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Cada décimo de grau (0,1ºC) de aumento evitado na temperatura resulta em salvar 2,7 trilhões de toneladas de gelo dos glaciares do planeta, afirma estudo publicado nesta quinta (29). Por outro lado, manter o aquecimento na trajetória atual, chegando a 2,7ºC ainda neste século, resultaria em uma perda de 75% destas grandes estruturas, colocam os cientistas europeus responsáveis pela pesquisa.
“Estimamos que as geleiras em todo o mundo perderão [cerca de] 39% de sua massa em relação a 2020, o que corresponde a uma elevação média global do nível do mar de 113 milímetros, mesmo que as temperaturas se estabilizem nas condições atuais”, afirma o grupo, em trabalho publicado na revista Science.
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Sob a meta de 1,5°C de aquecimento global, fixada pelo Acordo de Paris, aproximadamente metade da massa global de geleiras permaneceria em equilíbrio. Esse número cai drasticamente para 24% levando-se em consideração as políticas atuais de diminuição das emissões de carbono provenientes da queima de combustíveis fósseis.

Os glaciares são um grande estoque de água doce no planeta. De seu degelo natural, formam-se rios e lagos que irrigam plantações e abastecem cidades.
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Além do aumento do nível do mar, a perda de geleiras aumentará o colapso de lagos de gelo que devastam comunidades rio abaixo e a perda de ecossistemas selvagens, enquanto as regiões que dependem do turismo glacial também sofrerão, ressalta reportagem do jornal The Guardian.
“Nosso estudo deixa dolorosamente claro que cada fração de grau importa”, disse ao diário britaâno o dr. Harry Zekollari, da Vrije Universiteit Brussel, na Bélgica, que coliderou a pesquisa. “As escolhas que fizermos hoje repercutirão por séculos, determinando o quanto de nossas geleiras poderá ser preservado.”
Um diferencial deste estudo é ter considerado múltiplos modelos de geleiras para examinar seu destino bem além do final do século. Já se sabia que cerca de 20% das geleiras estariam fadadas a derreter até 2100, mas a visão de longo prazo revelou que a perda total mínima de geleiras pode alcançar 39%.
A proporção de geleiras condenadas varia amplamente ao redor do mundo, observam os pesquisadores, com 80% das geleiras na parte sul do Ártico canadense já destinadas ao derretimento, enquanto apenas 5% das geleiras na parte ocidental da cadeia montanhosa Hindu Kush-Karakoram-Himalaia sendo atingidas.
Já com um aquecimento global de 2,7°C, 12 das 19 principais regiões geladas do mundo devem perder pelo menos 80% de suas geleiras, da Europa Central à cadeia oriental do Himalaia. As geleiras desapareceriam do Ártico russo, nos Estados Unidos e na Islândia.
As geleiras podem parecer remotas, afirmou Zekollari, mas sua ausência atingirá a todos, inclusive no bolso. “Tudo está conectado. Se você dirige seu carro no Reino Unido, está emitindo gases de efeito estufa, e isso ajuda a derreter uma geleira a talvez 10.000 km de distância”, disse o cientista ao Guardian. “Os oceanos sobem, então será necessário melhorar as defesas costeiras, o que custará muito dinheiro aos contribuintes.”
Fonte: Um Só Planeta