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O Brasil fechou 2024 como quarto maior mercado global em instalação de energia renovável, uma das soluções em curso para tentar frear o aquecimento global, aponta relatório da Irena (Agência Internacional para as Energias Renováveis) divulgado nesta terça-feira (22). China, Estados Unidos (EUA) e União Europeia lideraram em número de novos empreendimentos.
O mercado brasileiro oferece os custos mais baixos do mundo, segundo o documento, com energia eólica onshore (usinas em terra firme) a US$ 30/MWh (R$ 168/MWh), um patamar semelhante ao da China, e solar fotovoltaica a US$ 48/MWh (R$ 268/MWh).
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O documento afirma ainda que 91% dos novos projetos renováveis do ano passado foram mais baratos do que obras equivalentes para a fabricação de combustíveis fósseis, o que manteve a vantagem de preço de empreendimentos voltados à energia limpa, com reduções de custo impulsionadas pelo crescimento na produção apoiado em inovações tecnológicas.

“Em 2024, a energia solar fotovoltaica (PV) foi, em média, 41% mais barata do que a alternativa fóssil de menor custo, enquanto os projetos de energia eólica onshore foram 53% mais baratos. A energia eólica onshore permaneceu como a fonte mais acessível de nova eletricidade renovável, a US$ 0,034/kWh [R$ 0,19/kWh], seguida pela solar fotovoltaica a US$ 0,043/kWh [R$ 0,34/kWh]”, destaca a Irena em nota.
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Embora as usinas hidrelétricas forneçam mais de 50% da eletricidade nacional, o crescimento acelerado da solar e da eólica indica um processo de diversificação robusto. Esse avanço tem sido sustentado por esquemas estáveis de contratação, como leilões públicos com PPAs (contratos de compra) indexados, que reduzem riscos financeiros e impulsionam o acesso a capital, avalia a agência.
Pesquisas apontam que no Brasil a geração de energia eólica, que deve ganhar espaço também em instalações em alto mar, será o fator estratégico mais importante para manter a segurança energética do país em meio à mudança climática, que impacta cada vez mais a disponibilidade de água para as hidrelétricas.
“As fontes renováveis não são apenas competitivas em custo frente aos combustíveis fósseis, mas também oferecem vantagens por limitar a dependência de mercados internacionais de combustíveis e melhorar a segurança energética. A viabilidade econômica das renováveis é hoje mais forte do que nunca”, observa a Irena.
No caso do Brasil, a flexibilidade da rede e os sistemas de armazenamento (baterias), que vivem um momento inicial, “serão cruciais para sustentar a expansão das renováveis variáveis”, destaca o relatório. Estruturas regulatórias, com mecanismos de contratação confiáveis e ambientes de investimento previsíveis são considerados peças-chave para atrair investimento internacional.
“A competitividade de custo das renováveis é uma realidade atual. Considerando todas as fontes renováveis atualmente em operação, os custos evitados com combustíveis fósseis em 2024 chegaram a até US$ 467 bilhões”, afirma o diretor-geral da Irena, Francesco La Camera.
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O executivo alerta, porém, que tensões geopolíticas tendem a afetar este quadro. La Camera menciona inclusive tarifas comerciais, como o recente caso imposto pelos EUA ao Brasil e outros países do bloco BRICS, e restrições no fornecimento de materiais como ameaças que podem desacelerar o ritmo e elevar os custos da transição energética.
Segundo análise da Irena, custos mais altos devem persistir na Europa e América do Norte, impulsionados por desafios estruturais como atrasos em licenciamento, capacidade limitada da rede e “maiores despesas de equilíbrio do sistema”. Em contraste, regiões como Ásia, África e América do Sul, com altas taxas de aprendizado e grande potencial renovável, podem experimentar quedas acentuadas nos custos, uma vantagem competitiva importante.
A agência alerta, porém, sobre custos de integração das usinas aos sistemas nacionais de energia, um desafio que limita a implantação de renováveis. “Cada vez mais, projetos de vento e solar enfrentam atrasos devido a gargalos de conexão à rede, licenciamento lento e cadeias de suprimento locais onerosas. Isso é especialmente agudo nos países do G20 e em mercados emergentes, onde o investimento em redes precisa acompanhar a crescente demanda elétrica e a expansão das renováveis.”
Fonte: Um Só Planeta