18 de novembro, 2024

Últimas:

Botucatu realizou ato em repúdio ao feminicídio e morte de vereadora carioca

Anúncios

Mulheres, coletivos femi­nistas, movimentos sociais e populares fizeram nesta quinta-feira, 15, ato con­tra a violência de gênero e em repúdio ao feminicídio praticado contra a verea­dora fluminense Marielle Franco, do Partido Socia­lismo e Liberdade (PSOL). A parlamentar foi morta após diversos tiros serem disparados contra seu car­ro, na região central do Rio de Janeiro.

O protesto ocorreu no final da tarde, com mani­festantes reunidos na Pra­ça Rubião Júnior (em fren­te à Catedral de Botucatu), onde foram promovidos debates quanto a violência de gênero, repressão do Estado e a discriminação étnica-social. O chão da praça recebeu desenhos com silhuetas de pessoas mortas. Segundo os orga­nizadores, a mobilização externou a perplexidade não só contra o assassina­to da parlamentar, mas a generalização de crimes hediondos. “Este ato de­nuncia também a violên­cia de gênero e a violên­cia contra jovens negros e pessoas empobrecidas. Vamos, com isso, denun­ciar as perdas dos direitos a falta de democracia em nosso país”, salientou Be­atriz Stamato, do Instituto Giramundo, e uma das or­ganizadoras da manifesta­ção. “O assassinato cruel de Marielle representa tudo que precisamos com­bater. É violência de gêne­ro, de raça e perseguição política”, completou.

Anúncios

Daniel de Carvalho, presidente do Diretório Municipal do PSOL de Bo­tucatu, esteve com Mariel­le em três eventos sobre representação feminina na política e nos debates de igualdade de gênero. O dirigente partidário classi­fica como barbárie a exe­cução da vereadora e seu motorista.

“O que aconteceu foi um absurdo, uma tragé­dia. Ela era uma pessoa única. Como militante e presidente do PSOL te­nho orgulho de ter sido da mesma geração e a conhe­cido. Era difícil não admi­rar toda a trajetória: ser mulher, negra, da favela, lésbica. Saber da sua luta pela igualdade. É mais uma barbárie, não só contra li­deranças de quem quer fazer o Brasil um lugar me­lhor, mas contra a mulher”, afirmou Carvalho.

Anúncios

O crime contra Mariel­le ocorreu por volta das 21h30 de quarta-feira, 14, na região central do Rio de Janeiro. Bandidos em um carro emparelharam ao lado do veículo onde esta­va a vereadora e dispara­ram. Marielle foi atingida com pelo menos quatro tiros na cabeça. A perícia encontrou nove cápsulas de tiros no local. Os crimi­nosos fugiram sem levar nada.

Além da vereadora, morreu o motorista do carro, e uma assessora, que a acompanhava, so­freu ferimentos em de­corrência dos estilhaços. A polícia trabalha com a hipótese de execução.

Marielle tinha 38 anos e se apresentava como “cria da Maré”. Ela foi a quinta vereadora mais votada do Rio nas eleições de 2016, com 46.502 votos em sua primeira disputa eleitoral. Socióloga formada pela PUC-Rio e mestra em Ad­ministração Pública pela Universidade Federal Flu­minense (UFF), teve dis­sertação de mestrado com o tema “UPP: a redução da favela a três letras”. Tra­balhou em organizações da sociedade civil como a Brasil Foundation e o Cen­tro de Ações Solidárias da Maré (Ceasm). Coordenou a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cida­dania da Assembleia Le­gislativa do Rio de Janeiro (Alerj), ao lado de Marcelo Freixo.

Brasil tem uma das mais altas taxas de feminicídio do mundo

Segundo estatística da Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de assassinatos chega a 4,8 para cada 100 mil mulhe­res. Os números colocam o Brasil como o quinto país com mais incidência deste tipo de crime de gênero.

O Mapa da Violência de 2015 aponta que, entre 1980 e 2013, 106.093 pessoas morreram por sua condição de ser mu­lher. As mulheres negras são ainda mais violenta­das. Apenas entre 2003 e 2013, houve aumento de 54% no registro de mor­tes, passando de 1.864 para 2.875 nesse período. Muitas vezes, são os pró­prios familiares (50,3%) ou parceiros/ex-parceiros (33,2%) os que cometem os assassinatos.

Com a Lei 13.140, apro­vada em 2015, o femini­cídio passou a constar no Código Penal como cir­cunstância qualificadora do crime de homicídio. A regra também incluiu os assassinatos motivados pela condição de gênero da vítima no rol dos crimes hediondos, o que aumenta a pena de um terço (1/3) até a metade da imputa­da ao autor do crime. Para definir a motivação, consi­dera-se que o crime deve envolver violência domés­tica e familiar e menospre­zo ou discriminação à con­dição de mulher.

Fonte: Flávio Fogueral / Jornal Leia Notícias – Foto Daniel Carvalho

Talvez te interesse

Últimas

Anúncios Uma operação policial conduzida pela equipe II do Grupo de Investigação em Área Rural (GIAR) resultou em um desfecho...

Categorias