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Amoroso, preocupado com a família, trabalhador e amante da vida noturna. É assim que Vera Lúcia Braga define o filho Paulo Roberto Carvalho Braga Pena Filho, de 34 anos, encontrado morto em Ribeirão Preto (SP) no sábado (30). Ele havia viajado dos EUA, onde morava, para passar as festas de fim de ano com os pais no interior de São Paulo.
“Ele veio passar o Réveillon comigo porque não queria me deixar sozinha. Ele mora na Califórnia e era o primeiro ano que eu e meu marido íamos ficar sem os dois [Paulo e a irmã], porque ela também mora lá. Eu falei ‘filho, não vem, é perigoso, é muito longe’. Eu sei que ele gosta de sair à noite. Eu falei ‘o Brasil não está dando’. Mas ele falou: ‘eu vou’.”
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Segundo a Polícia Civil, Paulo Roberto foi vítima de latrocínio, que é roubo seguido de morte, enquanto estava em um encontro marcado por meio de um aplicativo.
Dedicado, família e animado
Vera afirma que o filho saiu de casa muito jovem, aos 18 anos, quando foi aprovado no vestibular do curso de engenharia química da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar), a 103 quilômetros de Ribeirão Preto.
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Após concluir a faculdade, conseguiu um emprego em uma multinacional em São José dos Campos (SP). Em outubro de 2022, foi transferido para a sede da empresa nos EUA. Atualmente, Paulo Roberto morava em San Diego, na Califórnia, e tinha um cachorro a quem tinha como filho.
A mãe diz que o rapaz sempre gostou de estar com amigos e de sair à noite. Desde que chegou a Ribeirão Preto no dia 19 de dezembro para as festas de fim de ano, marcou várias saídas com a turma para se divertir pela cidade.
“Ele gosta muito daqui porque aonde ele morava não tem vida noturna. Nos EUA, à meia noite acaba tudo dependendo da cidade, não pode beber na rua. Então ele estava com saudade da vida ativa que ele tinha aqui. Ele tinha muito amigos que também vieram de outras cidades para passear aqui. Eles estavam saindo quase toda noite, duas, três horas da manhã chegando em casa, sem problema nenhum.”
Segundo Ana Paula Braga, que chegou a Ribeirão Preto neste domingo (31) para acompanhar a investigação, o irmão tinha uma carreira bem sucedida como engenheiro nos EUA. Como estava ganhando bem, planejava comprar uma casa. Em 2024, finalizaria o green card, que é o documento de residência permanente concedido pelo governo americano a estrangeiros.
“Ele estava muito bem. A empresa em que ele trabalha dá muito suporte. Ele estava com eles há mais de dez anos.”
Apesar da vida lá fora, Paulo Roberto dizia, segundo a mãe, que tinha o sonho de voltar a viver no Brasil por causa dos pais.
“Ele tinha muita dó de eu ter ficado aqui sozinha com meu marido. ‘Mãe, eu estou ganhando muito bem, o que eu estou ganhando aqui eu nem consigo gastar. E eu estou guardando dinheiro para quando eu voltar para o Brasil, eu voltar bem para o Brasil. Eu quero voltar ao Brasil, eu não quero ficar aqui”, dizia.
Com a morte , a família está tentando localizar nos EUA a pessoa que ficou cuidando do cachorro dele enquanto estava no Brasil.
“A gente está tentando localizar o cachorrinho dele. A gente não tem o contato da pessoa que está cuidando. Essa é a próxima coisa que vamos fazer. Esse cachorro era um filho para ele. Ele fazia vídeo do cachorro. Dizia ‘fala com a vovó’”, diz Vera.
Investigação
Paulo Roberto desapareceu na quinta-feira (28) após sair de casa para encontrar amigos, segundo a família. A mãe procurou a Polícia Civil na sexta-feira (29) depois que o filho não voltou para casa e a irmã dele recebeu uma mensagem de um desconhecido afirmando que havia encontrado o celular do rapaz.
Na noite de sábado (30), durante diligências para localizá-lo, a Polícia Civil chegou a um sobrado na Rua Eduardo Prado, na Vila Amélia, zona Norte de Ribeirão Preto.
Moradores de outro apartamento mostraram um quadro de chaves perto da escada. Ao abrirem um dos imóveis, os policiais encontraram o rapaz sem vida. O celular dele não foi achado.
Segundo relato de testemunhas à polícia, parte dos apartamentos é alugada a garotos e garotas de programa. Os donos moram no Rio de Janeiro (RJ) e o aluguel é feito diretamente com eles, com pagamento antecipado.
O corpo de Paulo Roberto tinha sinais de violência e foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) para identificação da causa da morte.
A Polícia Civil suspeita que Paulo Roberto tenha sido atraído para uma emboscada por meio de um aplicativo popular usado para marcar encontros. Nenhum suspeito foi identificado até o momento.
Paulo Roberto foi enterrado na manhã desta segunda-feira (1º) no Cemitério Bom Pastor em Ribeirão Preto.
Fonte: G1