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Professores, servidores técnico-administrativos e alunos da Universidade Estadual Paulista (Unesp) entraram em greve por tempo indeterminado. A paralisação em diversos câmpus, incluindo o de Botucatu, teve início na segunda-feira, 28, e é uma resposta da categoria ao reajuste de 1,5% oferecido pelo reitor Sandro Roberto Valentini.
O movimento grevista foi definido após diversas assembleias de servidores técnico-administrativos pelo Estado. Botucatu foi uma das unidades que aderiu à paralisação por tempo indeterminado. Também pararam as atividades os campus de Araraquara, Bauru, Franca, Jaboticabal, Marília, Assis, Presidente Prudente, Instituto de Artes e Rio Preto.
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Reunidos na manhã desta segunda-feira, mais de 50 servidores e alunos analisaram novamente a proposta de reajuste, o que consideraram insuficiente para suprir as perdas salariais. “Mesmo com a ameaça de corte de ponto dos servidores, a adesão é a esperada pelo sindicato, tendo em vista o descontentamento frente ao valor proposto e, principalmente, o não pagamento dos aumentos anteriores”, salienta Rosana Bicudo, representante do Sindicato dos Trabalhadores da Unesp (Sintunesp), em Botucatu.
O valor de 1,5% de reajuste salarial foi proposto no dia 17, sendo avaliado como insuficiente pelos servidores. Seria necessário, conforme estimativa da entidade, aumento superior a 16% para o alinhamento nos vencimentos comparativamente com os funcionários das outras duas universidades públicas estaduais. Em 2017 não houve reajuste salarial, e o pagamento do décimo terceiro salário para os servidores regidos no sistema autárquico só ocorreu por causa de intensa negociação e ordem judicial.
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Entre as reivindicações da categoria ainda estão a falta de reposição e a alta terceirização dos servidores – há três anos a Unesp não abre vagas em concurso, segundo o Sintunesp. A mobilização conta com apoio dos alunos, que reivindicam, ainda, melhoria no amparo e custeio da permanência estudantil, além de investimentos na educação.
A reitoria da Unesp salienta que o valor de 1,5% de reajuste foi definido após negociação com o Cruesp (Conselho de Reitores das Universidades Públicas de São Paulo). Conforme comunicado disponibilizado pela administração, este percentual impactará em R$ 21 milhões o orçamento previsto para este ano. Culpa, ainda, o desequilíbrio financeiro pelo qual a universidade atravessa. Salienta que o índice proposto eleva ainda mais o “nível de comprometimento do orçamento com despesas com pessoal”.
Outro ponto de queixa dos grevistas é quanto à inexistência de reajuste estimado em 3% definido pelo Cruesp em 2016 e que ainda não foi implantada pela Unesp. A reitoria ressalta, na nota oficial, que “reafirma o compromisso em conceder, tão logo as condições orçamentárias e financeiras permitam”.
Desconto dos dias parados
A reitoria da Unesp também teria determinado, em comunicado interno destinado às chefias de setor e unidades administrativas, o desconto dos dias parados no pagamento dos grevistas. A decisão motivou repúdio das entidades representativas de professores e servidores técnico-administrativos.
Também por meio de comunicado oficial, a Associação dos Docentes da Unesp (Adunesp) reforça que o corte do ponto é considerado como “mais uma tentativa de intimidação ao movimento dos servidores docentes e técnico-administrativos”, e frisa que a medida “se insere na lógica do tratamento que essa Reitoria tem dado à comunidade e à nossa Universidade”.
Rosana salienta que a medida de cortar o ponto vai contra o que prevê a legislação trabalhista. Isso porque a reitoria foi comunicada previamente do início da greve. “O comunicado enviado pela reitoria é uma tentativa de se jogar um balde de água fria no movimento”, ressalta.
Sobre o corte de ponto dos funcionários, a reitoria não se manifestou oficialmente.
Fonte: Jornal Leia Notícias Por Flávio Fogueral