25 abril, 2024

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Brasil, Uruguai e Paraguai enfrentam Argentina em tensa cúpula do Mercosul

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Brasil, Uruguai e Paraguai enfrentaram a Argentina nesta sexta-feira (26) para negociar acordos comerciais, durante uma tensa cúpula de presidentes do Mercosul, organizada em Buenos Aires para marcar o 30º aniversário do bloco.

A tensão nas discussões entre os presidentes foi tanta que no encerramento da cúpula, o argentino Alberto Fernández, vendo-se sozinho, respondeu, irritado, aos seus parceiros: “Se nos tornamos uma carga, lamento, a verdade é que não queremos ser peso para ninguém”.

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“Uma carga é algo que faz com que nos atirem de um barco e o mais fácil é descer do barco se essa carga pesa. Vamos acabar com essas ideias que ajudam tão pouco a unidade. Não queremos ser fardo para ninguém, se somos fardo, que peguem outro barco”, disse durante a cúpula celebrada virtualmente pela pandemia de covid-19.

Fernández reagiu depois de o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro; o do Uruguai, Luis Lacalle Pou; e o do Paraguai, Miguel Abdo Benítez, pedirem para “flexibilizar” a normativa do bloco para poder negociar acordos com países terceiros sem pedir a autorização dos demais sócios – o que Uruguai e Paraguai propõem há mais de uma década -, assim como revisar a tarifa alfandegária comum.

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“Não acreditamos que a redução linear da tarifa externa seja o melhor instrumento. A Argentina propõe preservar o equilíbrio entre os setores agrícola e industrial, com justiça social, em um contexto de absoluta incerteza global”, lançou Fernández, que preside o Mercosul por seis meses.

Bolsonaro, porém, foi contundente: “O Brasil quer contar com o apoio (de seus parceiros) para continuar ampliando a rede de negociações comerciais internacionais, com as atualizações da tarifa externa. Precisamos atrair investimentos. Superar com urgência os grandes danos causados pela pandemia”.

Coincidindo com uma política de maior abertura, Lacalle Pou afirmou: “Não estamos satisfeitos. Concordamos em revisar a tarifa. Temos que avançar nas negociações com outros blocos. O acordo com o bloco europeu está em andamento há muito tempo. Devemos ser honestos nesse processo. Propomos que seja com uma flexibilização” nas negociações externas.

A tensão ficou evidente quando Lacalle Pou disse que o Mercosul “não pode ser um fardo” ou “um espartilho” que impede o avanço comercial de seu país.

Na mesma linha, Abdo disse: “As negociações externas que sejam conjuntas e coordenadas, mas que não sejam uma barreira ao nosso desenvolvimento. Que as ideologias não contaminem. A pandemia prejudica nosso crescimento e nosso fornecimento de vacinas é insignificante”.

Após os discursos presidenciais, o chanceler argentino, Felipe Solá, admitiu que “os acordos com terceiros países vão ser discutidos na mesa” do bloco.

“Pensamos que a tarifa externa comum deve ser reduzida se for uma proposta que convém a todos nós”, explicou Solá, que se manifestou contra qualquer decisão “precipitada” sobre isso.

Trinta anos de luzes e várias sombras

Trinta anos após sua criação, vários obstáculos dificultam as negociações com a União Europeia, bloco com o qual o Mercosul negocia um acordo comercial há duas décadas e ainda pendente de aprovação parlamentar.

Em três décadas, o Mercosul teve avanços e reveses, sem conseguir traçar uma união alfandegária perfeita, com uma tarifa alfandegária externa perfurada por exceções e assimetrias que prejudicam as economias menores do Uruguai e do Paraguai.

Também há mudanças radicais como a relação com a China, que representava apenas 3% das vendas externas do bloco. Agora quase um em cada quatro dólares exportados vão para a China, que se tornou a primeira origem das importações do Mercosul, desbancando os Estados Unidos, segundo a consultoria Abeceb.com.

Assim, longe daquele Tratado de Assunção de 1991, que fundou o bloco, o modelo de integração volta a ser discutido.

“Uma importante redução da Tarifa Alfandegária Externa Comum e uma flexibilização na negociação com países terceiros o direcionam a uma simples zona de livre comércio”, disse Fernando Masi, analista da ‘Mercosur abc’.

“Mais uma vez se observou que não há consensos mínimos no bloco, não há coesão e, se não houver reação, se aproxima uma ruptura definitiva”, avaliou à AFP, por sua vez, o diretor do Instituto de Negociações Internacionais da Universidade Católica do Uruguai, Ignacio Bartesaghi.

A Argentina “propõe continuar aprofundando a união alfandegária e alcançar um mercado comum, o que hoje é quase ficção científica”, considerou este especialista em Mercosul, para quem “o bloco comemora seus 30 anos em uma crise profunda e se não reagir e se flexibilizar logo, corre o risco de se quebrar ou passar à eterna irrelevância”.

Fonte: Yahoo!

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