscar pela Caio deve ocorrer até o final do mês.

“Desejo fazer a homologação até o Carnaval. A partir da próxima segunda-feira, dia 13, encaminharei para o administrador judicial Rainoldo Uessler se manifestar no prazo de cinco dias úteis. E, na sequência, o Ministério Público também terá igual tempo para se pronunciar.” – disse o juiz ao jornalista.

EMPRESAS ESTRANGEIRAS DECLINARAM:

Terminou na última terça-feira dia, 7, o prazo para as empresas estrangeiras apresentarem a documentação e oficializarem o interesse na Busscar. Nenhuma delas conseguiu cumprir o prazo.

O grupo chinês Liaoyuan Group pediu seis meses para evoluir com projeto de compra. Já o grupo português Imparável Epopeia UniPessoal Ltda  disse que tinha apenas um projeto que não tinha sido aprovado. O grupo tentava vender a ideia de compra para investidores suíços.

Já um grupo de investidores imobiliários de Joinville teve proposta negada por não se enquadrar nas exigências judiciais.

Conforme mostrou o Diário do Transporte, a Justiça aceitou o prosseguimento da proposta de R$ 67,15 milhões do grupo brasileiro pelas três unidades fabris da Busscar. O valor compatível aos 49% da avalição inicial exigidos pela Justiça – (R$ 133.151.088,11).

A compra se daria em 52 parcelas: entrada de 14%, o que equivale a R$ 9,4 milhões, e o restante, R$ 57,74 milhões corrigidos por índice determinado pelo Tribunal de Justiça.

Em 2016, houve três tentativas de leilão de todo o conjunto dos bens e plantas e com a possibilidade também de aquisição de forma isolada, mas não houve apresentação de propostas.

BREVE HISTÓRICO:

A Busscar foi fundada oficialmente como Nielson no dia 17 de setembro de 1946, com iniciativa de Augusto e Eugênio Nielson que começaram uma pequena oficina em Joinville, atuando na construção de móveis e utensílios e fazendo reparos em carrocerias de caminhões e cabines. Em 1948, a Nielson fez seu primeiro veículo de transporte coletivo, uma jardineira – ônibus simples feito de madeira. O veículo da Nielson foi uma encomenda da empresa Abílio & Bello Cia Ltda, que fazia a linha Joinville – Guaratuba, em Santa Catarina.

Foi na época do surgimento empreendimento dos Nielson, que o Brasil começava assistir mais intensamente o crescimento das cidades e também das relações comerciais entre as diferentes localidades. Tudo isso demandava uma maior oferta de transportes. Assim muitos empreendedores compravam chassis de caminhão, como da Ford e da GM, e precisavam transformá-los em ônibus para enfrentar as difíceis estadas de terra e verdadeiros atoleiros. Nesta época, a Nielson & Cia Ltda. tinha o comando do patriarca da família, Bruno, e do filho Harold.

Em 1958, um dos marcos para a Nielson foi o projeto de estrutura metálica para os ônibus.

No início dos anos de 1960, ganhavam as estradas os modelos Diplomata, carroceria de dois níveis que lembravam os Flxibles norte-americanos que, quando foram importados pela Expresso Brasileiro Viação Ltda eram chamados de Diplomata. A Nielson então conquistava definitivamente o mercado.

Nos anos de 1980, Nielson cresce mais e no segmento de rodoviário travava disputa acirrada com a Marcopolo e no segmento urbanos, a briga era com a Caio, praticamente de igual para igual.

A linha Diplomata tinha recebido novas versões e o Urbanuss ganhava atenção dos frotistas.

Por uma estratégia de negócios, a Nielson mudou a marca para Busscar. Inicialmete a marca foi conhecida como Busscar-Nielson. Surgiram os rodoviários El Buss e Jum Buss  e os urbanos da linha Urbanuss.

Em 2002, a Busscar começa enfrentar dificuldades financeiras. A família Nielson alegava problemas motivados pela variação cambial e também dificuldades de créditos, mas já havia também erros administrativos internos. O BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social chegou a realizar empréstimos para empresa, que não foram plenamente honrados. A recuperação não foi plena, havendo novamente outro problema financeiro em 2004. A última crise da Busscar começou em 2008, quando a empresa começou a atrasar salários.

Depois de uma dívida que se aproximou de R$ 2 bilhões, contando juros, impostos e débitos com fornecedores, trabalhadores e bancos, a empresa teve a falência decretada em 27 de setembro de 2012 pelo juiz Maurício Cavalazzi Povoas. A decisão, no entanto, foi anulada em 27 de novembro de 2013, após recursos judiciais. No entanto, os recursos caíram em 5 de dezembro de 2013. A família Nielson chegou a apresentar um novo pedido de recuperação judicial, mas o juiz Luis Felipe Canever, de Santa Catarina, após negativa por parte dos credores, decretou no dia 30 de setembro de 2014, nova falência da encarroçadora de ônibus Busscar, que já foi uma das maiores do Brasil.

Os negócios continuam na América Latina com a atuação em parceira de outros grupos, com destaque para as operações na Colômbia.

A Busscar Colômbia foi formalizada no ano de 2002 sendo fruto de uma aliança entre a indústria local Carrocerías de Occidente, empresa fundada em 1995, e a Busscar Ônibus do Brasil, fundada pela família Nielson em 17 de setembro de 1946.

Foram várias tentativas de leilão da Busscar, três somente em 2016. No dia 8 de julho, terminou sem lance o terceiro leilão da empresa.

No final de outubro de 2016, foi apresentada uma proposta  de compra por R$ 67,15 milhões por um grupo de investidores com o objetivo de retomar as produções em meados de 2017.

Em dezembro do mesmo ano, foi liberado um lote de R$ 18 milhões para saldar parte das dívidas trabalhistas.

Também em dezembro de 2016, dois grupos internacionais, o português a Imparável Epopeia UniPessoal Ltda e o chinês Liaoyuan Group demonstraram interesse na compra da Busscar.

Em 07 de janeiro de 2017 terminou o prazo para as empresas estrangeiras apresentarem a documentação exigida.

A proposta ficou somente pela Caio. No dia 08 de janeiro, advogado da Caio esteve em Joinville e confirmou valor proposto de R$ 67,5 milhões.

Fonte: Diário do Transporte /  Bazani, jornalista especializado em transportes

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